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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Vírgula diante de que


Uma dúvida frequente de pontuação é a que diz respeito ao uso da vírgula diante da palavra que.

Primeiro, vale lembrar que esta palavra pode exercer diversas funções, entre elas: pronome interrogativo (Que pensas sobre o assunto?); pronome relativo (Comprei o livro que você me recomendou); advérbio de intensidade, quando equivale a quão (Que perversos eram os vikings!); preposição, quando liga dois verbos e equivale a “de” (Temos que estudar muito), alguns gramáticos consideram esse uso incorreto e, por tanto, não aceitam o “que” como preposição; conjunção coordenativa (Precisamos descansar, que o dia vai ser longo); conjunção subordinativa (Rogo que você me ouça); partícula de realce ou expletiva (Eles é que são os culpados); ou ainda, substantivo (Ele tem um quê repulsivo). 

A utilização ou não de vírgula diante da palavra “que” depende não somente de sua natureza morfológica como também de sua função sintática.

Em geral, devemos empregar a vírgula diante de que, quando:

1.    Como pronome relativo, inicia orações explicativas (Ela, que tem mania de cuidar da vida alheia, não enxerga os próprios defeitos).  
2.    Como conjunção explicativa ou causal, é sempre precedido de vírgula (Não fale ao telefone enquanto dirige, que você pode sofrer um acidente). 
3.    Como conjunção consecutiva, também é precedido de vírgula (Ela falou tanto, que ficou com a garganta seca). 

Nos demais casos, geralmente não é precedido de vírgula. Sobretudo se exerce a função de conjunção subordinativa integrante, quando nunca deve ser precedido de vírgula, já que a oração que inicia é parte integrante da anterior (Espero que você volte logo. Não diga que não lhe avisei). 

 
Naturalmente que, na situação anterior, se houver um inciso explicativo ou circunstancial entre a conjunção integrante e a oração subordinada, essa intervenção será assinalada com vírgulas (Espero que, aconteça o que acontecer, você volte logo. É necessário que, qualquer que seja sua decisão, o apoiemos). Perceba também que, neste último exemplo, iniciamos a oração subordinada por pronome oblíquo átono. Isso porque a conjunção que
atrai o pronome para si, ainda que haja intercalação entre eles.

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