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sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Algumas incôngruências no Novo Acordo Ortográfico

Segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, e que não foi oficializado até hoje, diga-se de passagem, caiu o acento diacrítico que servia para diferenciar a terceira pessoa do verbo parar “pára” e a preposição “para”.

O motivo da queda do acento diferencial seria para adequar a palavra "para" (verbo) às regras de acentuação, entretanto, a supressão desse acento pode provocar ambiguidades em frases como:

“Obra para o transito” – Podemos interpretar que (a) Trata-se de uma obra para trazer melhorias e bem-estar. (b) Conhecendo a “eficiência” dos serviços de obras públicas, poderíamos deduzir que a obra fez o trânsito parar, congestionar.

Vejamos a seguinte manchete: “ONU para ajuda a Gaza após ataque israelense”. Nesse caso, poderíamos entender que (a) a ONU paralisou a ajuda a Gaza devido ao ataque israelense ou (b) a necessidade de intervenção da ONU para ajudar Gaza após o ataque israelense.

E o que dizer de frases como “Pedro para para estudar”?

Por outro lado, permanece o acento diferencial de “pôr” (verbo) e “por” (preposição). Assim devemos usar o acento em construções como “Chegou a hora de pôr as cartas na mesa.” e sem acento em construções como “A Espanha passa por uma grave crise econômica”. Da mesma forma se acentua o verbo “pôr” ligado a pronome oblíquo: “Finalmente conseguiu pôr-se de pé”.

Ainda sobre pára/para, há outra incongruência no novo acordo: temos paraquedas e paraquedista sem hífen, mas para-raios, para-choques, para-vento, para-brisas, para-sol com hífen.

Paraquedas = artefato que serve para “parar”, ou seja, amortecer a queda pelo ar.

Para-vento = artefato que serve para “parar”, ou seja, diminuir a força do vento.

Qual seria a lógica empregada nesses casos?

Isso sem falar em outro caso ainda mais arbitrário: a manutenção do hífen em 7 locuções por serem consideradas consagradas: arco-da-velha, água-de-colônia, cor-de-rosa, pé-de-meia, mais-que-perfeito, queima-roupa e deus-dará.

E quanto a "pé de moleque", não é uma locução consagrada?

Não se esqueça: quando for à mercearia peça um pé de moleque sem hífen (mas com amendoim!).

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