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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Gíria estudantil na Espanha

Os estudantes espanhóis, assim como os brasileiros, têm um vocabulário próprio repleto de criatividade. Vejamos algumas expressões consagradas entre eles:

calabazas = obter nota zero. “En Inglés, calabazas”, significa “Zero em Inglês”.

cagarla = cometer um engano, pisar na bola. “La he cagado en el examen… Lo he hecho fatal, voy a suspender”.

catear =  não alcançar a nota média, ficar com nota vermelha. Esta palavra deriva de “cate”, que em caló (a língua dos ciganos) significa “pau, porrete”, isto é, semelhante a nossa expressão em português “levar pau” no sentido de reprovar. Usa-se ainda como substantivo ou como verbo na gíria estudantil: “Dos cates me han dado este trimestre”; “Mi compa es un fenómeno: no catea nunca”.

chuleta = o que chamamos de “cola” no Brasil. Isto é, a arte de escrever o conteúdo inteiro de um bimestre ou semestre no mínimo espaço possível. 

Segundo o antropólogo José Dueso, há três possíveis origens dessa acepção. A primeira se encontra no livro Un invierno en Mallorca de George Sand. No texto aparece o termo xuete, usado pelos maiorquinos para referir-se depreciativamente aos judeus, que pode se originar do francês chuette, termo que tinha o mesmo fim. Parece ser que em tempos de expulsão dos semitas, estes tentavam dissimular sua origem comendo “chuletas” suínas diante de todo o mundo; a outra possível origem está relacionada a uma espécie de cunha usada pelos carpinteiros, que a chamavam de chuleta, para dissimular fissuras na madeira. Finalmente, pode derivar da palavra chulo, que designava o indivíduo do subúrbio de Madri que se preocupava em aparentar que sabia mais que os outros sobre qualquer coisa. As três opções estão associadas à dissimulação para obter benefícios particulares, sociais ou profissionais.

estar chupado = refere-se a algo muito fácil: “¡Qué fácil! ¡Esto está chupado!”.

estar pez = Estar pez en Geografía” significa “não saber nada, não ter nem ideia de Geografia”.

hacer la pelota, ser un pelota = puxar o saco. Assim, “el pelota” é aquele aluno que pretende se dar bem adulando o professor.

hacer pellas, hacer novillos = matar aula, gazear aula para ficar à toa.

ir de culo = utiliza-se para dizer que “vai mal” em alguma matéria. “Voy de culo en química”, ou “llevo el examen de culo”.

írsele a alguien la olla = perder-se, distrair-se, esquecer-se. “Se me ha ido la olla”.
dar un palo = Quando um professor “se ha cargado a media clase”, isto é, reprovou a maioria da sala, diz-se que ele “ha dado un palo”: “¡La de mates en este examen ha dado un palo…!”.

la seño = a professora, encurtamento da palavra “señorita”.

las mates = encurtamento para referir-se à disciplina de matemática.

no pillar = significa “não entender”, assim, “no lo pillo” significa “não entendo”; ou “¿lo pillas?”,  “você está entendendo?”.

rosco = é a mesma coisa que um cate (ou seja: reprovado), mas pior, porque, por sua forma, concreta mais evidente: é um zero (0).

ser empollón, empollar = no Brasil, diz-se “ser um CDF” (ser um cabeça de ferro, apesar de que já ouvi muitos dizerem cú de ferro). Expressão depreciativa para referir-se ao estudante excessivamente dedicado, como uma “gallina cuando empolla sus huevos”. Não significa necessariamente tirar boas notas ou ser um “pitagorín” (expressão derivada de Pitágoras).

ser una maría = uma “maría” é uma disciplina de pouca importância, ou melhor, aquela que não reprova.

ser un hueso, hueso = diz-se dos professores exigentes, que não se deixam “enrolar”. “¡Menudo hueso que nos ha tocado este año en Física! ¡Qué mala pata!

sacarse algo con la gorra = diz-se de algo que é fácil. Quando alguém diz “me saqué esa asignatura con la gorra”, significa que aprovou sem muito esforço.

soplar a alguien, dar un soplo = em uma prova, sussurrar a resposta a um colega.

tocho, ser un tocho = sinônimo de muito, também de livro muito grosso. “Me tengo que estudiar un tocho de apuntes”, ou “menudo tocho de libro”.

tener un cacao (mental) = estar confuso, com muitas dúvidas, não entender algo. “Tengo un cacao con las fórmulas de matemáticas”.

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