Atualmente tem-se difundido o emprego indiscriminado das iniciais maiúsculas principalmente no âmbito da linguagem técnica, na internet e nos programas que usamos no computador.
Você já deve ter visto em blogs, sites, programas e formulários coisas como “Trabalhe Conosco”, “Novo Usuário”, “Filtros de Pesquisa”, “Deixe seu Comentário”, “Fale Conosco”, etc.
Qual seria o motivo de tanta maiúscula: a falta de conhecimento da norma, a influência de outras línguas, ou simplesmente a vontade equivocada de agregar importância a tudo com maiúsculas?
O uso excessivo de maiúsculas polui o texto, dificulta e cansa a leitura.
A padronização do emprego das iniciais maiúsculas constitui uma das maiores dificuldades para a revisão, principalmente pelo subjetivismo inerente a determinadas normas gramaticais. Entre essas normas estão as que permitem grafar com inicial maiúscula os nomes que designam idioma ou língua, quando se quer empregá-los com especial relevo, e os que designam altos cargos, dignidades ou postos.
Apenas em arte e propaganda, pode-se ter uma flexibilidade com o uso estilístico das maiúsculas.
Casos em que o uso é obrigatório:
(1) nomes de artes, ciências, disciplinas e altos conceitos;
(2) nomes sagrados, religiosos, mitológicos e astronômicos. Exemplos: Adamastor, Netuno, entre outros;
(3) títulos de obras e criações;
(4) nomes de ruas;
(5) nomes de atos, leis, decretos;
(6) expressões de tratamento e designativos de títulos;
(7) eras e fatos históricos. Exemplos: Idade Média, Revolução Francesa, etc.
(8) nomes próprios de pessoas reais ou fictícias. Exemplos: João Antônio; Chapeuzinho Vermelho, Dom Quixote, etc.
(9) nomes próprios de lugar real ou fictício. Exemplos: São Paulo, Rio de Janeiro, Maputo, Atlântida, etc.
(10) nomes que designam instituições. Exemplos: Instituto Ayrton Senna, Instituto Paulo Freire, entre outros.
(11) nomes de festas e festividades. Exemplos: Natal, Páscoa, Todos os Santos, entre outros.
(12) nos pontos cardeais quando empregados sozinhos. Exemplos: Norte, por norte de Portugal; Meio-Dia, pelo sul da França ou de outros países; Ocidente, por ocidente europeu; Oriente, por oriente asiático, entre outros.
(13) em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas com maiúsculas, iniciais, mediais, finais ou o todo em maiúsculas. Exemplos: FAO, NATO, ONU; H¬2O, Sr., V. Ex.ª, entre outros
Empregam-se as iniciais minúsculas em:
(1) nomes dos dias, meses, estações do ano. Exemplos: novembro, outono, quarta-feira, etc.
(2) nome gentílicos. Ex.: baiano, inglês, alemão;
(3) artigos definidos e indefinidos, pronomes relativos, preposições, conjunções e advérbios e suas locuções, bem como em combinações e contrações prepositivas, quando no interior de substantivos próprios. Ex.: Ministério do Trabalho / Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (Bird) / Imposto sobre Serviços / A Vitória que a Bahia quer (coligação);
(4) nomes próprios quando empregados no plural, exceto os nomes e sobrenomes de pessoas. Ex.: tribunais regionais eleitorais / os estados da Federação; mas os Rodrigues, os Josés, os Andradas.
(5) nas utilizações de fulano, sicrano, beltrano. Exemplos: Ele disse que o fulano não quer mais falar sobre este assunto.
(6) Nos títulos de livros (após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os demais vocábulos podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): Menino de engenho ou Menino de Engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e tambor.
(7) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul (mas: SW sudoeste).
Há, no entanto, palavras que aceitam tanto iniciações com letras maiúsculas como minúsculas. Veja-as a seguir:
(1) Nas formas de tratamento de cortesias, expressões de reverência, títulos honoríficos e palavras sagradas, estas opcionalmente também com maiúscula. Exemplos: doutor, bacharel, cardeal, santa Maria, entre outros.
(2) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas, opcionalmente, também com maiúscula. Exemplos: português, Matemática, línguas e literaturas modernas, entre outros.
(3) Em palavras usadas com reverência, palácios ou que denota hierarquia e nomes de ruas. Exemplos: rua ou Rua da Liberdade, igreja ou Igreja do Bonfim, palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha, entre outros.
Consta no Novo Acordo:
Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente.
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