Pela figura acima, observamos que as "tapas" — os famosos petiscos servidos nos bares espanhóis — são exemplo de "exquisiteces". Por sua vez, em português, o ornitorrinco é um bom exemplo de "esquisitice", afinal, que bicho é esse? É um pato? Um castor?
Em português, esquisitices
são coisas que se destacam por sua raridade, excentricidade, por sua aparência exótica, e por vezes, desagradável.
Em espanhol, exquisiteces são coisas que se
destacam por sua delicadeza, qualidade, primor e requinte. Na área da
gastronomia, são manjares, especialidades e delícias.
Este falso amigo tem sua origem no latim, exquisitus, particípio passado do verbo exquiro, -rere, que significa “procurar com diligência”, “obter aquilo que
se deseja”, “tirar ou extrair o que se quer”.
Essa palavra está registrada na língua espanhola desde 1438,
e Antonio de Nebrija já se referia a ela em seu Diccionario latino-español: “Mas
es menester una templança: que ni sean espessas: ni manifiestas: por que
ninguna cosa es mas odiosa que lo exquisito”.
O verbo é composto pelo prefixo ex-, que significa “para fora”; e quæro, que significa “buscar, procurar, desejar”. Por tanto, exquisito
era para os latinos “algo procurado diligentemente, escolhido, extremado,
distinto”, em outras palavras, algo especial que não se encontra por aí, dando
sopa.
Com o passar do tempo e com a evolução das línguas, em espanhol, o vocábulo adquiriu um sentido elogioso, passando a
designar aquilo que se destaca pelo requinte, refinamento; enquanto no português este
vocábulo adquiriu um sentido pejorativo, passando a
designar aquilo que se destaca pela estranheza, por ser desagradável.
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