Os estudantes espanhóis, assim como os brasileiros, têm um
vocabulário próprio repleto de criatividade. Vejamos algumas expressões
consagradas entre eles:
calabazas =
obter
nota zero. “En Inglés, calabazas”,
significa “Zero em Inglês”.
cagarla = cometer um engano, pisar na bola. “La he cagado en el examen… Lo he hecho
fatal, voy a suspender”.
catear = não
alcançar a nota média, ficar com nota vermelha. Esta palavra deriva de “cate”, que em caló (a língua dos ciganos) significa “pau, porrete”, isto é,
semelhante a nossa expressão em português “levar pau” no sentido de reprovar. Usa-se
ainda como substantivo ou como verbo na gíria estudantil: “Dos cates me han dado este trimestre”; “Mi compa es un fenómeno: no catea nunca”.
chuleta =
o
que chamamos de “cola” no Brasil. Isto é, a arte de escrever o conteúdo inteiro
de um bimestre ou semestre no mínimo espaço possível.
Segundo o
antropólogo José Dueso, há três possíveis origens dessa acepção. A primeira se
encontra no livro Un invierno en Mallorca de George Sand. No
texto aparece o termo xuete, usado pelos maiorquinos para referir-se depreciativamente
aos judeus, que pode se originar do francês chuette, termo que tinha
o mesmo fim. Parece ser que em tempos de expulsão dos semitas, estes tentavam dissimular
sua origem comendo “chuletas” suínas diante de todo o mundo; a outra possível
origem está relacionada a uma espécie de cunha usada pelos carpinteiros, que a chamavam
de chuleta, para dissimular fissuras
na madeira. Finalmente, pode
derivar da palavra chulo, que designava o indivíduo do subúrbio de
Madri que se preocupava em aparentar que sabia mais que os outros sobre qualquer
coisa. As três opções estão associadas à dissimulação para obter benefícios
particulares, sociais ou profissionais.
estar chupado = refere-se a algo muito fácil: “¡Qué fácil! ¡Esto está chupado!”.
estar pez =
“Estar pez en Geografía”
significa “não saber nada, não ter nem ideia de Geografia”.
hacer la pelota, ser un pelota = puxar o saco. Assim, “el pelota” é aquele aluno que pretende
se dar bem adulando o professor.
hacer pellas, hacer novillos = matar aula, gazear aula para ficar à toa.
ir de culo =
utiliza-se para dizer que “vai mal” em alguma matéria. “Voy de culo en química”, ou “llevo
el examen de culo”.
írsele a alguien la
olla = perder-se, distrair-se, esquecer-se. “Se me ha ido la olla”.
dar un palo =
Quando um professor “se ha cargado a media clase”, isto é, reprovou
a maioria da sala, diz-se que ele “ha dado un palo”: “¡La de mates en este examen ha dado un palo…!”.
la seño = a professora, encurtamento da palavra “señorita”.
las mates = encurtamento para referir-se à disciplina de
matemática.
no pillar =
significa “não entender”, assim, “no lo pillo”
significa “não entendo”; ou “¿lo pillas?”,
“você está entendendo?”.
rosco = é a mesma coisa
que um cate (ou seja: reprovado),
mas pior, porque, por sua forma, concreta mais evidente: é um zero (0).
ser empollón, empollar = no Brasil, diz-se “ser um CDF” (ser um cabeça de ferro, apesar de que
já ouvi muitos dizerem cú de ferro). Expressão depreciativa para referir-se ao
estudante excessivamente dedicado, como uma “gallina cuando empolla sus huevos”.
Não significa necessariamente tirar boas notas ou ser um “pitagorín” (expressão
derivada de Pitágoras).
ser una maría = uma “maría” é uma disciplina de pouca importância, ou melhor,
aquela que não reprova.
ser un hueso, hueso = diz-se dos professores exigentes, que não se deixam “enrolar”. “¡Menudo hueso que nos ha tocado este año en
Física! ¡Qué mala pata!”
sacarse algo con la
gorra = diz-se de algo que é fácil. Quando alguém diz “me saqué esa asignatura con la gorra”, significa
que aprovou sem muito esforço.
soplar a alguien, dar un soplo = em uma prova, sussurrar a resposta
a um colega.
tocho, ser un tocho
= sinônimo de muito, também de livro muito grosso. “Me tengo que estudiar un tocho de apuntes”, ou “menudo tocho de libro”.
tener un cacao (mental) = estar confuso, com muitas dúvidas, não entender algo. “Tengo un cacao con las fórmulas de matemáticas”.
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