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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Infinitivo: flexionar ou não flexionar, eis a questão


Um dos assuntos mais espinhosos da gramática da língua portuguesa refere-se à flexão do infinitivo. Aliás, você sabia que o infinitivo pessoal ou flexionado é um idiomatismo da língua portuguesa, isto é, uma característica própria de nossa língua? Ou melhor, do português e do galego.

Por ser uma característica tão especial, devemos zelar pelo uso correto!

O infinitivo será flexionado:

1) Para enfatizar quem realizou a ação.

Foi proibido aos funcionários fazerem comentários.

2) Para dar ênfase a um sujeito que não está expresso.

É aconselhável aguardarmos o resultado.

3) Para indeterminar o sujeito da frase (utilizado na terceira pessoa do plural).

Faço isso para não me acharem inútil. 

Ela não sai sozinha à noite a fim de não falarem mal da sua conduta.

4) Quando o sujeito do infinitivo e o verbo principal forem diferentes:

Acreditamos serem os funcionários muito competentes.
Pedi para não fazerem barulho.

5) Quando o infinitivo for regido de preposição em oração adverbial anteposta à oração principal:

Ao saírem de casa, deixaram a janela aberta.

Para sermos felizes, devemos valorizar o que temos.

6) Quando o infinitivo estiver na voz passiva, quando for verbo pronominal ou verbo reflexivo, o infinitivo será flexionado.

Os fugitivos fizeram o possível para não serem recapturados (voz passiva).

Sigam as recomendações para não se queixarem depois (verbo pronominal).

Foram embora sem se despedirem (verbo reflexivo).

7) Quando o infinitivo for verbo de oração subordinante, desde que o sujeito esteja assinalado.

É bom eles prestarem atenção às normas.

Eles serem brasileiros natos é um requisito. 

8) Quando o infinitivo for verbo de subordinada substantiva posposta.

Creio sermos capazes de alcançar a meta proposta.

Julgamos serem pessoas honestas.



O infinitivo não será flexionado quando:

1) O sujeito for o mesmo:

Declararam estar prontos.

2) Não se referir a nenhum sujeito.

E preciso defender o direito do consumidor.

Navegar é preciso.

3) Tiver valor de imperativo

Passar bem, senhores.

Cessar fogo!

4) For empregado em locuções verbais (quando há apenas um sujeito).

Os pais tendem a ser condescendentes com os filhos.

5) Funcionar como complemento de adjetivo, precedido geralmente das preposições “de” ou “a”. 

Foi uma tarefa difícil de resolver

Estamos dispostos a mudar de atitude.

6) Quando o sujeito do infinitivo de verbo causativo “deixar”, “fazer”, “mandar” ou de verbo sensitivo “ver”, “ouvir” e “sentir” (mesmo havendo mais de um sujeito na frase) há duas situações: 

a) Se o sujeito do infinitivo for representado por um substantivo, o infinitivo tenderá a ser flexionado:

O professor deixou os alunos saírem mais cedo.

A veterinária ouviu os cachorros rosnarem.

b) Se o sujeito do infinitivo for representado por pronome átono, o infinitivo não será flexionado:

O professor deixou-os sair mais cedo.

A veterinária ouviu-os rosnar.

CASO NOTÁVEL

O verbo PARECER: em locuções verbais no plural com o segundo verbo no infinitivo é o único verbo que permite a flexão do infinitivo, desde que o verbo parecer não seja flexionado:

Os pacientes parecem estar cada vez mais dispostos.

Os pacientes parece estarem cada vez mais dispostos (ambas as formas são adequadas).

OBSERVAÇÃO: EM ESPANHOL NÃO EXISTE INFINITIVO PESSOAL. NÃO EXISTE HACEREN, LLEGARMOS, TENEREN, ESTUDIARMOS, HABLARMOS, HABLAREN, ETC. 

Para saber como traduzir o infinitivo pessoal ao espanhol, clique aqui.

Para ver usos idiomáticos do infinitivo no espanhol, clique aqui.

Para ver uma análise contrastiva do uso dos verbos em espanhol e português, clique aqui.

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