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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

História da língua espanhola

Origem e evolução do Castelhano

O castelhano é uma língua românica cuja origem se encontra na evolução do latim vulgar, falado na península ibérica a partir do século III a.C. No entanto, conta com vestígios de línguas pré-romanas, faladas por povos que habitavam a península antes do processo de romanização: o chamado substrato ibero, celta, fenício, ligur. As línguas desses povos acabaram desaparecendo com sua incorporação à cultura latina, que se impôs como majoritária, com exceção do vasco, ou euskera, que manteve sua estrutura alheia ao processo de romanização. Algumas palavras que ficaram fossilizadas procedentes desses povos primitivos são: abedul, álamo, tarugo, barranco, braga, arroyo...



A maior parte da gramática, sintaxe e léxico da língua espanhola, procede do latim falado e, em menor medida, do latim culto. Poderíamos dizer que nossa língua é quase em sua totalidade uma evolução ou, melhor, uma progressiva corrupção da língua latina. Do mesmo modo que outras línguas românicas esta corrupção deu lugar a diferentes variantes em diferentes regiões mais ou menos distantes da capital, Roma, e segundo a classificação clássica das línguas românicas, é uma língua do subdomínio ocidental, e junto com o catalão, o galego, o português, e o ocitano, entre outras, pertence ao grupo das línguas ibero-românicas.

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Na alta Idade Média, as invasões de povos germânicos: vândalos, suevos, alanos e visigodos, deixaram certas palavras residuais na língua espanhola, embora sua influência não tenha sido muito notória na evolução geral do idioma. Os germanismos que permaneceram são: albergue, guerra, ganar, robar, rico, fresco, blanco, ropa, entre outros.

Do período árabe, conta-se com um importante corpus de palavras, além do dialeto mozárabe, que foi falado em uma grande quantidade de territórios, destes quase 8 séculos de convivência (711-1492). Assim ficaram palavras como: mazapán, albaricoque, alcachofa, alubia, aceite, algodón, taza, alcantarilla, albañil, azotea, azúcar, algodón, azul, almacén, cifra, alcohol, e muitos mais.

Dessa etapa medieval conservam-se obras de grande importância cultural, como as obras de Alfonso X, o Sábio, obras épicas como o Cantar de Mío Cid (1140), primeira obra conservada da literatura espanhola, e lírica castelhana e galaico-portuguesa. Cabe mencionar também um importante grupo de obras do Méster de Clerecía. Sabe-se que existiu uma grande tradição oral formada por poesia épica narrativa, canções de gesta e outras manifestações dos juglares (trovadores) hoje em dia perdidas ou parcialmente recopiladas.

Do período pré-renascentista conservam-se obras de autores como Juan de Mena, o Marquês de Santillana, de carácter latinizante, e outros autores de teatro, de característica mais popular. A obra mais importante dessa época é La Celestina, de Fernando de Rojas.

A formação do espanhol clássico

Em 1492, os reis católicos decidem expulsar da península ibérica todos aqueles que não se convertam ao cristianismo: árabes, judeus e demais minorias étnicas, acabando assim com um período de coexistência cultural de quase 8 séculos. Em seu afã de unificar o território de seus respectivos reinos, que será a maior parte da península, decidem tomar uma série de medidas, entre as quais se encontra a unificação linguística, além da religiosa.

Assim, encomendam a primeira Gramática de la lengua Castellana a Antonio de Nebrija, que é considera a primeira gramática da língua espanhola sistematizada e formal, em 1492. Nesta obra, tenta-se, pela primeira vez, unificar certos critérios linguísticos como as grafias, alguns aspectos gramaticais e fixar o significado das palavras.

Já no Século de Ouro, aparece a obra considerada o segundo marco na fixação normativa do castelhano: El Tesoro de la Lengua Castellana, de Sebastián Covarrubias.

O desenvolvimento da literatura espanhola do período do séculos de Ouro (períodos do Renascimento e Barroco) com autores tão importantes como San Juan de la Cruz, Fray Luis de León, Miguel de Cervantes, Lope de Vega, Luis de Góngora, Francisco de Quevedo e Calderón de la Barca, entre outros, contribui para a fixação das letras no chamado período clássico.

O espanhol moderno

A criação da RAE, Real Academia Espanhola da língua, em 1713, por Juan Manuel Fernández Pacheco, e posteriormente a publicação, por esta instituição, do Diccionario de Autoridades (1726-39), constitui o germe da gramática moderna da língua espanhola, sendo esta instituição, desde então, a mais importante na fixação das normas que devem reger a língua espanhola.

Atualmente a RAE é integrada por acadêmicos cuja nomeação tem um caráter honorífico, tratando-se das mais relevantes personalidades no mundo das letras hispânicas, por suas conquistas como literatos, pesquisadores, docentes, lexicógrafos e suas respectivas contribuições para a difusão cultural da língua espanhola.

Outra missão importante da RAE consiste em regular a incorporação de novos termos, como são os empréstimos de outras línguas, adaptando sua grafia e seu uso às regras do espanhol.

A RAE dispõe de uma página web, www.dle.rae.es, na qual podem realizar-se diversas consultas lexicais e gramaticais: o dicionário, o dicionario de dúvidas, o corpus CREA e outras.

Tradução de uma parte do texto de autoria de Paula Salgado Reig, publicado no Portal Interuniversitario del Español.

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