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segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Controle de qualidade de textos traduzidos ou vertidos

Embora a tradução seja uma atividade subjetiva, isso não implica que ela não possa ser avaliada de maneira objetiva. 

Quando falamos de qualidade de uma tradução, referimo-nos à aplicação de um conjunto de parâmetros que permita entregar um texto livre de erros. Em se tratando de tradução, levam-se em conta critérios como precisão (correspondência biunívoca entre o vocábulos e o conceito que se deseja expressar), correção gramatical (observância das normas gramaticais da língua para a qual se traduz), estilo (em matéria de tradução, refere-se geralmente à observância da padronização prescrita por um guia de estilo), terminologia (uso de terminologia especializada na área de conhecimento, uso de fontes consagradas, consistência e uniformidade), entre outros.

Para garantir a qualidade de uma tradução, as agências de tradução contam com procedimentos de controle de qualidade, em que o texto traduzido passa por uma revisão que avalia aspectos como a correção gramatical, a adequação vocabular, a coesão e a coerência, a padronização de estilo e terminológica, formatação, na verdade o controle de qualidade deve começar já no recebimento do texto original.

Para dar uma ideia mais precisa dos parâmetros adotados ao avaliar a qualidade de uma tradução, compilei aqui os critérios adotados por órgãos públicos como o Conselho da Justiça Federal, o Tribunal de Contas da União, entre outros, para o credenciamento de tradutores ou ainda para a contratação de serviços de tradução/versão por empresas públicas mediante pregão ou licitação.  

Cada  texto  traduzido  recebe  o  conceito  “satisfatório”  ou  “não satisfatório”. 

É considerado "não satisfatório" quando inclui, em qualquer de suas laudas: 

  1. Quatro ou mais erros básicos; ou 
  2. Dois erros básicos e mais de cinco erros complementares; ou 
  3. Nenhum básico e oito ou mais erros complementares. 


É  considerado  "satisfatório"  quando  o  número  de  erros  é  inferior  aos  limites acima. 

São considerados erros básicos

  • Erro de conjugação verbal; 
  • Erro de regência verbal
  • Erro de concordância verbal; 
  • Erro no uso de pronomes; 
  • Uso de falsos cognatos (falsos amigos); 
  • Uso de palavra e/ou expressão e/ou estrutura gramatical inexistente  na  norma culta  de  acordo  com  a  literatura  especializada  (isto é,  dicionários,  gramáticas  e obras de uso de língua  reconhecidas pelas  instituições  pertinentes,  como:  Real  Academia  Espanhola,  Academia  Brasileira de Letras, Oxford English Dictionary); 
  • Erro de ortografia; 
  • Falta  de  clareza  na  frase  ou ambiguidade  (se  o sentido estiver  claro  no  texto original, mas ambíguo na tradução ou versão, isso constituirá  um erro); 
  • Tradução excessivamente literal  (palavra por palavra) ou aquela que  não respeite a estrutura gramatical; 
  • Tradução ou versão comprovadamente retirada de alguma ferramenta  de tradução da internet (exemplo:  fragmento de texto com tradução  do  Google Translator); 
  • Uso  de  palavra  e/ou  frase  de  sentido  diferente  da  usada  no  texto  original; 
  • Erro de sintaxe (a ordem das palavras e outros elementos de uma frase  devem respeitar  as  regras  gramaticais  da  língua  para  a  qual  se  está  traduzindo); 
  • Falta  de  tradução  ou  versão  de  parte  substancial  do  texto  original,  títulos, frases; 
  • Escolha incorreta de conjunções. 


São considerados erros complementares

  • Erro de pontuação; 
  • Erro de combinação de palavras (erro de “colocações”); 
  • Erro no uso de preposições ou omissão de preposição; 
  • Erro no uso de artigos ou omissão de artigo; 
  • Escolha de classe morfológica incorreta entre um grupo de palavras de  mesma raiz  (a  raiz  da  palavra está correta, mas  a  classe morfológica  escolhida  está errada, isto é, “safe” no lugar de “safety” ou “economy”  no lugar de “economic”); 
  • Erro no uso de maiúsculas e/ou minúsculas; 
  • Adição de  texto  e/ou  palavras  não  claramente  incluídos  no  original  nos  casos em que isso não seja necessário para transmissão da ideia  original; 
  • Uso de termo inadequado no contexto, de acordo com as convenções da língua alvo. 

2 comentários:

  1. Oi Diana, boa noite! Parabéns pelo blog! Gostei muito desse post. Você poderia me dizer as referências que você usou? Queria me aprofundar mais sobre esse assunto.
    Desde já, agradeço!!

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  2. Olá, Anna, tudo bem? Obrigada pelas palavras de incentivo! Para escrever este texto, baseei-me nos parâmetros exigidos pelos órgãos públicos para o credenciamento de tradutores. Outro livro muito bom que aborda o assunto da qualidade, embora esteja mais voltado para a tradução literária, é "A tradução literária", do tradutor Paulo Henriques Britto, com cuja postura concordo.
    Um abraço!

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