Páginas

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Personagens célebres cujos nomes viraram adjetivos

Você já deve ter ouvido alguma vez expressões como: amor “platônico”, plano “maquiavélico”, aventura “homérica”,  situação “kafkiana”, ironia “machadiana”,  pessoa “cartesiana”, cena “dantesca”, apetite pantagruélico”, etc. Mas, afinal, o que significam essas expressões?

Alguns pensadores, autores, escritores, filófosos e estudiosos tiveram uma obra tão influente para nossa civilização e com características tão peculiares que seus nomes tornaram-se adjetivos. Além do significado literal, isto é, "àquilo que é relativo ou que pertencente a...", esses adjetivos assumem um sentido figurativo quando aludem os traços característicos do autor, da obra ou, até mesmo, da personagem fictícia como é o caso do adjetivo "quixotesco".

Quando dizemos que um amor é platônico, remetemos ao filósofo grego Platão, para quem o amor deve ser sublime, elevado, espiritual, puro, não físico. Ou seja, um “amor platônico” é aquele amor idealizado, que fica apenas pelo plano espiritual, sem contato carnal ou sexual.

Ao dizer “plano maquiavélico”, remetemos a Maquiavel, historiador e poeta italiano que escreveu o livro O Príncipe e a quem se atribui a frase: "O fim justifica os meios". Inicialmente, chamava-se de maquiavélica a pessoa que era assertiva, firme em seus propósitos. Com o tempo, adquiriu um sentido negativo, e agora o adjetivo designa alguém ardiloso, astuto, que age de forma inescrupulosa. Assim, um plano maquiavélico é aquele engendrado com perfídia, com má intenção.

Quando dizemos “aventura homérica”, referimo-nos a Homero autor grego da Ilíada e da Odisseia, cânones e mananciais da cultura ocidental. No sentido figurado, o adjetivo “homérico” é uma expressão usada como referência a algum fato heroico, grandioso, épico. Quando queremos nos referir a grandes feitos usamos a expressão façanhas homéricas, fatos homéricos, acontecimentos homéricos.

O adjetivo kafkiano remete ao escritor tcheco Franz Kafka, um dos mais influentes na literatura mundial e autor da Metamorfose, obra em que o protagonista se encontra numa situação absurda ao ver-se, de uma hora para outra, transformado num inseto. Em suas obras geralmente o protagonista deve enfrentar situações absurdas, incompreensíveis e angustiantes, por isso o adjetivo "kafkiano" é utilizado justamente para descrever situações assim.

O escritor Machado de Assis, considerado o maior expoente da literatura brasileira, ao analisar psicologicamente as personagens, ele traz à tona todos os defeitos da conduta humana, revelando toda a hipocrisia humana. O humor machadiano é repleto de pessimismo e ironia. Daí, a expressão “ironia machadiana”.

Descartes foi um pensador, autor das obras Discurso do Método e Meditações Metafísicas, onde expressa sua preocupação com o problema do conhecimento. O ponto de partida é a busca de uma verdade primeira que não possa ser posta em dúvida. Por isso, transforma sua dúvida em método para se bem conduzir a Razão e procurar a verdade nas Ciências. Para ele, nada pode ser considerado “a priori” como certo, a não ser uma coisa: “Se duvido, penso, se penso, existo”: “Cogito, ergo sum”, “Penso, logo existo”, ponto de partida da Dúvida Metódica, de onde se constrói todo o seu pensamento. O termo “pessoa cartesiana” ganhou uma conotação pejorativa ao designar uma pessoa sistemática em excesso.

A expressão “dantesco ou dantesca” remete a Dante Alighieri, autor da obra-prima A Divina Comédia.
A primeira parte, “O Inferno”, tem descrições tão pavorosas dos castigos a que seriam submetidos os pecadores depois da morte que o adjetivo "dantesco" passou a ser aplicado a situações extremas e capazes de despertar emoções profundamente desagradáveis, suplícios infernais. Assim, um sonho dantesco ou uma cena dantesca, refere-se a algo horroroso, diabólico, medonho, pavoroso.

Já a expressão pantagruélico” faz referência ao gigante Pantagruel, famoso personagem do escritor francês Rabelais. Como o personagem se caracteriza por ser um boa-vida, alegre e glutão, o adjetivo é usado, por extensão, como sinônimo de abundante, farto, colossal, desmesurado (banquete pantagruélico, apetite pantagruélico, etc.).

O adjetivo mefistofélico”, por sua vez, faz referência a um personagem da Idade Média, conhecido como uma das encarnações do mal que captura almas inocentes através da sedução e encanto. Mefistófeles é um personagem-chave em todas as versões de Fausto, sendo a mais popular destas, a do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe. Mefistófeles aparece ao Dr. Fausto, um velho cientista, cansado da vida e frustrado por não possuir os conhecimentos tão vastos como gostaria de ter. Em troca de alcançar o grau máximo da sabedoria, ser rejuvenescido e obter o amor de uma bela donzela, Fausto decide entregar a sua alma a Mefistófeles. Como adjetivo, é sinônimo de diabólico, infernal, sarcástico, satânico.

Os adjetivos derivados de nomes devem ser escritos sempre com minúsculas.

Os dicionários recolhem vários desses adjetivos e o dicionário da RAE recolhe alguns bastante curiosos, como "voltario" e "anabolena". O exemplo de uso dado pelo dicionário para anabolena é "¡No seas anabolena!", ou seja, não sejas louca como Ana Bolena, mulher de Henrique VIII, rei da Inglaterra.  Neste caso o adjetivo foi formado por aglutinação, ou seja, pela fusão de dois vocábulos para formar uma única expressão.

Quanto ao adjetivo "voltario", remete ao genial filósofo do iluminismo  e escritor francês, Voltaire, autor de Cândido ou O Otimismo. Segundo o dicionário da RAE, o adjetivo serve para designar alguém de caráter inconstante.  



Quanto a Dom Quixote de la Mancha, o célebre personagem de Cervantes, além dar origem ao adjetivo "quixotesco", originou, também, o substantivo "quijote", registrado pela RAE como:

quijote 

m. Hombre que antepone sus ideales a su conveniencia y obra desinteresada y comprometidamente en defensa de causas que considera justas, sin conseguirlo.

O dicionário Houaiss, registra o verbete quixotesco como:

 adjetivo
1 que diz respeito a D. Quixote; próprio de D. Quixote

2 relativo a quixote ou quixotada


3 Derivação: por extensão de sentido.

que é generosamente impulsivo, sonhador, romântico, nobre, mas um pouco desligado da realidade

Ex.: num gesto q., estendeu a capa sobre a poça para ela passar 


4 Derivação: sentido figurado.

característico ou próprio de fanfarrão

Ex.: lançava à turba, aos gritos, desafios q.

Em minha opinião, esta última acepção, não faz jus a nosso amado personagem, já que 'fanfarrão', nas palavras desse mesmo dicionário, é aquele que conta bravatas, que alardeia coragem sem ser corajoso. Ou seja, o oposto de D. Quixote, que enfrentava todos os percalços com paixão e coragem, sempre em busca da justiça.



Dom Quixote, o louco mais lúcido

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Parecidas, mas diferentes

Algumas palavras costumam despertar dúvidas porque são muito parecidas, mas ao mesmo tempo diferentes. Parecidas porque provêm da mesma raiz, ou radical; e diferentes, porque possuem desinências, isto é, terminações diferentes que lhes atribuem diferenças semânticas, por vezes, sutis, mas nem por isso, menosprezíveis.

Em alguns dos pares apresentados aqui, a fronteira semântica é muito tênue, fazendo com que ambas as palavras sejam usadas indistintamente, sem que isso represente erro ou comprometa o entendimento da mensagem. Procurei apresentar exemplos de uso reais extraídos do Corpus do Português, referenciado ao final do texto.

Claridade e clareza

Claridade: qualidade do que é claro, luminoso, resplandescente. Refere-se à luz natural ou artificial.

Exemplo: Toda a claridade como que vinha não das luzes penduradas no teto, mas da sua figura rósea, imaterial, ondulando entre a música como nas vagas de um sonho. (Dias perdidos, Lúcio Cardoso, www.corpusdoportugues.org)

Clareza: qualidade do que é inteligível e livre de ambiguidade. Refere-se à qualidade de expressar-se de modo compreensível, transparente.

Exemplo: No caso de Inocência, que é uma história tão bem contada, um libreto (de Visconde de Taunay) com absoluta clareza, mesmo de uma forma totalmente arrevezada, o filme, que não era uma narrativa circular, acabou sendo, porque tudo acontece enquanto Inocência delira. (Walter Lima Jr., www.corpusdoportugues.org)

Descoberta e descobrimento

Descoberta relaciona-se com inventoinvenção ou achado. Refere-se à coisa que se descobriu; invento, criação.

Exemplo:  Muita gente diz que a maior descoberta da humanidade foi a penicilina, outros dizem que foi a eletricidade.

Descobrimento designa o ato de descobrir algo que já existia, mas não era conhecido.

Exemplo: O descobrimento da Amazônia ainda não terminou. Os mistérios ainda não foram revelados. Acho que é isso que faz um fotógrafo fugir do olhar exótico geralmente mostrado. (Araquém Alcântara, www.corpusdoportugues.org)

descobrimento da Amazônia ainda não terminou. (Foto de Araquém Alcântara)

Requerimento e requisito

Requerimento: solicitação, reivindicação, petição qualquer verbal ou por escrito.

Exemplo: O manual terá em anexo vários modelos de requerimento, de projetos de lei, de resolução, de ofícios. Ele será a bíblia do vereador. Esse será o primeiro. Depois lançaremos outros. (Cid Marconi, www.corpusdoportugues.org)

Requisito: condição necessária para alcançar um determinado fim.

Exemplo: O requisito para concorrer às vagas é ter um curso superior completo.

Aparição e aparecimento

Os substantivos (ou nomes)aparecimento e aparição podem ser palavras sinônimas em certos contextos, nomeadamente quando os autores ou os falantes as usam com idênticos significados.

Por norma, utilizamos aparecimento para situações reais e incontestadas.

Exemplo: As demandas da sociedade mudaram. Esse novo modelo mundial, de revolução tecnológica, da globalização da economia, da interferência, não tem sido capaz de evitar o aparecimento de grande bolsões de pobreza. (Tasso Jereissati, www.corpusdoportugues.org)

Em contrapartida, usamos aparição para referirmos a visão de um ser sobrenatural ou fantástico ou ainda uma recordação muito viva de alguém, de algum lugar ou de algum acontecimento.

Exemplo: As aparições começaram em abril de 1993 e, com mais ou menos seis ou sete aparições, Nossa Senhora disse que tinha uma obra a fazer em recuperação dos jovens e pediu que fundasse uma comunidade. Então fundamos, mesmo sem sede, na Vila Pery, onde ocorreu a primeira aparição. (José Ernani dos Santos, www.corpusdoportugues.org)

Incrível e inacreditável

"Incrível" e "inacreditável" querem dizer a mesma coisa — e não querem. "Incrível" é elogio. Você acha incrível o que é difícil de acreditar de tão bom. Já inacreditável é o que você se recusa a acreditar de tão nefasto, nefário e nefando — a linha média do Execrável Futebol Clube. (Luis Fernando Veríssimo)

Incrível: que ou o que não é crível, não se pode acreditar, que possui um caráter extraordinário; fantástico.  Tem sentido positivo.

Exemplo:  Eu amo as pessoas daqui. Gosto do povo mais do que do país. O país é maravilhoso também, mas o povo é incrível. (Reverendo Samuel Doctorian em entrevista ao JC, www.corpusdoportugues.org)

Inacreditável: que não merece crédito, não acreditável. Tem sentido pejorativo.

Exemplo: O ministro Pertence certa vez levou três anos para examinar um pedido de vistas de um processo sobre telecomunicações que tinha de entregar na próxima sessão, de acordo com o regimento do tribunal. É inacreditável. Se fizermos alguma coisa assim no Congresso, vão achar uma aberração. (ACM em entrevista ao Estado, www.corpusdoportugues.org)

Surpreso e surpreendido

As duas formas podem ser usadas como sinônimos de perplexo, mas há uma sutil diferença semântica entre elas.

Surpreso: desconcertado ou abalado com (algo desagradável e não esperado); atônito, perplexo, chocado. Ou agradavelmente surpreendido; admirado, espantado, pasmo
Exemplo: Assediado pela imprensa, o VJ Rodrigo declarou estar surpreso com a estrutura do festival e da cidade e a qualidade musical das bandas. (Guto Goffi, www.corpusdoportugues.org)

Surpreendido: apanhado em flagrante, tomado ou apanhado de improviso.
Exemplo: E Ivan se comportara exatamente como Lena havia previsto. Ao se ver surpreendido cortejando Ucha, Ivan admitiu sua culpa afastando-se repentinamente de sua presa. (Corpo Vivo, de Adonias Aguiar, em www.corpusdoportugues.org)

Escuro e obscuro

Essas duas palavras muitas vezes são usadas indistintamente para referir-se à falta luz, à cor que tende a preto, à falta de inteligibilidade, à melancolia, a algo sombrio e tenebroso. A diferença é muito tênue, geralmente usa-se a palavra escuro no sentido literal e a palavra obscuro no sentido figurado. 

Escuro: em que não há luz; que tem pouca ou nenhuma claridade. Que tem cor preta ou tonalidade que tende a preto. É mais usado no sentido concreto, material: cabelo escuro, roupa escura, quarto escuro, etc.

Exemplo:  Não dá para falar da luz do sertão sem falar no escuro. Aqui, do lado de fora das casas existe essa luminosidade absurda, enquanto no interior é breu. Abrindo uma janela, entra aquele facho de luz e o resto continua no escuro. O filme trabalha nesse contraste claro-escuro. (Pedro Bial, www.corpusdoportugues.org)

Obscuroque denota tristeza; sombrio, tenebroso. Que não é claro para o espírito, que é difícil de compreender, de explicar.

Exemplo:  Dessa forma, encontrando, no seu natural melancólico, cheio de uma doce tristeza e de um obscuro sentimento da mesquinhez do seu destino, terreno propício, o livro de Casimiro de Abreu caiu-lhe n' alma como uma revelação de novas terras e novos céus. (Clara dos Anjos, Lima Barreto)


Referências:
Davies, Mark and Michael Ferreira. (2006-) Corpus do Português: 45 milhões de palavras, 1300s-1900s. Disponível em http://www.corpusdoportugues.org.
Dicionário Eletrônico Houaiss, 2009.


sexta-feira, 22 de maio de 2015

O que significa, em espanhol, “ser un tiquismiquis”

A palavra tiquismiquis, em espanhol, originou-se do latim medieval hispânico também chamado de “latín macarrónico”, isto é, um latim pouco acadêmico, digamos, defeituoso. O pronome “mihi” (para mim) sofreu uma extravagante ultracorreção e passou a escrever-se como “michi”, atribuindo à letra ‘h’ uma artificial pronunciação gutural. Por analogia, ocorreu a mesma alteração com o pronome “tibi”  (para ti),  que se tornou “tichi”. Daí surgiu a expressão tiquismiquis, literalmente “para tí, para mí”, fazendo alusão às pessoas extremamente minuciosas na hora de repartir alguma coisa. A palavra tiquismiquis teria sido registrada pela primeira vez por Cervantes, em 1615.

Um tiquismiquis é uma pessoa apreensiva que tem nojo de tudo, cheia de melindres, que vive se queixando de detalhes pequenos sem importância, aquela pessoa, por exemplo, que fica separando a cebola na comida; que não gosta de comer fora de casa, porque não sabe como a comida foi preparada e porque prefere usar a louça que ela mesma lavou; que não pega amendoins de uma tigela onde todos comem juntos; que tem nojo de comprar um livro num sebo; que jamais dará uma lambidela num sorvete alheio para experimentar o sabor; que não consegue desviar os olhos da espinha inflamada de seu interlocutor; que quase vomita ao ver alguém beijar seu cachorro; que se nega a aceitar em sua bebida cubinhos de gelo que alguém insiste em colocar com a mão; que passa a mão instintivamente no assento da cadeira para tirar sujeira alheia; que prefere descer pela escada para não enfrentar um elevador cheio de pessoas, ou melhor, de bacterias.



Também se usa a palavra tiquismiquis para designar aquela pessoa excessivamente meticulosa e perfeccionista que briga com o pintor, por exemplo, porque ele deixou cair alguns respingos de tinta no chão. 

Vejamos alguns exemplos de uso:

Este exemplo foi extraído num desses sites que oferece reservas de hotéis e onde os hóspedes registram suas impressões:

“No soy «tiquismiquis» pero hemos pasado una noche mi esposa, mi hija y yo, y la habitación que nos ha tocado más bien parece de una mala pensión que de un hotel de cuatro estrellas. Muebles viejos, paredes para pintar, tarima flotante de pena, bañera y mampara para cambiar, toallas viejas, etc.

Este outro exemplo foi retirado do romance “Los enamoramientos”, do escritor espanhol Javier Marías:

—¿Qué pasa? ¿Qué he dicho? ¿Es por la palabra ‘huevos’? Pues muy tiquismiquis sois aquí. Podía haber utilizado una peor, al fin y al cabo ‘huevos’ es un eufemismo. Vulgar y gráfico y muy abusado, lo reconozco, pero no deja de ser un eufemismo.

Mais um exemplo, desta vez, extraído da versão on-line do jornal El País, da coluna El Comidista:

El tiquismiquis
Nuestro primer biotipo se caracteriza por irritarse ante los detalles más nimios. Le molesta todo: que el mantel tenga una arruguita, que las copas no sean de cristal ultrafino como las que le tocaron en el sorteo del Carrefour, que el plato tenga una pequeña mella sólo perceptible bajo el microscopio o que los camareros no le hagan reverencias como si fuera la reina de Inglaterra. Frase identificativa: "Me pusieron cerca de la puerta, había corriente y me pillé una gripe que me ha tenido tres meses en la cama".



Algumas possíveis traduções ao português da expressão “tiquismiquis”: melindroso, escrupuloso, fresco, cheio de não me toques, cheio de nove-horas, nojento, etc.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Análise contrastiva da acentuação ES - PT


Algumas palavras escrevem-se exatamente igual em espanhol e em português, diferenciando-se apenas através da sílaba tônica. São as chamadas heterotônicas. Por exemplo, a palavra nível, que é paroxítona em português é oxítona em espanhol.

Para ver uma lista das principais heterônicas, clique aqui.

A pronunciação errada dos heterotônicos geralmente não provoca interferências significativas na comunicação. No entanto, se você deseja aperfeiçoar-se no espanhol, deverá superar este problema fonético.

Façamos agora uma análise contrastiva da acentuação em português e espanhol.

  • Em espanhol, não existe o acento grave usado para marcar a crase, ou seja, a fusão do ‘a’ artigo + o ‘a’ preposição (à).

  • Tampouco existe o acento circunflexo, e o apóstrofo é arcaico e pouco usado.

  • Por outro lado, em espanhol, ao contrário que em português, ainda se usa o trema no ü em palavras como pingüino, lingüística, etc.


Aliás, a supressão do trema pelo novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AOLP) foi um grande deslize em minha opinião. Como explicar a um aluno em fase de alfabetização que o ‘u’ de “pinguim” deve ser pronunciado, enquanto que o ‘u’ de “pinguinho” não? Ou que o ‘u’ de “tranquilo” deve ser pronunciado e o ‘u’ de “esquilo” não? Sem falar de outras palavras menos usais que levantam muitas dúvidas, tais como apropinquei, delinquiu, rastaquera, quinquênio e outras.

  • O ‘i’ do encontro vocálico ‘ui’ em palavras paroxítonas que em português são considerados hiatos, em espanhol são ditongos e não se acentuam: incluido, construido, jesuita, destruido, excluido, etc. O ditongo ‘ui’, em espanhol, só leva acento gráfico quando é oxítona, ou proparoxítona: bejuí, cuídate.

  • Em espanhol, ao contrário que em português, acentuam-se as letras ‘u’ e ‘i’ finais em oxítonas: menú, pacú, bambú, tabú, Moscú, recibí, escribí, colibrí, alelí, etc.

  • Em espanhol, ao contrário que em português, não se acentuam as paroxítonas terminadas em ditongo, tais como: patria, mafia, estatua, armario, gloria, calvario, arteria.

  • Por outro lado, acentuam-se o ‘i’ e o ‘u’ para marcar os hiatos e distingui-los dos ditongos em palavras como: tenía, recibía, ponía, leía, olía (pretérito imperfeito do indicativo), geografía, filosofía, geología, río, frío, tío, maíz, raíz, grúa, acentúa, continúa, etc.

  • Em espanhol, acetuam-se as sílabas tônicas anteriores à antepenúltima sílaba (sobresdrújulas) em palavras como advérbios de modo terminados em ‘mente’: fácilmente, trágicamente, rápidamente, esporádicamente, etc.; ou ainda, em formas verbais resultantes da união do verbo no imperativo afirmativo e dois pronomes oblíquos: regálaselo, búscamela, escríbeselo, recomiéndasela, estúdiatelo, cómanselas, etc.

  • Em espanhol, todos os interrogativos exclamativos são acentuados. ¿Qué?, ¿Cómo?, ¿Dónde?, ¿Cuánto?, ¿Cuándo?, ¿Quén(es)?, ¿Por qué?, ¿Cuál(es)?, ¿Adónde?, ¡Qué!, ¡Cómo!, ¡Cuánto!, etc. 
Observação: Vale esclarecer que estes pronomes também serão acentuados nas     interrogativas e exclamativas indiretas, ou seja, quando os sinais de exclamação ou interrogação não aparecem, mas são implícitos. Exemplos: 
No sé cuánto tiempo le queda, Ya no me acuerdo cómo se llama, No tiene idea de cuál es su clase, No sabes cúanto te hecho de menos, Tu padre sabe de qué se trata, Esta receta no explica bien cómo se prepara, Pregúntale al técnico cómo funciona este cacharro.
  • Em espanhol, não se acentuam os monossílabos: gas, mes, da, fue,  etc. , exceto os diacríticos:

      te (pronome oblíquo) / (chá);
      mi (pron. poss., nota musical) /  (pron. oblíquo);
      si (condicional, nota musical) /  (afirmação);
      tu (pron. possessivo) / (pronome reto);
      de (preposição) / (verbo dar);
      se (pronome reflexivo) / (verbo saber);
      mas (adversativa) / más (adição, intensidade);
      aun (também) / aún (ainda).

Observação: o pronome oblíquo “ti” não se acentua.



Resumo das regras de acentuação do espanhol

Oxítonas (agudas)

São acentuadas as palavras terminadas em vogaln ou s.
Exemplos: corazón, café, menú, recibí, sofá, colibrí, dominó, quizás, etc.

Paroxítonas (graves)

São acentuadas as palavras terminadas em consoante, exceto n e s.
Exemplos: árbol, tórax, débil, fácil, azúcar, ágil, ámbar, etc.

Proparoxítonas (esdrújulas)

Todas são acentuadas.
Exemplos: oxígeno, médico, pájaro, matemática, análisis, ejército, etc.

Sílaba tônica anterior à antepenúltima sílaba (sobresdrújulas)

Todas são acentuadas.
Exemplos: explíquemela, cómpratelo, rápidamente, fácilmente, etc.

E para fechar o assunto da acentuação, não se esqueçam de usar sempre o acento, pois a falta dele pode causar ambiguidades.




segunda-feira, 18 de maio de 2015

Junto ou separado

Junto em português
Separado em espanhol
Através
A través
Portanto
Por tanto
Apesar
A pesar
Talvez

Enfim
Tal vez (a forma ‘talvez’ também é aceita pela RAE)
En fin

Separado em português
Junto em espanhol
Em cima
encima
À parte
Em cima

Ao redor
aparte
enseguida* / en seguida (preferível*)
Alrededor

  1. Os números de 20 a 29 escrevem-se junto em espanhol: veintiuno, veintidós, veintitrés, veinticuatro, veinticinco, veintiséis, veintisiete, veintiocho, veintinueve.
  2. Em espanhol, a maioria dos prefixos liga-se à base sem hífen, diferentemente do português: exmarido, expresidente, bienestar, bienvenido, vicedirector, prehistoria, posgrado, etc. Aliás, é errado dizer "separado por hífen" o correto é "unido por hífen" pois o hífen serve para unir e não para separar. Para saber mais sobre o emprego dos prefixos em espanhol, clique aqui.
  3. Em espanhol, os pronomes oblíquos ligam-se ao verbo sem hífen quando o verbo se encontra no infinitivo, gerúndio ou imperativo afirmativo: regalárselo, ponértelo, vistiéndome, saludándole, ofreciéndoselo, siéntate, vestíos, quedaos, etc.


Vejamos algumas palavras que mudam de significado quando juntas ou separadas.

Acerca de = Ya hemos hablado acerca de esto (locução adverbial, sobre)

A cerca de = Las pérdidas llegan  a cerca de un millón de pesetas (valor aproximado)

A cuestas = Lleva la leña a cuestas (locução adverbial, sobre as costas)

Acuestas = Si te acuestas temprano dormirás más (do verbo ‘acostarse’, ou seja, deitar-se)

Así mismo = Lo hizo así mismo (advérvio así + adjetivo mismo para reforçar o advérbio de modo). 

A sí mismo = Los tres ediles se votaron a sí mismos en la investidura (a si mesmos = preposição + pronome reflexivo + adjetivo).

Así mismo, Asímismo = Asímismo/Así mismo, señalaba que no se ha planteado en ningún momento formar parte del gobierno (significa "também").

A fin = Hablaremos todos a fin de resolver el problema (locução conjuntiva que significa para)

Afín = Es una filosofía afín a la nuestra  (adjetivo que denota proximidade, afinidade)

Por menor = Compraremos al por menor (locução adverbial de modo, significa no varejo)


Pormenor = Hay que estar atento al más ligero pormenor  (substantivo, significa detalhe)

Sobre todo = Hay muchos turistas, sobre todo, alemanes (principalmente)

Sobretodo = Mi amiga se compró un sobretodo monísimo en las rebajas (casaco, sobretudo)

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Brincadeiras infantis populares em espanhol

Fonte: www.20minutos.es

Atualmente, com à popularidade dos jogos eletrônicos, do celular e do computador, e ainda, devido ao medo da violência, é difícil ver as crianças reunidas na rua para brincar. Este artigo tem o objetivo de valorizar essa forma de interação, pois nada mais saudável e divertido que brincar com os amigos sem precisar de muitos recursos para isso. O espaço não precisa ser a rua, é claro, pode ser a escola, o condomínio, a praça, etc. Primeiro darei o nome, em espanhol, das brincadeiras infantis mais populares.

Depois apresentarei uma brincadeira de roda muito popular na Espanha chamada  Antón Pirulero, da qual podem participar crianças entre 5 e 95 anos de idade... Se você for professor de espanhol, poderá brincar com seus alunos. O veo veo, o ahorcadito e o Tutti Frutti, também são excelentes brincadeiras para levar à sala de aula. As crianças gostam muito e aprendem brincando. É uma forma divertida de aprender vocabulário, além de incentivar a brincadeira em grupo, a obediência às regras, etc. Falaremos mais desse tipo de estratégia e de outras brincadeiras em outros artigos.

Amarelinha = rayuela
Queimada = pelota muerta, pelota bota
Cabra-cega = la gallina ciega
Pular corda = saltar a la cuerda, saltar a la comba
Pular elástico = saltar a la goma
Jogo da velha = ta-te-ti, tres en raya, la vieja, gato (México).
Pedra, papel e tesoura = piedra, papel o tijera, hakembó, chin-chan-pu
Pega-pega = policía y ladrón
Pega-congela = encantados
Pique-esconde = escondite
O que é, o que é? = veo veo
Cabo de guerra, cabo de força = el juego de la soga, sogatira, tira y afloja
Jogo da forca = ahorcadito

Jogo das cinco Marias = taquichuela, juego de los cantillos
Stop = tutti frutti
Bolas de gude = canicas
Ioiô = yoyo
Pião = rombo
Pipa, papagaio = cometa

Como brincar de Antón Pirulero?
  1. Primeiro escolhe-se o "Antón Pirulero".
  2. Todos se sentam em roda, inclusive o Antón Pirulero.
  3. Cada participante, exceto o Antón Pirulero, escolhe um instrumento musical (flauta, violino, piano, violão, tambor, gaita, etc.) para fazer a mímica. Todos cantam a música do Antón Pirulero, fazendo mímica como se estivesse tocando o instrumento escolhido.
  4. O Antón Pirulero fica girando os antebraços, um em torno do outro, com os braços flexionados e, de forma imprevista, copia a mímica de um dos integrantes do grupo, que imediatamente realizará o movimento do Antón Pirulero. Assim, sucessivamente. Aquele que esteja distraído e não perceba que o Antón Pirulero está copiando sua mímica, deverá “pagar uma prenda” (pagar um mico).

O tempo todo os participantes cantarão a música do Antón Pirulero.

Música
Antón, Antón, Antón Pirulero,
cada cual, cada cual, que aprenda su juego,
y el que no lo aprenda,
pagará una prenda.

Fonte: www.youtube.com

A brincadeira do Antón Pirulero tem variações na letra e na forma de brincar conforme o lugar, mas basicamente é isso. É possível mudar o objeto da mímica, em vez de instrumentos musicais, pode ser mímica de tarefas: pintar as uñas, bordar, lavar, passar, pentear o cabelo, varrer, em fim... Se a roda de crianças for muito grande, ou se elas ainda forem muito pequenas, é possível facilitar a brincadeira de modo que todos os participantes tenham que acompanhar a mímica do Antón Pirulero, e aquele que se distrair paga a prenda.

Quanto à prenda, deve ser um castigo divertido, que não deixe a criança constrangida: dar uma volta na roda pulando numa perna só, imitar um bicho, contar uma piada, cantar uma música, falar em espanhol, enfim, há muitas possibilidades.

A seguir, um vídeo onde todas as crianças fazem as mesmas mímicas:




Clique na figura para melhorar a visualização

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Teclas de atalho para inserir aspas latinas («») nos textos em espanhol


Em português, usamos as aspas inglesas, também chamadas de duplas ou elevadas “”, em espanhol, as latinas «». Em espanhol, não há uma unanimidade quanto ao nome destas últimas. Uns as chamam de “comillas latinas”, outros de “españolas”, francesas ou “angulares”. O fato é que estas são as aspas recomendadas pela Real Academia Espanhola (RAE).

«Cada uno es como Dios le hizo, y aún peor muchas veces.», Miguel de Cervantes.

Apesar da popularidade das aspas inglesas (“”), seu uso é considerado um anglicismo.

Seguindo a recomendação da RAE, em um texto impresso, utilizaremos as aspas latinas em primeiro lugar; em segunda instância, as aspas inglesas e,  em último lugar, as aspas simples («     »):



«Alberto exclamó: “¡Menudo ‘cacharro’ se ha comprado Paco!”».

As teclas de atalho para inserir as aspas latinas de abertura são:
ALT+174 = «

Para o fechamento das aspas:
ALT+175 = »

Observações:
  1. Mantenha a tecla ALT pressionada até digitar toda a sequência numérica.
  2. Algumas pessoas utilizam o sinal maior que (<) e menor que (>) duplicados em lugar das aspas latinas. Esse uso é incorreto.

<<INCORRETO>>,  «CORRETO»

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Localizar e Substituir

Um recurso muito útil para o tradutor é a opção Localizar e Substituir, oferecida pela maioria dos editores de texto. Essa opção permite localizar uma palavra no texto e substituí-la por outra, o que facilita enormemente nossa vida, pois nos permite substituir automaticamente, por exemplo, todas as ocorrências da palavra “também” por “también”. O que, num texto muito extenso, pode representar centenas, ou até mesmo, milhares de substituições,  isso significa reduzir consideravelmente o tempo que empregaríamos se traduzíssemos manualmente todas as ocorrências.

Fácil não?

Parece, mas não é...

É o Denorex! (os mais novos não entenderão minha piadinha sem graça, mas a turma dos anos 80 sabe a que me refiro... era o slogan, ou melhor, um bordão, de um shampoo, ou melhor, de um xampu anticaspa... às vezes é difícil evitar os estrangeirismos). Mas o que estou fazendo?...estou aqui falando de economizar tempo e perco quase três linhas de texto falando do bordão de um xampu que ninguém mais usa... francamente!

Como eu ia dizendo, parece fácil... porém, no entanto, contudo e todavia... não o é!

Este recurso deve ser usado com muita parcimônia e perspicácia, ou se preferir, parcicácia e perspimônia... ai, me desculpem, acho que estou com dificuldade de manter o foco, ou a foca... agora parei, é sério.

Vou contar a história que aconteceu com um tradutor principiante, primo do cunhado do vizinho do colega do irmão de um amigo meu... o Manolito.

Manolito foi contratado para traduzir, do português ao espanhol, um manual de mais de 30 mil palavras relacionado à área de telefonia. Logo de início, ele viu que havia muitas palavras repetidas ao longo do texto, palavras-chave como: telefone, chamadas, gravação, programação, configuração, atendimento, usuário, assinante, etc. Ele pensou: “Eureka! Se eu usar o recurso Localizar e Substituir, poderei economizar muito tempo!”.

A primeira palavra que Manolito viu à sua frente foi “ação”. Com toda a sede do mundo, Manolito pressionou as teclas Ctrl+U (para exibir a janela Localizar e Substituir no word, não sei qual é o caminho em outros editores de texto, creio que no LibreOffice é Ctrl+H, mas qualquer coisa procure no Google que ele sabe, eu preciso manter o foco, lembra? As teclas de atalho são outras amiguinhas importantes em nossa profissão...) Então, Manolito, sedento, abriu a janelinha mágica e inseriu a palavra “ação” no campo “Localizar”, a seguir, inseriu a palavra “acción” no campo “Substituir por” e clicou no botão “Substituir tudo”...




Uau!!! 1067 substituições!!! 

Manolito, não esperava que houvesse tantas ocorrências, sentiu-se um gênio, um verdadeiro Einstein!

Não gosto de ser desmancha-prazeres, mas a vida é dura e alegria de pobre dura pouco. Após algumas horas de trabalho, sangue suor e lágrimas, Manolito percebeu a presença de palavras estranhas em seu texto: “grabacción”, “configuracción”, “programacción”, “operacción”, “relacción”, “observacción”, “eliminacción”, “indicacción”, etc. E eis a única palavra que lhe veio à mente: “Putz!”.

Mas deixemos o Manolito com seu abacaxi, afinal, já dizia o velho ditado “Em casa de espeto, o ferreiro é de pau”...

Nosso amiguinho errou num ponto básico. Ao usar o recurso Localizar e Substituir, esqueceu-se de marcar a caixa de seleção Localizar apenas palavras inteiras, com isso, não substituiu somente a palavra ação, mas todas as palavras que continham esse segmento: gravação, configuração, programação, operação, etc.




Bom, esse é um erro bastante básico, ao usar o recurso Localizar e Substituir. Mas há outros, menos óbvios, que também podem ocorrer:

Errar na tradução de homônimos, isto é, palavras que tem a mesma grafia, mas significados diferentes.

Exemplo:
Na tradução de um acordo comercial do espanhol ao português, usou-se o recurso Localizar e Substituir para substituir o termo “intereses” pelo correspondente em português “juros”. No entanto, em algumas partes do texto a palavra intereses significava porcentagem sobre um valor emprestado (juros), enquanto que, em outras partes do texto, significava estado de espírito por algo que desperta atenção (interesses).
Nesse mesmo texto, usou-se o recurso Localizar e Substituir para substituir o termo "inversión", em espanhol, por "investimento". No entanto, algumas ocorrências do termo referiam-se a investimento, enquanto que outras se referiam ao fato ou efeito de 'inversão', ou seja, a troca pelos contrários, a posição a ordem o sentido das coisas.

Errar ao traduzir palavras que podem fazer parte de expressões idiomáticas ou que podem ter sentido figurado.

Exemplos:
Na tradução de um texto sobre matemática, usou-se o recurso Localizar e Substituir para substituir a palavra “suma”, do espanhol, pela palavra “soma” ao longo do texto, o que resultou em erro na tradução da expressão “de suma importância” por “de soma importância”.

Na tradução de um texto de engenharia do espanhol ao português, usou-se o recurso Localizar e Substituir para, substituir a palavra em espanhol “largo”, referente a medidas, pelo correspondente em português, “comprido”, o que resultou na tradução errada da expressão “a lo largo del tiempo” por “ao comprido do tempo”.

Além de substituir palavras, podemos substituir combinações frequentes como, por exemplo, “haga clic en el botón” por “clique no botão”. Não recomendo utilizar o recurso Localizar e Substituir para traduzir do espanhol ao português os encontros de preposições e artigos pelas respectivas contrações em português. O exemplo a seguir mostrará o que pode acontecer.

Na tradução de um texto do espanhol para o português usou-se o recurso Localizar e Substituir para traduzir “en el” pela contração “no” e as palavras “de los” pela contração “dos”. 

Posteriormente, substituiu-se o advérbio negativo “no” por “não” e o numeral “dos” por “dois”. 

Resultado:
Ao substituir o advérbio negativo “no” por “não” também substituiu-se a contração “no”, em português, por “não”. Ou seja, a frase “clique no botão”, por exemplo, virou “clique não botão”. E ainda, a locução adverbial adversativa "No entanto" virou "Não entanto".

Por outro lado, ao substituir o numeral “dos” por “dois”, substituiu-se também a contração, em português, “dos”. Assim a frase “faça a manutenção dos equipamentos” ficou “faça a manutenção dois equipamentos”.


Fica a dica!