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quarta-feira, 10 de setembro de 2014

El burro delante para que no se espante



Em espanhol, o burro sempre vai à frente, em posição dianteira, na vanguarda, ao comando, à direção… 

Explique-se: enquanto no Brasil, não nos acanhamos ao dizer “eu e meu marido…”, “eu e minha colega…”, “eu e meus vizinhos”, “eu, Zezinho e Chiquinho”, etc., na Espanha isso é considerado falta de cortesia; o locutor não deve ser narcisista e colocar-se em primeiro lugar, ele deve ser modesto e citar os outros primeiro.


Convenhamos que esse é um preceito de bons modos que deveríamos adotar por aqui, tanto na fala quanto na escrita, é uma questão de educação e cortesia. Os bons escritores já o fazem e deveríamos seguir seu exemplo.


Por isso, na Espanha, quando alguém diz: “Yo y mi compi…”, alguém logo o repreende, dizendo: “El burro delante para que no se espante”.

A única ocasião em que se recomenda colocar o pronome eu no início da frase é nos casos em que se atribui culpa ao sujeito, nesses caso, por cortesia, o "eu" deve ficar no início como que para assumir a culpa expressa pelo verbo.
Exemplo: "Eu, o professor e o diretor devemos reconhecer que erramos ao tomar esta decisão."

Outro recurso da boa e velha civilidade que devemos utilizar na escrita é o plural de modéstia. Consiste em usar o "nós em lugar de "eu" com o objetivo de tirar o foco do "eu". Ex.: "Em nossa opinião...", "Acreditamos que...", etc.
 



E aproveitando o tema da civilidade e dos provérbios, aqui vão outros refrães cujo intuito é incentivar o bom convívio:


El hombre bien nacido, no niega saludos ni a sus enemigos.”

As boas maneiras não devem ser esquecidas nem mesmo com as pessoas mais íntimas.


Menos mantel y más comer.”

Não devemos ter cuidado excessivo com etiqueta e protocolo e descuidar outras qualidades não menos importantes.


Secretitos en reunión, es falta de educación.”

Cochichar diante de outras pessoas é falta de educação, seja numa reunião formal ou familiar.


Entre amigos y soldados, cumplimientos excusados.”

Significa que com pessoas de confiança não precisamos utilizar um rígido protocolo de cortesia, mas um trato modesto e simples, de confiança.


Quien al poderoso adula, no ensalza, sino especula.”

É uma crítica à cortesia fingida que tem como pano de fundo o interesse material. Semelhante ao refrão: "Al santo, por la peana", que alude ao interesse que demostramos pelo cargo ou posição das pessoas em lugar de interessar-nos pelo que a pessoa é. A palavra “peana” significa, base ou pedestal onde se colocam imagens ou estátuas.


Quien tiene tejado de vidrio, no tire piedras al de su vecino.”

Não devemos criticar os outros quando não somos precisamente um modelo de virtudes.


El hombre discreto, alaba en público y amonesta en secreto.”

Não devemos repreender os erros alheios em público.


Quien de otros habla mal, a otros de ti lo hará.”

Refere-se às pessoas que falam mal de outras na ausência delas. Ou seja, farão o mesmo quando você não estiver presente.


A palabras necias, oídos sordos.”

Devemos evitar dar atenção a rumores, mexericos e àqueles que falam sem razão nem juízo.


El que dice lo que quiere, oye lo que no quiere.”
Aquele que diz o que quer deve estar disposto a ouvir o que não quer, ou seja, quem não duvida em criticar os outros deve estar disposto a ouvir as críticas que lhe são dirigidas.

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