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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Entrevista com a tradutora Renata Moreno



Renata Moreno é brasileira naturalizada espanhola e vive no interior paulista. Graduou-se em Direito e ingressou aos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil no mesmo ano de sua formatura, 1998. Especializou-se nas áreas de direito civil, consumidor e contratos pela Escola Superior de Advocacia e atuou durante vários anos exclusivamente para empresas. Estudou espanhol pelo Instituto Cervantes e pós-graduação em tradução de espanhol pela Universidade Gama Filho. Atuou no setor editorial jurídico e hoje é tradutora literária e técnica jurídica freelance, professora de espanhol e mantém o blog Vertendo Palavras sobre tradução, literatura e comunicação.

Diana - Quais são as línguas que você traduz e há quanto tempo é tradutor?

Renata - Antes de tudo, quero parabenizar o blog pela iniciativa, e dizer que me sinto honrada por ter tido a oportunidade singular de participar dessa série de entrevistas, juntamente com brilhantes tradutores... Bem, sou tradutora de espanhol desde 2009.



Diana - Fale um pouco de como tudo começou. Ser tradutor fazia parte de seus planos ou começou por acidente?

Renata - Acho que foi um feliz acidente! Sou graduada em Direito, fiz várias pós-graduações e durante 12 anos atuei na área de direito civil até surgir a oportunidade de atuar na área editorial de tradução técnica jurídica e aqui estou!  



Diana - De que forma sua formação em advocacia contribuiu para o ofício de tradutora?

Renata - Com certeza minha formação acadêmica em Direito forneceu, inicialmente, os elementos necessários para determinar um segmento de atuação especializada, dentro do vasto campo da tradução.



Diana - Quais foram os principais desafios no início da carreira?

Renata - A insegurança gerada pela dúvida entre o encontro de seu verdadeiro “estilo” e tudo aquilo que se lê e se estuda sobre a teoria da tradução! Mas, em termos práticos, a minha maior dificuldade com a tradução técnica jurídica, sem a menor sombra de dúvida, era encontrar termos correspondentes ideais, ante a rebuscada linguagem jurídica e os diferentes sistemas. Firmar-se no mercado de trabalho, foi também outro grande desafio... Mas o tempo e a dedicação me ensinaram e me ajudaram a superar os primeiros obstáculos e seguir em frente.



Diana - O que é que você mais gosta de seu trabalho?

Renata - Gosto de poder trabalhar sozinha! Na minha casa, fazer meu horário... Enfim, a liberdade que, de certa forma, a profissão possibilita! A possibilidade, também, de saber que estamos transpondo barreiras da comunicação e levando conhecimento às pessoas, é incrível!



Diana - E o que menos gosta?

Renata - Alguns trabalhos exigem um prazo muito curto, o que demanda horas de trabalho contínuo e, muitas vezes, que se estende noite adentro...  É comum um tradutor “virar a noite” trabalhando para cumprir um prazo.



Diana - Algum trabalho o marcou de modo particular e por quê?

Renata - Sim, muitos! Traduzir trabalhos na área de direito dos animais para ANDA - Agência Nacional de Direitos Animais e, recentemente, documentos para a ONU - Mulheres, marcou-me não apenas profissionalmente, mas como pessoa. Foram trabalhos que permitiram a mim, testemunhar e refletir acerca de temas extremamente relevantes sobre diversidade, heterogeneidade e lutas pela vida, pela equidade e justiça para todos os seres, raças e gêneros.



Diana - O seu amor pelos animais em algum momento influenciou seu trabalho?

Renata - Sim, com certeza! O meu desejo de levar o conhecimento a todos, de modo a criar uma massa crítica capaz de refletir, contestar e mudar a atual situação de escravização, barbarismo e crueldade imposta pelos homens aos animais, me deu forças para buscar horizontes de trabalho, antes ignorados.



Diana - Como é sua rotina de trabalho, o seu dia a dia?

Renata - Bem, trabalho em Home Office. Dedico seis horas diárias de trabalho à tradução, pois ademais de tradutora sou professora de espanhol. Elegi a manhã para minhas outras atividades, e no período da tarde, até às 19hs ou 20hs, dedico-me exclusivamente aos projetos de tradução. Isso se não tenho nenhum trabalho urgente, é claro!



Diana - Quais são os seus passatempos quando não está traduzindo?

Renata - Pratico ioga, meditação e dança... Gosto muito de animais e de estar em contato com eles. Gosto da minha casa, gosto de ler e de cinema, assim, dedico grande parte do meu tempo livre a tudo o que gosto...



Diana - Lembra-se de alguma anedota ou gafe que possa compartilhar?

Renata - Sim! Estava traduzindo um conto do Horacio Quiroga e havia a palavra “gran pavón” que significa uma mariposa gigante que habita a região de Missões (Argentina). Vencida pelo cansaço, traduzi como “pavão”, grifei com a intenção de buscar a tradução adequada posteriormente, mas acabou passando... Resultado: o revisor me devolveu o texto com um tremendo estranhamento, e perguntando se era pavão mesmo!



Diana - O que ainda gostaria de fazer como tradutor?

Renata - Muitas coisas! Gostaria de continuar traduzindo literatura, gostaria de traduzir livros sobre direito dos animais e direitos humanos. Enfim, continuar tendo oportunidades de traduzir cada vez mais!



Diana - Poderia deixar uma dica para os tradutores principiantes?

Renata - Considero-me iniciante! Mas deixo como dica o aperfeiçoamento contínuo, formação profissional adequada e jamais aceitar um trabalho por um prazo que você não consiga cumprir! Se você não consegue fazer o que deve... Deve ao menos fazer o que consegue!





Trabalhos referenciais:


Documentos gerais para a ONU Mulheres - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD.



Artigos e reportagens internacionais para ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais.



Obras Contos de amor de loucura e de morte e Os desterrados, de Horacio Quiroga para a editora Martin Claret - em fase de conclusão.



Obras Para noite de insônia e outros contos, de Horacio Quiroga, para editora Martin Claret, tradutora e organizadora - em fase de conclusão.



Autora do livro Direito das Águas – 2011. ISBN 978-85-8065-148-5. Direito das águas. Recursos hídricos. Princípios e instrumentos de gestão de recursos hídricos. Sistema Nacional e Estadual de gerenciamento de recursos hídricos.

Tradução (espanhol/português) do artigo acadêmico Tratados de direitos humanos e a evolução jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal, de autoria do Me. Pós-Dr. Vladmir Oliveira da Silveira e da Me. Dra. Samantha Ribeiro Meyer-Pflug, publicado no Periódico de Direito Internacional da Universidade Complutense de Madrid. 


Versão (português/espanhol) do artigo acadêmico A força do lugar como requisito para a participação cidadã, de autoria da Me. Pós-Dra. Helena Copetti Callai e da Me. Bruna Zeni, publicado nos anais do Simpósio Internacional de Didática das Ciências Sociais do Departamento de Didática das Ciências Matemáticas e Sociais da Universidade de Murcia.

2 comentários:

  1. Renata, adorei sua entrevista!!! Me surpreendeu muito saber dos documentos importantes que vc teve que traduzir. O recado que deixou para os novatos foi ótimo. Parabéns por sua historia e seu sucesso!!

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