Como os assuntos do
blog se baseiam nas minhas observações linguísticas do dia a dia, recentemente, ao ler o livro Isabel
la Católica do historiador Manuel Fernández Álvarez, chamou minha atenção o
fato de que, diferentemente do português, em espanhol, não se separa com vírgula o nome do
epíteto.
No entanto, observei
que em outras construções semelhantes em espanhol, usava-se sim a vírgula;
como, por exemplo, em Diego Armando Maradona, el Pelusa, nació en Lanús,
el 29 de octubre de 1960.
Fui consultar meus livros
e encontrei as explicações para tais particularidades.
Primeiro. De acordo com o tradutor e gramático Carlos Nougué, em sua Suma Gramatical (página 457), somente em
português é obrigatório o uso da vírgula entre o nome e o aposto
individualizador, que chamamos de aposto de epíteto. Assim, Ivã, o Terrível em
português é Ivan el Terrible
em espanhol; Ivan le Terrible em
francês, Iván o Terrible em
galego; Ivan il Terribile em
italiano; Ivan the Terrible em
inglês; Iwan der Schreckliche em alemão, etc.
Em português, o
epíteto se escreve entre vírgulas em frases como: Isabel, a Católica,
patrocinou as viagens de descobrimento realizadas por Cristóvão Colombo.
Segundo. De acordo com a Ortografía de la
lengua española da Real Academia Espanhola, os apodos, as designações
antonomásticas ou os pseudônimos que podem substituir o nome verdadeiro
constituem aposições explicativas quando são mencionados depois dele, portanto,
nesse caso, devem ser escritos entre vírgulas: Lola Flores, la Faraona, era uma estupenda bailaora; Hoy celebramos el aniversario de la muerte
de Simón Bolívar, el Libertador; José
Martínez Ruz, Azorín, perteneció a la generación del 98. Por outro lado, os
epítetos (que eles chamam de sobrenombres)
devem ir necessariamente acompanhados do nome próprio ao qual especificam e se
unem a ele sem vírgula: Alfonso II el Casto, Guzmán el Bueno, Lorenzo el
Magnífico.
Então, voltando à questão de por que se escreve "Isabel la Católica" sem vírgulas, e "Diego Maradona, el Pelusa" com vírgulas, a razão é que no primeiro caso trata-se de um epíteto individualizador ou especificativo, que só deve ser usado juntamente com o nome; por outro lado, no segundo caso, o epíteto pode substituir o nome, ou seja, posso dizer simplesmente "El pelusa es uno de los mayores futbolistas de la historia" (depois do Pelé, é claro ;-)).
Então, voltando à questão de por que se escreve "Isabel la Católica" sem vírgulas, e "Diego Maradona, el Pelusa" com vírgulas, a razão é que no primeiro caso trata-se de um epíteto individualizador ou especificativo, que só deve ser usado juntamente com o nome; por outro lado, no segundo caso, o epíteto pode substituir o nome, ou seja, posso dizer simplesmente "El pelusa es uno de los mayores futbolistas de la historia" (depois do Pelé, é claro ;-)).
Por fim, a Fundação do
Espanhol Urgente (Fundéu) explica que, no caso de epítetos, ou ainda, apelidos precedidos
de artigo como el Chapo, o correto é
escrever o artigo com inicial minúscula e o epíteto ou apelido com inicial
maiúscula, e não é necessário ressaltá-los com aspas ou negrito: “El derrumbe del Chicle tras
el abandono de su familia”.
Somente devem-se usar
as aspas quando o apelido se encontre entre o nome de batismo e o sobrenome: Ernesto «Che» Guevara ou Antonio
«Huracán» Pérez.
Fontes:
Suma
Gramatical da Língua Portuguesa, de Carlos Nougué.
Ortografía
de la lengua española, da Real Academia Espanhola.
Fundéu (https://www.fundeu.es/recomendacion/apodos-y-aliasescritura-correcta-559/)
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