Embora a tradução seja uma atividade subjetiva, isso não
implica que ela não possa ser avaliada de maneira objetiva.
Quando falamos de qualidade
de uma tradução, referimo-nos à aplicação de um conjunto de parâmetros que
permita entregar um texto livre de erros. Em se tratando de tradução, levam-se
em conta critérios como precisão (correspondência biunívoca entre o vocábulos e
o conceito que se deseja expressar), correção gramatical (observância das
normas gramaticais da língua para a qual se traduz), estilo (em matéria de tradução,
refere-se geralmente à observância da padronização prescrita por um guia de
estilo), terminologia (uso de terminologia especializada na área de
conhecimento, uso de fontes consagradas, consistência e uniformidade), entre
outros.
Para garantir a qualidade de uma tradução, as agências de tradução contam com procedimentos de controle de qualidade, em que o texto traduzido passa por uma revisão que avalia aspectos como a correção gramatical, a adequação vocabular, a coesão e a coerência, a padronização de estilo e terminológica, formatação, na verdade o controle de qualidade deve começar já no recebimento do texto original.
Para dar uma ideia mais precisa dos parâmetros adotados ao
avaliar a qualidade de uma tradução, compilei aqui os critérios adotados
por órgãos públicos como o Conselho da Justiça Federal, o Tribunal de Contas da
União, entre outros, para o credenciamento de tradutores ou ainda para a
contratação de serviços de tradução/versão por empresas públicas mediante
pregão ou licitação.
Cada texto traduzido recebe o
conceito “satisfatório” ou “não satisfatório”.
É considerado "não satisfatório" quando
inclui, em qualquer de suas laudas:
- Quatro ou mais erros básicos; ou
- Dois erros básicos e mais de cinco erros complementares; ou
- Nenhum básico e oito ou mais erros complementares.
É considerado "satisfatório" quando
o número de erros é inferior aos
limites acima.
São considerados erros básicos:
- Erro de conjugação verbal;
- Erro de regência verbal;
- Erro de concordância verbal;
- Erro no uso de pronomes;
- Uso de falsos cognatos (falsos amigos);
- Uso de palavra e/ou expressão e/ou estrutura gramatical inexistente na norma culta de acordo com a literatura especializada (isto é, dicionários, gramáticas e obras de uso de língua reconhecidas pelas instituições pertinentes, como: Real Academia Espanhola, Academia Brasileira de Letras, Oxford English Dictionary);
- Erro de ortografia;
- Falta de clareza na frase ou ambiguidade (se o sentido estiver claro no texto original, mas ambíguo na tradução ou versão, isso constituirá um erro);
- Tradução excessivamente literal (palavra por palavra) ou aquela que não respeite a estrutura gramatical;
- Tradução ou versão comprovadamente retirada de alguma ferramenta de tradução da internet (exemplo: fragmento de texto com tradução do Google Translator);
- Uso de palavra e/ou frase de sentido diferente da usada no texto original;
- Erro de sintaxe (a ordem das palavras e outros elementos de uma frase devem respeitar as regras gramaticais da língua para a qual se está traduzindo);
- Falta de tradução ou versão de parte substancial do texto original, títulos, frases;
- Escolha incorreta de conjunções.
São considerados erros complementares:
- Erro de pontuação;
- Erro de combinação de palavras (erro de “colocações”);
- Erro no uso de preposições ou omissão de preposição;
- Erro no uso de artigos ou omissão de artigo;
- Escolha de classe morfológica incorreta entre um grupo de palavras de mesma raiz (a raiz da palavra está correta, mas a classe morfológica escolhida está errada, isto é, “safe” no lugar de “safety” ou “economy” no lugar de “economic”);
- Erro no uso de maiúsculas e/ou minúsculas;
- Adição de texto e/ou palavras não claramente incluídos no original nos casos em que isso não seja necessário para transmissão da ideia original;
- Uso de termo inadequado no contexto, de acordo com as convenções da língua alvo.
Oi Diana, boa noite! Parabéns pelo blog! Gostei muito desse post. Você poderia me dizer as referências que você usou? Queria me aprofundar mais sobre esse assunto.
ResponderExcluirDesde já, agradeço!!
Olá, Anna, tudo bem? Obrigada pelas palavras de incentivo! Para escrever este texto, baseei-me nos parâmetros exigidos pelos órgãos públicos para o credenciamento de tradutores. Outro livro muito bom que aborda o assunto da qualidade, embora esteja mais voltado para a tradução literária, é "A tradução literária", do tradutor Paulo Henriques Britto, com cuja postura concordo.
ResponderExcluirUm abraço!