Quantas vezes substituímos uma palavra por outra sem analisar o motivo de existirem palavras diferentes para aquilo que acreditamos ser uma só coisa?
As palavras não são um mero aglomerado de letras, as palavras servem para dar nome, para dar corpo a tudo aquilo que nos afeta e nos define como humanos.
Vejamos algumas palavras tratadas como sinônimos, cuja diferença não é tão sutil quanto pensamos:
Ouvir/Escutar
Ouvir significa perceber através do sentido da audição, é um ato involuntário.
Escutar é estar consciente do que se está ouvindo, ficar atento, é um ato voluntário.
“Ao passar pelo corredor ouviu uma discussão, então parou para escutar”.
“- Você não me ouviu direito? “
“- Ouvi sim, mas não escutei o que disse.”
Entender/Compreender
Entender é perceber, captar, usando a inteligência, o sujeito é passivo. Entender é mais racional, superficial “conhecer, identificar”. Entender é limitado, compreender não tem fronteira.
Por exemplo, eu posso entender linguisticamente um texto de filosofia, mas posso não compreender seu significado.
Compreender significa prender comigo, incorporar, assimilar, tornar próprio através do questionamento, apoderar-se de algo através da inteligência e do pensamento, o sujeito é ativo. Compreender é mais profundo está relacionado com “ideias, emoções, sentimentos”.
Entender que o valor de pi= 3,14159 é fácil, mas compreender o porquê desse valor não tão fácil.
Falar/Dizer
Falar designa o ato de expressar-se oralmente: “Ele fala muito”, “Ela gosta de falar em público”.
Falar a respeito de algo, de alguém: “Falamos de nossos planos”.
Falar é mais superficial, mais mecânico “Ele fala da boca para fora, não diz o que realmente sente”.
Dizer é pessoal, é mais profundo, intimista, envolve emoção, sentimento. “Quando estou chateado, digo bobagens”, “Ele falou, falou, mas não disse nada”.
Ver/Olhar
Ver significa perceber pelo sentido da visão, enxergar. Ver é mais superficial, não envolve interesse.
Olhar significa observar atentamente algo, dirigir os olhos para algo. Olhar é mais profundo, requer reflexão, interesse. Olhar é sinônimo de contemplar, ou seja, olhar para algo ou alguém com admiração, atenção.
“Vi que havia muitas pessoas, mas não olhei para seus rostos”.
Vivemos na era da instantaneidade, do imediatismo, da efemêridade, tudo acontece com muita rapidez e muitas vezes não conseguimos ou simplesmente não queremos assimilar, envolver-nos, apropriar-nos daquilo. Não ouvimos, olhamos, compreendemos ou dizemos, apenas escutamos, vemos, entendemos e falamos. Deu para notar a diferença?
Quando paramos para ouvir, olhar, dizer ou compreender algo, devemos estar abertos, dispostos a nos envolver, a nos apropriar a perceber o que está além da superfície. Isso envolve afeto: devemos ser afetados, comovidos por aquilo que nos rodeia e não simplesmente aceitar tudo comodamente, preguiçosamente, superficialmente.
Recobremos a essência da infância, o encantamento da descoberta, o desprendimento e a espontaneidade!
Olhemos para a libélula como o mais incrível dos seres e não como um mero inseto!
Interessantíssimo!
ResponderExcluirObrigada, Queila!
ExcluirUm abraço.
Diana você merece este abraço pela postagem, de vez em quando tenho que dar uma pesquisada aqui novamente para aprender!
ExcluirMaravilhoso, Di! Uma reflexão digna de ser compreendida, e não apenas entendida. Quanto mais encaramos as coisas de forma superficial, mais superficial nós nos tornamos. Então é imprescindível trazermos esse novo olhar sobre as coisas. E agradeço muito por trazer isso a tona! 💚🌿🌼
ResponderExcluirEu que agradeço!
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