A expressão portuguesa “Agora é tarde, Inês é morta”
tem sua origem numa história de amor proibido e refere-se a uma providência que chega atrasada.
Na Idade Média eram constantes as
disputas entre reinos e os arranjos políticos, por meio de casamentos entre
nobres. Pedro, filho de Afonso IV, rei de Portugal, estava prometido
a Constança Manuel, filha de um descendente de monarcas dos reinos de Aragão,
Castela e Leão.
A contragosto, Pedro submeteu-se ao
casamento, mas foi buscar o amor em outra mulher: Inês de Castro, dama de
companhia de sua esposa. O indiscreto caso de amor incomodou a Corte. O rei Afonso
IV ordenou que Inês deixasse o país. Mesmo estando exilada em Albuquerque, em
Castela, Inês continuou a corresponder-se com Pedro.
Quando Constança morreu num parto, em
1345, o príncipe trouxe de volta sua amante para Coimbra e a instalou num
palácio perto do mosteiro de Santa Clara, que podia ser avistado de seu quarto.
Em 1347, Inês deu à luz ao primeiro
de quatro filhos com o infante. Mas o povo comentava e condenava o adultério,
enquanto a peste negra, considerada sinal da cólera de Deus, chegava à região.
Indiferentes a tudo, Pedro e Inês viviam seu grande amor.
O príncipe aproximou-se dos irmãos
de Inês que eram partidários da reanexação de Portugal pelo reino da Espanha. Temendo
pela independência de Portugal, D. Afonso IV mandou matar Inês. Em 7 de janeiro
de 1355, Inês foi degolada sem piedade enquanto Pedro havia saído para caçar.
Ao retornar, Pedro ficou louco de
dor e levantou um exército contra seu pai, este revidou. O confronto só terminou
com a intervenção da rainha-mãe, dona Beatriz. Com a morte de d. Afonso IV, dois
anos mais tarde, em 1357, Pedro subiu ao trono de Portugal e vingou-se de dois
dos assassinos de Inês, ordenando que os matassem e lhes arrancassem o coração.
Para reparar o mal feito à amante,
Pedro jurou que haviam se casado em segredo, o que fazia de Inês rainha,
merecedora de todas as honras. Em abril de 1360, o corpo de Inês foi
transferido solenemente do convento de Coimbra para o mosteiro Real de
Alcobaça, onde eram enterrados os monarcas portugueses. Reza a lenda que o cadáver
de Inês teria sido colocado no trono, e a realeza portuguesa teria sido obrigada
a beijar-lhe a mão.
(Fonte: http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/ines_de_castro_-_a_rainha_morta.html)
(Fonte: http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/ines_de_castro_-_a_rainha_morta.html)
Assim, a expressão “Agora é tarde,
Inês é morta” refere-se à situação em que a providência chega tarde. Outra
expressão equivalente em português é: “Casa arrombada, trancas à porta”.
A Fonte dos Amores, onde os amantes
trocavam confidências, hoje é ponto turístico de Coimbra.
Em espanhol, a expressão idiomática
para referir-se a uma solução que chega tarde demais é “A buenas horas, mangas verdes”.
Sua origem remonta aos tempos em que
reinavam os Reyes Católicos, mais exatamente em 1476, ano em que os reis
criaram um corpo de segurança encarregado de prestar socorro em qualquer
emergência: a Santa Irmandade.
Os membros desse corpo trajavam uma roupa cujas
mangas eram verdes.
Segundo os cronistas da época, a
pontualidade não era um atributo desse corpo de soldados. Quase nunca
conseguiam chegar a tempo para atender as emergências. Quando chegavam,
frequentemente os moradores já haviam conseguido superar as adversidades por si
mesmos e, assim, os membros da ordem eram recebidos com a frase: “A buenas horas, mangas verdes”.
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