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terça-feira, 30 de setembro de 2014

Feliz dia da tradução!



Hoje, dia 30 de setembro, comemoramos o Dia Internacional da Tradução, celebração promovida pela FIT (Federação Internacional de Tradutores) num esforço para promover a profissão e a união da comunidade mundial de tradutores. A data é uma homenagem a São Jerônimo - padroeiro dos tradutores, bibliotecários e secretárias - que teria falecido nesse dia.

Aproveitemos a ocasião para conhecer alguns dados curiosos e relevantes a respeito de nossa profissão:



Jerônimo de Estridão

Nosso padroeiro, São Jerônimo, cujo nome significa "que tem um nome sagrado" nasceu no ano de 342 em Estridão na divisa entre a Panomia e a Dalmácia (Iugoslávia). Filho de família rica e cristã foi batizado apenas aos 18 anos, segundo o costume da época e teve uma educação cristã desde criança. Consagrou toda sua vida ao estudo e tradução das Sagradas Escrituras.

Os atributos com que se costuma representar esse santo são: chapéu, roupa de cardeal, um leão e, em menor medida, uma cruz, uma caveira, livros e materiais para escrever. O motivo pelo qual é representado com um leão é porque, segundo a lenda, um dia em que São Jerônimo encontrava-se meditando às margens do rio Jordão, avistou um leão que se arrastava para ele com uma das patas atravessada por um enorme espinho. São Jerônimo socorreu a fera e curou-lhe a pata. O animal, agradecido, passou a acompanhar seu benfeitor. Quando São Jerônimo morreu, o leão deitou-se sobre seu túmulo e deixou-se morrer de fome.





A Torre de Babel

O mito da Torre de Babel tem sua origem na bíblia, no livro de Gênesis do Antigo Testamento. Segundo ele, os descendentes de Noé decidiram erguer uma torre entre os rios Tigre e Eufrates, na região da Mesopotâmia, para alcançarem o céu e, assim, tornarem-se célebres. Isso ocorreu em uma época em que todos falavam uma única língua. A vaidade dos homens teria provocado a ira de Deus, que para castigá-los e impossibilitar a empreitada, espalhou as pessoas sobre a terra com idiomas diferentes, provocando o desentendimento entre elas.

Hoje, o mito da Torre de Babel, que em hebraico significa “porta de Deus” é visto como uma tentativa dos antepassados de explicar a origem das diversas línguas no mundo.


História da Tradução

O primeiro tradutor do Ocidente cujo nome se registra foi Lívio Andrônico, que por volta de 240 a.C. traduziu a Odisséia em versos latinos. Névio, Ênio, e, sobretudo, Cícero e Catulo foram também tradutores freqüentes de textos gregos ao latim. De Cícero vem a primeira formulação do preceito de não traduzir verbum pro verbo, palavra por palavra, estabelecida em seu Libellus De Optimo Genere Oratorum, que Horácio incluiria em sua Ars Poetica. Mas foi com a Bíblia e suas traduções que a discussão sobre as bases da atividade tradutória ganhou relevância.







Lutero

Lutero, o monge reformador alemão, revolucionou seu tempo e mudou a história ao desafiar a Igreja Católica Romana publicando suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, contra a venda de indulgências e contra o abuso de poder da igreja.

As teses de Lutero foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Ao cabo de duas semanas, haviam se espalhado por toda a Alemanha e, em dois meses, por toda a Europa. Este foi o primeiro episódio da História em que a imprensa teve papel fundamental, pois facilitou a distribuição simples e ampla do documento que deu início à reforma da igreja.

Posteriormente, com ajuda de amigos, Lutero começou a traduzir o Novo Testamento para o alemão a partir da segunda edição de Erasmo de Roterdão do Novo Testamento grego. Lutero andava pelas ruas e mercados para ouvir as pessoas falarem porque ele desejava que sua tradução fosse acessível ao povo, o mais próxima possível da linguagem contemporânea. A Bíblia de Lutero foi publicada em setembro de 1522 e é considerada como sendo, em grande parte, responsável pela evolução da moderna língua alemã.


Pedra de Roseta

A Pedra de Roseta é um bloco de granito negro. Ela foi descoberta em 1799, numa expedição militar do então general Napoleão e mais tarde foi capturada pelos ingleses.

Sua inscrição registra um decreto promulgado em 196 a.C, na cidade de Mênfis, em nome do rei Ptolomeu V, registrado em três parágrafos com o mesmo texto: o superior está na forma hieroglífica do egípcio antigo, o trecho do meio em demótico, variante escrita do egípcio tardio, e o inferior em grego antigo. O estudo do decreto já estava bem avançado quando a primeira tradução completa do texto grego surgiu, em 1803. Somente 20 anos depois, no entanto, foi feito o anúncio da decifração dos textos egípcios por Jean-François Champollion, em 1822, que desta forma iniciou a ciência de estudo de assuntos referentes ao Egito, a Egiptologia.

A tradução da Pedra de Roseta ainda causa conflitos entre nações e, até os dias de hoje, estudiosos debatem sobre quem deveria levar crédito por decifrar o código dos hieróglifos. Até mesmo a atual localização da pedra é assunto para debate. O objeto sempre foi considerado de grande importância histórica e política.


Escola de Tradutores de Toledo

Após a reconquista da cidade de Toledo (Espanha), e fruto da confluência das três religiões, a cidade adquiriu o apelativo de Cidade das Três Culturas. As comunidades cristã, judaica e muçulmana enriqueceram a cidade com seu conhecimento e tradições. A Escola de Tradutores de Toledo, impulsionada pelo rei Alfonso X, o Sábio, no século XIII, tornou disponíveis grandes trabalhos acadêmicos e filosóficos originalmente produzidos em árabe e hebraico ao traduzi-los para o latim, disponibilizando pela primeira vez uma grande quantidade de conhecimentos para a Europa.

Três séculos depois, Toledo na Espanha se tornara uma notável confluência de sábios arábicos, hebreus e cristãos e havia tomado o lugar de Bagdá como centro de traduções do mundo árabe e, por sua posição geográfica ocidental, um foco de influência sobre os europeus. Os estudiosos ali reunidos, além de continuarem a tarefa de tradução das obras relevantes do grego ao árabe começada em Bagdá, também se ocupavam em traduzir do árabe ao latim. Essas versões permitiram aos europeus uma retomada de contato com a Antiguidade clássica.

Portanto quando na Idade Média europeia um sábio europeu mencionasse um texto de Aristóteles provavelmente estaria citando uma versão latina de uma versão árabe de uma versão síria do texto grego.


As belas infiéis

Na França, d'Ablancourt (1606-1664) e seus seguidores consideravam que a função da tradução era promover o belo e que este consistia em razão e clareza. Criaram assim o conceito de bela infiéis. Em O poder da tradução, o professor John Milton esclarece:

"O conceito de equivalência entre os tradutores franceses dos séculos XVII e XVIII era muito diferente da nossa interpretação contemporânea do termo. A tradução tinha de proporcionar ao leitor a impressão semelhante à que o original teria suscitado, e a pior maneira de fazê-lo seria através de tradução literal, o que pareceria dissonante e obscuro. Seria melhor fazer mudanças a fim de que a tradução não ferisse os ouvidos e que tudo pudesse ser entendido claramente. Somente fazendo essas mudanças, o tradutor poderia criar essa "impressão" semelhante.”.


Os livros mais traduzidos da história

A Bíblia é o livro mais traduzido no mundo, a cerca de 440 idiomas.

Nada menos que seis livros religiosos figuram entre as dez primeiras posições da classificação, isso se explica devido ao fato de que a maioria das religiões pratica o proselitismo, ou seja, que quanto maior o número de traduções, maior será o número de potenciais seguidores.

O Ingenioso Hidalgo Don Quijote de la Mancha é o único livro em espanhol presente na lista dos 20 livros mais traduzidos de todos os tempos. As aventuras do imortal cavaleiro foram traduzidas a 48 idiomas.

Na lista figuram ainda: Pinóquio (260 idiomas), O Pequeno Príncipe (180 idiomas), As aventuras de Tintín (95 idiomas); Pipi Meialonga (64 idiomas), O Diário de Anna Frank (60 idiomas), Harry Potter e a pedra filosofal (57 idiomas), Heidi (48 idiomas). Faz parte da lista o brasileiro Paulo Coelho, com O Alquimista (67 idiomas).


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