Uma dúvida frequente de
pontuação é a que diz respeito ao uso da vírgula diante da palavra que.
Primeiro, vale
lembrar que esta palavra pode exercer diversas funções, entre elas: pronome interrogativo (Que pensas sobre o assunto?); pronome relativo (Comprei o livro que você me recomendou); advérbio de intensidade, quando
equivale a quão (Que perversos eram
os vikings!); preposição, quando liga
dois verbos e equivale a “de” (Temos que
estudar muito), alguns gramáticos consideram esse uso incorreto e, por tanto,
não aceitam o “que” como preposição; conjunção
coordenativa (Precisamos descansar, que
o dia vai ser longo); conjunção
subordinativa (Rogo que você me
ouça); partícula de realce ou expletiva
(Eles é que são os culpados); ou ainda, substantivo (Ele tem um quê
repulsivo).
A utilização ou não de
vírgula diante da palavra “que” depende não somente de sua natureza morfológica
como também de sua função sintática.
Em geral, devemos
empregar a vírgula diante de que,
quando:
1.
Como
pronome relativo, inicia orações explicativas (Ela, que tem mania de cuidar da vida alheia, não enxerga os próprios
defeitos).
2. Como conjunção explicativa ou
causal, é sempre precedido de vírgula (Não fale ao telefone enquanto dirige, que você pode sofrer um acidente).
3. Como conjunção consecutiva, também
é precedido de vírgula (Ela falou tanto, que
ficou com a garganta seca).
Nos demais casos,
geralmente não é precedido de vírgula. Sobretudo se exerce a função de
conjunção subordinativa integrante, quando nunca deve ser precedido de vírgula,
já que a oração que inicia é parte integrante da anterior (Espero que você volte logo. Não diga que não lhe avisei).
Naturalmente que, na situação anterior, se houver um inciso explicativo ou circunstancial entre a conjunção integrante e a oração subordinada, essa intervenção será assinalada com vírgulas (Espero que, aconteça o que acontecer, você volte logo. É necessário que, qualquer que seja sua decisão, o apoiemos). Perceba também que, neste último exemplo, iniciamos a oração subordinada por pronome oblíquo átono. Isso porque a conjunção que atrai o pronome para si, ainda que haja intercalação entre eles.