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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Filha do poeta inglês Lord Byron é considerada a primeira programadora da história

Augusta Ada Byron
Matemática inglesa, considerada a primeira programadora de computadores do Mundo, nasceu a 10 de dezembro de 1815, em Londres, e morreu prematuramente a 27 de novembro de 1852, vítima de cancro no útero. Filha do poeta Lord Byron, foi, após o divórcio dos pais, criada e propositadamente incentivada pela sua mãe de forma a desenvolver um maior interesse pela área científica em detrimento da literária. Já estudante de Matemática, conheceu Charles Babbage, um eminente professor daquela disciplina que desenvolvia, na altura, a máquina analítica. Fascinada pelo projeto, Byron escrever-lhe-ia mais tarde, expondo as suas ideias sobre a inovadora máquina de calcular, que, na opinião de Babbage, ultrapassavam em muito o seu próprio raciocínio. 

Tendo compreendido integralmente o funcionamento e as capacidades deste engenho, acabou por lhe projetar diversas funcionalidades - conceção de gráficos, inteligência artificial e composição de música complexa, por exemplo - e sugerir a Barbbage que desenvolvesse um plano sobre como a máquina poderia calcular números de Bernoulli. Este plano seria, mais tarde, considerado pioneiro na história do desenvolvimento de programas para computador. Em homenagem à condessa de Lovelace - assim conhecida pelo seu casamento com William King, conde de Lovelace - foi atribuído, em 1979, o nome ADA a uma linguagem de programação desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos EUA.


O talento de Augusta Ada Byron esteve, até meados do século XX, encoberto pelo de Charles Babbage. Hoje em dia, porém, é vista e reconhecida como uma verdadeira visionária, um elemento essencial no campo do desenvolvimento das ciências de computação.

in Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-04-24 13:17:39]. Disponível na Internet: 

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Minha biblioteca de tradutora

Dias atrás publiquei uma entrada sobre os livros que marcaram minha infância e hoje estou aqui para apresentar minha biblioteca de tradutora. 

Gostaria de ter mais tempo para falar mais de cada um desses livros e até mais tempo para sentar no sofá e passear por suas páginas, absorvendo o conhecimento, dialogando, questionando e divergindo...

Sim, um bom livro não é aquele que agrada 100% ao leitor, um bom livro é aquele que tem o poder de tirar o leitor de sua zona de conforto, de abalar suas convicções, de fazê-lo ver as coisas de outro ângulo.

Minha biblioteca ainda é muito modesta e devo muito dela a minha tia que me presenteou com várias obras maravilhosas. É verdade que os livros não são baratos, mas todo tradutor que se preze precisa ler muito. Há muita coisa disponível na Internet, há uma infinitude textos, trabalhos acadêmicos, blogs e grupos de discussões, hoje em dia, a informação está muito acessível, só precisamos aprender a filtrá-la. 

Mas se você é daqueles que ainda aprecia um livro em papel, também pode contar com várias facilidades, além da possibilidade de parcelar a compra, há também os sebos na internet como o Estante Virtual que tem uma grande variedade de obras novas e usadas a preços bastante acessíveis. Não tenho nenhum preconceito com livros usados, com livros em formato eletrônico. Livro é livro, e é sempre bem-vindo!

Meus livros queridos ganharam uma caixa exclusiva em nossa mudança de Florianópolis a Belém e, felizmente, chegaram sãos e salvos pelas mãos da transportadora. Ufa!

A tradução técnica e seus problemas. Álamo, 1983. Organizado por Waldivia Marchiori Portinho. 
Este livro é uma coletânea de palestras promovidas pela ABRATES em outrubro e novembro de 1979, sobre esse tema. No primeiro capítulo, Paulo Rónai, fundador da associação, trata de Problemas Gerais de Tradução, as questões da fidelidade e da literalidade, das palavras semelhantes, da conotação, da segmentação da realidade e tantos outros que perturbam o tradutor.


A Tradução Vivida, de Paulo Ronái. 2ª Edição Ampliada - Coleção Logos. Editora Nova Fronteira.
Uma obra fundamental do grande mestre Paulo Ronái, peça-chave na biblioteca do tradutor.
Publiquei uma resenha deste livro aqui no blog.


A tradução literária, de Paulo Henriques Britto. Coleção Contemporânea. Editora Civilização Brasileira.
Excelente livro sobre tradução literária. Ainda publicarei uma resenha sobre este livro, sem dúvida, o merece.


El libro del español correcto. Claves para escribir y hablar bien en español.
Além de resolver as dúvidas mais comuns sobre o uso culto do idioma, é um compendio atualizado das pautas ortográficas mais aconselháveis e reúne recomendações práticas para elaborar textos bem estruturados.  Inclui textos muito úteis para resolver dúvidas linguísticas em numerosos contextos, entre eles o laboral, as novas linguagens ou as redes sociais.


Dicionário de Verbos e Regimes, de Francisco Fernandes. 44ª edição. Editora Globo.
Reúne mais de 11.000 verbos em suas diversas acepções e regências, devidamente abonadas por exemplos extraídos dos clássicos.


LAS 101 CAGADAS DEL ESPAÑOL: REAPRENDE NUESTRO IDIOMA, de Mariz Irazusta. S.L.U. ESPASA LIBROS, 2014.
Com rigor e humor, este divertido "bestiário de transgressões linguísticas" sai ao resgate da maltratada língua espanhola, seguindo a máxima platônica de que aprender é relembrar.


Gramática Metódica da Língua Portuguesa, de Napoleão Mendes de Almeida. 46º edição. Editora Saraiva.
Esta é a gramática de mais longa vida em toda a história da literatura brasileira como portuguesa. Aprendi muita coisa com esta grande obra.


Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla.
Esta versão de bolso é uma ótima ferramenta para elucidar as dúvidas mais correntes em nosso dia a dia. Apesar de não se aprofundar nos temas, cumpre o que se propõe a ser: uma fonte de consulta rápida.




DICIONÁRIO VISUAL SBS - PORTUGUÊS / ALEMÃO / ESPANHOL
Este dicionário é útil para traduções técnicas de manuais do usuário, folhetos explicativos, etc. Apresenta uma ampla coletânea de 3.600 ilustrações, classificadas por temas (astronomia, terra, reino vegetal, reino animal, o ser humano, casa, vestuários, comunicações, etc.). As ilustrações mostram o objeto com precisão e detalhes, cujas principais partes são identificadas com a terminologia especializada nos três idiomas.


DICIONARIO DE LA LENGUA ESPAÑOLA DE LA REAL ACADEMIA ESPAÑOLA. 22ª edição. Editora Espasa.
Dispensa comentários. Foi um belíssimo presente de minha tia, porque eu me contentaria com a versão on-line, mas é um motivo de orgulho poder contar com esse exemplar em minha biblioteca.


Nueva Gramática de la Lengua Española RAE
Outro presente da titia, é a primeira gramática acadêmica desde 1931. Publicada em três volumes, a obra se articula em três partes fundamentais: uma dedicada à morfologia, que analisa a estrutura das palavras, sua constituição interna e suas variações; outra à sintaxe, que se ocupa da forma em que se ordenam e se combinam, e a que se dedica à fonética e à fonologia, que estuda os sons da fala e sua organização linguística.




Ortografía de la Lengua Española, da RAE.
Mais um presente da titia!


Diccionario de dichos y frases hechas, de Alberto Buitrago.
Adivinhem?
Sim, presente da titia, também! Essa minha tia é demais. Se dependesse de mim, minha biblioteca seria bem mais modesta...
Adorei este livro porque eu tenho muita curiosidade  pela origem de frases e ditados populares, é um assunto muito instigante e que abrange aspectos históricos e culturais e, em minha opinião, enriquece muito a comunicação.



Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, de Domingos Paschoal Cegalla. Companhia Editora Nacional.
Adivinhem?
Titia?
Não, esse livro eu comprei com o fruto de meu trabalho, foram várias laudas traduzidas... é tradutor tem de investir na formação!
É uma gramática muito acessível, o conteúdo é organizado de forma muito didática e as explicações são claras e ilustradas com bastantes exemplos. É uma gramática leve para alcançar um estágio intermediário, eu diria que seu ponto alto é o caráter didático.
Pela aparência na foto, dá para ver que ela já foi bem batidinha, não?





sexta-feira, 17 de abril de 2015

A dificuldade de traduzir colocações

As colocações são combinações estáveis de palavras empregadas de maneira preferente pelos falantes de um idioma. As colocações não estão estabelecidas por normas, elas são fruto de convenção e os falantes nativos as utilizam quase que instintivamente. O termo colocação originou-se do latim e significa ‘colocar junto’ (con e locare).

Para o tradutor é um grande desafio traduzir colocações, por outro lado, são elas que outorgam naturalidade ao texto. Em muitos casos, a tradução de colocações passa despercebida pelo tradutor, já que, geralmente, essas associações não apresentam problemas de compreensão. A maior parte das colocações é composicional, ou seja, cada um dos componentes contribui com uma parte do significado, assim, conhecendo o significado das partes conseguimos compreender o todo (cometer un error). Ao contrário das expressões idiomáticas cujo significado se produz em bloco, como um todo (meter la pata).

A dificuldade encontra-se na produção dessas unidades, uma vez que não foram memorizadas de forma consciente pelo falante. De fato, o que muitas vezes ocorre é que há uma associação na língua de chegada que soa mais natural e é comumente utilizada naquele dado contexto. O tradutor não consegue, no entanto, resgatar aquela forma equivalente.

Se um lusofalante disser “He visto una película en negro y blanco” o hispanofalante entenderá, mas sentirá um estranhamento, porque em espanhol convencionou-se dizer “blanco y negro” e não “negro y blanco”, como em português. Assim, o domínio dessas expressões consolidadas outorga naturalidade ao falante da língua estrangeira.

As colocações não devem ser traduzidas literalmente. A combinação em espanhol "pan rallado" traduzida ao português é "farinha de rosca", a tradução literal "pão ralado" não é convencional, não se usa. Em espanhol se diz "cortar en dados"; em português, "cortar em cubos". São pequenos detalhes que fazem a diferença.

Imaginemos outra cena em que um turista brasileiro chega ao balcão de uma cafeteria na Espanha e pede um “café negro”, o atendente sentirá um estranhamento e provavelmente devolverá a pergunta para confirmar se entendeu bem “¿Un café solo?, e talvez o turista responda “No. También un bocadillo de jamón”. Enquanto que em espanhol convencionou-se a combinação "café solo" para o café sem adição de leite; em português, consolidou-se a combinação "café preto".

Café solo = café preto

Deixando os trocadilhos de lado, vejamos algumas colocações comuns na língua espanhola e suas respectivas traduções.

Há diversos tipos de colocações:

Substantivo + preposição + substantivo
fondos de inversión = fundos de investimento
tipos de interés = tipos de juros
loncha de jamón = fatia de presunto

Substantivo + adjetivo
café solo = café preto
soltero empedernido = solteirão convicto
atención primaria = atendimento primário, atendimento básico
sector puntero = setor líder

Verbo + (artigo) + substantivo
celebrar una reunión = realizar uma reunião
dar abasto = dar conta
tomar cuerpo = tomar forma
zanjar la polémica = resolver a controvérsia
plantear problemas = apresentar problemas
sentar las bases = estabelecer as bases
impatir una clase = ministrar uma aula
jugar un rol = desempenhar um papel
entablar una conversación/relación = estabelecer uma conversa/relação

Verbo + preposição + substantivo
llover a cántaros = chover intensamente (chover a cântaros)
llevar a cabo = realizar
dar por sentado = dar por certo
poner en marcha = colocar em funcionamento
ponerse de acuerdo = concordar

Verbo + advérbio
saludar efusivamente = cumprimentar efusivamente

Adjetivo y adverbio
asquerosamente rico = repugnantemente rico 
rematadamente loco = totalmente louco

terça-feira, 14 de abril de 2015

Livros que marcaram minha infância

Desde que minha mãe me ensinou a ler, aos 5 anos de idade, fiquei encantada pelo mundo das palavras. Quando saíamos de carro eu me esforçava para ler o que estava escrito nas placas e perguntava o significado das palavras que não conhecia. Senti vontade de compartilhar aqui um pouco sobre esses livros que marcaram minha vida e que fazem parte de minhas lembranças e de meu imaginário.

Comecei lendo os contos dos irmãos Grimm e dos irmãos Andersen, contos de fadas encantadores com fundo moralista, aventura e magia.


Mas o livro que mexeu mesmo comigo, anos mais tarde, foi um livro de contos de Oscar Wilde que ganhei de minha mãe. Os contos deste livro eram diferentes dos outros, eram envolventes e tristes, falavam das misérias e dos defeitos das pessoas, não tinham um final feliz, mas eu gostava dos sentimentos que despertavam em mim. Eu adorava folheá-lo e também gostava de ler os contos para minha irmã. O livro era uma tradução ao espanhol e, se não me falha a memória, reunia os seguintes contos: El Príncipe Feliz, El ruiseñor y la rosa, El gigante egoísta, El cumpleaños de la infanta, El joven rey.


Para ter uma noção da atmosfera de desesperança e desilusão dos contos de Wilde, em O Aniversário da Infanta, o rei presenteia a filha com um anão disforme que arranca risadas da infanta. O anão, que não é consciente de seu aspecto físico, acha que ela está feliz porque corresponde a seu amor. Mas ao passar na frente de um espelho e ver sua imagem refletida pela primeira vez, o anão percebe o verdadeiro motivo do prazer da princesa é seu aspecto monstruoso, não suporta a dor e cai morto no chão. Quando a princesa pergunta a um fidalgo porque o anão não se mexe mais, o fidalgo responde que este não se mexe porque seu coração se quebrou. E a princesa pede ao fidalgo que a partir de então procure para brincar com ela aqueles que não tenham coração.  


Um Bom Diabrete, da Condessa de Ségur foi um livro do qual gostei tanto que li sete vezes.


Devorei os livros da Coleção Vaga-lume, de Maria José Dupré e de J. M. Simmel.


Um livro que também me marcou muito e que devo ter lido aos 12 ou 13 anos e somente há pouco tempo, várias décadas depois, agora em 2018, pude casualmente lembrar o seu nome, quando a Editora Aleph o reeditou, é Nós, de Yevgeny Zamiatin. É incrível pois esse livro sempre esteve em minha memória, e quando li as primeiras páginas da reedição, tive um feliz déjà-vu. Agora me parece engraçado que eu tenha lido um livro tão denso sendo tão criança. Mesmo não entendendo tudo o que ele dizia, eu me emocionei com aquele texto.

Infelizmente agora não tenho muito tempo agora para falar de cada um deles, mas deixo aí as imagens daqueles dos quais me lembro:












Publiquei uma resenha deste livro aqui no blog:
http://www.tradutoradeespanhol.com.br/2013/04/dia-internacional-del-libro-infantil.html


















quinta-feira, 2 de abril de 2015

Como se diz "não ser flor que se cheire" em espanhol?

Em português, quando uma pessoa não tem bom caráter ou quando não inspira confiança, dizemos “não é flor que se cheire”.

Em espanhol, dizemos “no es trigo limpio”, esta expressão, como muitas outras da língua espanhola, tem sua origem na agricultura, no mundo rural. O preço do trigo depende de sua umidade e limpeza: se ele estiver úmido e cheio de cascas, terá de ser limpo, não poderá ser usado diretamente, com isso, seu preço de venda será menor. Por isso, se alguém tentar vender trigo sujo com se fosse limpo, estará tentando nos enganar. Daí surgiu a expressão “no ser trigo limpio”.

Assim, alguém é “trigo limpio” quando é de boa lei, de confiança, honrado e incapaz de enganar ou trair. Por tanto, se não se pode confiar em alguém, os hispanofalantes dirão:
-¡Cuidado, no es trigo limpio!

Outra expressão bem conhecida relacionada ao trigo tem sua origem no costume de épocas passadas em que se pagava o dízimo (décima parte da colheita) ao dono das terras. Os grãos desse trigo deviam ser separados das espigas , o que deu origem à expressão “separar el grano de la paja”, que significa separar o que é bom do que é ruim, em português “separar o joio do trigo”, ou seja, o contrário, separar o que é ruim do que é bom.

A forma como antigamente os camponeses realizavam o pagamento aos donos da terra, à igreja e demais entidades por trabalhar na terra; mediante impostos que, no caso eram pagos com os cereais livres de pó e de palha, deu origem a outra expressão. Em relação a valores a pagar ou a receber, diz-se que algo “está limpio de polvo y paja” quando já está livre de todos os descontos, isto é, o valor líquido. Exemplo: “Este coche usado vale lo que pone en el cartel, limpio de polvo y paja(ou seja, livre de taxas ou encargos).

Esta expressão também é usada para referir-se a pessoas, neste caso, dizer que alguém “está limpio de polvo y paja” significa que está livre de qualquer acusação, isto é, que se trata de uma pessoa isenta. Exemplo: “El PP de León busca un diputado limpio de polvo y paja que asuma la presidencia de la Diputación Provincial de León” (fonte: http://www.elnortedecastilla.es/leon/201410/31/busca-diputado-limpio-polvo-20141031112340.html)