Um dos assuntos mais espinhosos da gramática da língua portuguesa refere-se à flexão do infinitivo. Aliás, você sabia que o infinitivo pessoal ou flexionado é um idiomatismo da língua portuguesa, isto é, uma característica própria de nossa língua? Ou melhor, do português e do galego.
Por ser uma característica tão especial, devemos zelar pelo
uso correto!
O infinitivo será flexionado:
1) Para enfatizar quem realizou a ação.
Foi proibido aos
funcionários fazerem comentários.
2) Para dar ênfase a um sujeito que não está expresso.
É aconselhável aguardarmos o resultado.
3) Para indeterminar o sujeito da frase (utilizado na terceira pessoa do plural).
Faço isso para não
me acharem inútil.
Ela não sai sozinha à
noite a fim de não falarem mal
da sua conduta.
4) Quando o sujeito do infinitivo e o verbo principal forem
diferentes:
Acreditamos serem os funcionários muito
competentes.
Pedi para não fazerem barulho.
5) Quando o infinitivo for regido de preposição em oração adverbial
anteposta à oração principal:
Ao saírem de casa, deixaram a janela
aberta.
Para sermos felizes, devemos valorizar o que
temos.
6) Quando o infinitivo estiver na voz passiva, quando for verbo
pronominal ou verbo reflexivo, o infinitivo será flexionado.
Os fugitivos fizeram
o possível para não serem recapturados (voz passiva).
Sigam as recomendações
para não se queixarem depois (verbo
pronominal).
7) Quando o infinitivo for verbo de oração subordinante, desde que o sujeito esteja assinalado.
É bom eles prestarem atenção às normas.
Eles serem brasileiros natos é um requisito.
8) Quando o infinitivo for verbo de subordinada substantiva posposta.
Creio sermos capazes de alcançar a meta proposta.
Julgamos serem pessoas honestas.
O infinitivo não será flexionado quando:
1) O sujeito for o mesmo:
Declararam estar prontos.
2) Não se referir a nenhum sujeito.
E preciso defender o direito do consumidor.
Navegar é preciso.
3) Tiver valor de imperativo
Passar bem, senhores.
Cessar fogo!
4) For empregado em locuções verbais (quando há apenas um
sujeito).
Os pais tendem a ser condescendentes com os filhos.
5) Funcionar como complemento de adjetivo, precedido geralmente
das preposições “de” ou “a”.
Foi uma tarefa difícil
de resolver
Estamos dispostos a mudar de atitude.
6) Quando o sujeito do infinitivo de verbo causativo “deixar”,
“fazer”, “mandar” ou de verbo sensitivo “ver”, “ouvir” e “sentir” (mesmo havendo
mais de um sujeito na frase) há duas situações:
a) Se o sujeito do infinitivo for representado por um
substantivo, o infinitivo tenderá a ser flexionado:
O professor deixou os alunos saírem mais cedo.
A veterinária ouviu os cachorros rosnarem.
b) Se o sujeito do infinitivo for representado por pronome
átono, o infinitivo não será flexionado:
O professor deixou-os sair
mais cedo.
A veterinária ouviu-os rosnar.
CASO NOTÁVEL
O verbo PARECER: em
locuções verbais no plural com o segundo verbo no infinitivo é o único verbo
que permite a flexão do infinitivo, desde que o verbo parecer não seja
flexionado:
Os pacientes parecem estar cada vez mais dispostos.
Os pacientes parece estarem cada vez mais dispostos (ambas as formas são adequadas).
OBSERVAÇÃO: EM ESPANHOL NÃO EXISTE INFINITIVO PESSOAL. NÃO EXISTE HACEREN, LLEGARMOS, TENEREN, ESTUDIARMOS, HABLARMOS, HABLAREN, ETC.
Para saber como traduzir o infinitivo pessoal ao espanhol, clique aqui.
Para ver usos idiomáticos do infinitivo no espanhol, clique aqui.
Para ver uma análise contrastiva do uso dos verbos em espanhol e português, clique aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário