quarta-feira, 25 de maio de 2016

Armadilhas do espanhol: 'conciencia' ou 'consciencia'?


Eis mais uma armadilha da língua espanhola: os parônimos ‘consciencia’ e ‘conciencia’, que em alguns contextos são sinônimos perfeitos; e em outros, não.

Com o sentido geral de percepção ou conhecimento, as formas conciencia e consciencia são permutáveis, embora geralmente se prefira a forma mais simples, sem o ‘s’: “Tenemos conciencia/consciencia de nuestras limitaciones”. No entanto, com o sentido moral, como capacidade de distinguir entre o bem e o mal, somente é correto o emprego da forma conciencia: “Conciencia moral es ser uno mismo para el outro” (Jean Paul Sartre em entrevista  a Benny Lévy para o Nouvel Observateur, publicada no jornal El País http://elpais.com/diario/1980/04/19/cultura/324943207_850215.html).

Com esse sentido, faz parte de várias locuções como: conciencia limpia/tranquila, tener mala conciencia, remorderle la conciencia, no tener conciencia (não ter escrúpulos), tener cargo de conciencia, etc.

O adjetivo correspondente, em todos os casos, é consciente; e seu antônimo, inconsciente. São erradas as formas conciente e inconciente. Emprega-se com o verbo estar com o sentido de manter o conhecimento: “A pesar del grave accidente y de la medicación, está consciente”; e se emprega com o verbo ser com o sentido de saber algo o ter consciência disso: “El traductor es consciente de que no siempre es posible encontrar correspondientes en la lengua meta”, neste caso, deve-se empregar a preposição ‘de’ antes da conjunção ‘que’ para introduzir o complemento desse adjetivo.



O verbo correspondente é concienciar (fazer que alguém seja consciente de algo) “Es esencial concienciar a los niños de la necesidad de conservar el medio ambiente»; na América Hispânica, é comum o uso da forma concientizar: “El Papa dio a conocer “Ludato si”, un documento que apunta a concientizar a la comunidad internacional sobre problemas ambientales” (www.perfil.com).
Os respectivos substantivos são concienciación e concientización.

Fonte:

Artigo traduzido e adaptado a partir do Diccionario panhispánico de dudas, 2005. Real Academia Española.

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