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Em informática, uma string é uma sequência de caracteres
utilizada para a representação dos textos que aparecem ao usuário na interface
gráfica exibida na tela, isto é, botões, menus, campos, ajuda, dicas, mensagens
de erro, etc.
A tradução dos textos
de interfaces gráficas, tais como softwares,
sites e jogos, faz parte do processo
de localização, isto é, da adaptação do produto a determinado mercado e, ao
contrário do que possa parecer, é uma tarefa bastante complexa, quando não um
verdadeiro pesadelo. Idealmente o tradutor deveria receber um treinamento no software que vai traduzir para entender
seu funcionamento, mas, na prática, ele recebe uma lista de termos e frases
fora de contexto e, na maioria das vezes, não tem acesso à interface nem a
documentação de apoio, como manual, guia de estilo ou glossário, que possa
ajudá-lo a fazer um bom trabalho.
A tradução das strings da interface do usuário pode ser
executada com o auxílio de uma ferramenta de localização, como, por exemplo, o
Poedit. Nesse caso, o tradutor receberá um arquivo com extensão “.po”. Para
traduzi-lo, ele deverá baixar o programa Poedit. As ferramentas de localização
de software funcionam da mesma forma que as de tradução, só que as regras de
segmentação se aplicam às strings da
interface em lugar de se aplicarem às frases. Está é a aparência do programa
aberto com um .po:
Clique na imagem para aumentá-la |
Na lista principal aparece tudo o que precisa ser traduzido, na coluna da esquerda o texto fonte; e na da direita, o texto meta. Na parte inferior, em "Texto fonte" aparece o original, que você deverá traduzir logo abaixo, na caixa "Tradução", basta digitar a tradução.
Atenção aos símbolos próprios como caracteres especiais para quebras de linha, ou para representar partes que entram automaticamente na frase e que não devem ser alteradas. Por exemplo, algo como:
A conta %s não existe.
Deverá ser traduzido como:
La cuenta %s no existe.
Neste caso, esse %s deve ser mantido, pois quando a string aparecer na tela do aplicativo, o símbolo será substituído pelo nome da conta.
Quando não se dispõe
de ferramenta de localização, o tradutor poderá receber um arquivo com strings em formato “chave=valor”. A
chave, localizada à esquerda do sinal de igual ou dos dois pontos, é um texto
invariável que representa os nomes dos atributos; e os valores, localizados à
esquerda, são a parte variável que deverá ser traduzida e correspondem ao texto
que será exibido na tela.
O formato da string geralmente segue o paradigma
“chave=valor”, como mostram os seguintes exemplos:
copiaServico.erroAcessoBanco=Falha
no acesso ao banco de dados.
“field.ItemDesc”:”Descrição
do item”
Outro formato de
arquivo que o tradutor pode receber é uma planilha, que geralmente apresenta as
colunas: atributo, idioma de origem e idioma de destino, ou outras variações.
A seguir, relacionamos
os principais problemas encontrados ao traduzir strings:
1) O tamanho
que a mensagem traduzida vai ocupar na interface de usuário. Ocasionalmente o
tradutor deverá levar em conta o número de caracteres, já que muitas vezes o
texto será exibido num espaço restrito, como, por exemplo, um botão, o que
exige certa criatividade do tradutor.
2) As
diferenças culturais e os jargões especializados. É comum encontrar
neologismos, como deletar, linkar, logar, setar; ou ainda, expressões
metafóricas, como, por exemplo, handshaking,
literalmente “aperto de mãos”, que remete ao fechamento de um acordo, mas que
na informática é usado para indicar a “troca de sinais que autoriza a
comunicação entre dois dispositivos”.
3) As palavras
e frases fora de contexto constituem um dos principais desafios, principalmente
quando uma única palavra tem vários significados. Em ocasiões é simplesmente
impossível saber a que se refere uma palavra isolada. Tomemos como exemplo a
palavra “ordem”. Fora de contexto, não dá para saber se se trata de disposição
(organização, fileira), de imposição (regulamento), de determinação (ordem
legal); de documento (ordem de serviço, ordem de compra), de classe
profissional (ordem dos advogados), de estado pacífico (manter a ordem), etc.
4) Geralmente
os tradutores não têm acesso à interface gráfica nem a material de apoio ou ao
desenvolvedor do software, o que dificulta consideravelmente seu trabalho,
pois, como foi dito anteriormente, o ideal seria que o tradutor pudesse acessar
e testar a interface para entender como ela funciona. O material de apoio, como
guia de estilo, manual de usuário e glossário, também é importante para
garantir a consistência terminológica e o estilo.
Deixo aqui meu agradecimento à colaboração de Bruno Fontes.