Em português, quando uma pessoa não tem bom caráter ou quando
não inspira confiança, dizemos “não
é flor que se cheire”.
Em espanhol, dizemos “no es trigo limpio”, esta
expressão, como muitas outras da língua espanhola, tem sua origem na
agricultura, no mundo rural. O preço do trigo depende de sua umidade e limpeza:
se ele estiver úmido e cheio de cascas, terá de ser limpo, não poderá ser usado
diretamente, com isso, seu preço de venda será menor. Por isso, se alguém
tentar vender trigo sujo com se fosse limpo, estará tentando nos enganar. Daí
surgiu a expressão “no ser trigo limpio”.
Assim, alguém é “trigo
limpio” quando é de boa lei, de confiança, honrado e incapaz de enganar
ou trair. Por tanto, se não se pode confiar em alguém, os hispanofalantes
dirão:
“-¡Cuidado, no es
trigo limpio!”
Outra expressão bem conhecida relacionada ao trigo tem sua
origem no costume de épocas passadas em que se pagava o dízimo (décima parte da
colheita) ao dono das terras. Os grãos desse trigo deviam ser separados das
espigas , o que deu origem à expressão “separar
el grano de la paja”, que
significa separar o que é bom do que é ruim, em português “separar o joio do trigo”, ou seja, o contrário, separar o que é
ruim do que é bom.
A forma como antigamente os camponeses realizavam o pagamento
aos donos da terra, à igreja e demais entidades por trabalhar na terra;
mediante impostos que, no caso eram pagos com os cereais livres de pó e de
palha, deu origem a outra expressão. Em relação a valores a pagar ou a receber, diz-se que algo “está limpio de polvo y paja”
quando já está livre de todos os descontos, isto é, o valor líquido. Exemplo: “Este coche usado vale lo que pone en el
cartel, limpio de polvo y paja” (ou seja, livre de taxas ou encargos).
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