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quarta-feira, 7 de março de 2018

Gramática contrastiva: vírgula e aposto de epíteto


Como os assuntos do blog se baseiam nas minhas observações linguísticas do dia a dia, recentemente, ao ler o livro Isabel la Católica do historiador Manuel Fernández Álvarez, chamou minha atenção o fato de que, diferentemente do português, em espanhol, não se separa com vírgula o nome do epíteto. 

No entanto, observei que em outras construções semelhantes em espanhol, usava-se sim a vírgula; como, por exemplo, em Diego Armando Maradona, el Pelusa, nació en Lanús, el 29 de octubre de 1960.

Fui consultar meus livros e encontrei as explicações para tais particularidades.

Primeiro. De acordo com o tradutor e gramático Carlos Nougué, em sua Suma Gramatical (página 457), somente em português é obrigatório o uso da vírgula entre o nome e o aposto individualizador, que chamamos de aposto de epíteto. Assim, Ivã, o Terrível em português é Ivan el Terrible em espanhol; Ivan le Terrible em francês, Iván o Terrible em galego; Ivan il Terribile em italiano; Ivan the Terrible em inglês; Iwan der Schreckliche em alemão, etc.    

Em português, o epíteto se escreve entre vírgulas em frases como: Isabel, a Católica, patrocinou as viagens de descobrimento realizadas por Cristóvão Colombo.

Segundo. De acordo com a Ortografía de la lengua española da Real Academia Espanhola, os apodos, as designações antonomásticas ou os pseudônimos que podem substituir o nome verdadeiro constituem aposições explicativas quando são mencionados depois dele, portanto, nesse caso, devem ser escritos entre vírgulas: Lola Flores, la Faraona, era uma estupenda bailaora; Hoy celebramos el aniversario de la muerte de Simón Bolívar, el Libertador; José Martínez Ruz, Azorín, perteneció a la generación del 98. Por outro lado, os epítetos (que eles chamam de sobrenombres) devem ir necessariamente acompanhados do nome próprio ao qual especificam e se unem a ele sem vírgula: Alfonso II el Casto, Guzmán el Bueno, Lorenzo el Magnífico.

Então, voltando à questão de por que se escreve "Isabel la Católica" sem vírgulas, e "Diego Maradona, el Pelusa" com vírgulas, a razão é que no primeiro caso trata-se de um epíteto individualizador ou especificativo, que só deve ser usado juntamente com o nome; por outro lado, no segundo caso, o epíteto pode substituir o nome, ou seja, posso dizer simplesmente "El pelusa es uno de los mayores futbolistas de la historia" (depois do Pelé, é claro ;-)).  

Por fim, a Fundação do Espanhol Urgente (Fundéu) explica que, no caso de epítetos, ou ainda, apelidos precedidos de artigo como el Chapo, o correto é escrever o artigo com inicial minúscula e o epíteto ou apelido com inicial maiúscula, e não é necessário ressaltá-los com aspas ou negrito: “El derrumbe del Chicle tras el abandono de su familia.

Somente devem-se usar as aspas quando o apelido se encontre entre o nome de batismo e o sobrenome: Ernesto «Che» Guevara ou Antonio «Huracán» Pérez.

Fontes:

Suma Gramatical da Língua Portuguesa, de Carlos Nougué.
Ortografía de la lengua española, da Real Academia Espanhola.
Fundéu (https://www.fundeu.es/recomendacion/apodos-y-aliasescritura-correcta-559/)

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