Ficha técnica
Título original: La lengua de las
mariposas
Ano: 1999
Duração: 97 min.
País: Espanha
Diretor: José Luis Cuerda
Roteiro: Rafael Azcona, José Luis
Cuerda, baseado no livro de Manuel Rivas.
Elenco: Fernando Fernán-Gómez,
Manuel Lozano, Uxia Blanco, Gonzalo Uriarte, Alexis de los Santos,
Gênero: Drama
Tema: Guerra civil espanhola,
infância, educação, liberdade.
“La lengua de las mariposas” é um
filme espanhol baseado no livro ¿Qué me quieres, amor? (1996) de Manuel Rivas.
O filme trata da relação de um
menino e seu professor num vilarejo rural na região de Galiza, na Espanha. A época
em que se desenvolve o filme corresponde à segunda República Espanhola, momento
em que se tenta adotar no país uma lei educacional que esteja de acordo com o
pensamento da República. A história acontece em 1936, época antecedente à
guerra civil.
O menino de sete anos, Moncho
(Manoel Lozano), é uma criança que está apreensiva com a ideia de ir para a escola.
Ele tem medo porque sempre ouviu dizer que os professores batem nos alunos e os
castigam, conforme o costume da educação repressiva daquela época.
Pouco a pouco o medo se transforma numa
relação de admiração e respeito quando o menino percebe que seu professor, Dom
Gregório (Fernando Fernán-Gómez), é um homem bondoso, calmo e sábio e que trata
os alunos com igualdade e respeito.
Dom Gregório utiliza o método de
observação como ensino. Ele ensina muitas coisas a seus alunos e os leva ao
bosque para que aprendam sobre o mundo, a vida e a liberdade, observando a
natureza. Ao ensinar aos alunos sobre a língua das borboletas, ele diz “A
língua das borboletas é uma trompa enroscada como uma mola de relógio. Se houver
uma flor que a atraia, a borboleta desenrola sua língua e a enfia no cálice para
sorver o néctar. Quando vocês levam o dedo humedecido a um pote de açúcar vocês
não sentem o doce na boca como se a gema dos dedos fosse a ponta da língua? Pois
assim é a língua da borboleta".
Os métodos inovadores do mestre
republicano são vistos com desconfiança pelos habitantes do pequeno vilarejo rural
acostumados à submissão ao estado e à igreja autoritários. A Espanha era um país
tradicionalista em que a igreja era uma instituição que condenava a modernidade
e o conhecimento por considerá-los obra do demônio e uma ameaça aos bons
costumes. D. Gregório defendia um ensino laico, livre da influência opressiva
da religião, ele expõe seus ideais políticos numa cena em que diz em latim ao
padre que lhe chama a atenção: “libertas virorum fortium pectara acuit”. (a
liberdade estimula o espírito dos homens fortes).
Durante esses acontecimentos, ocorre
em Madri a guerra civil e o regime fascista ganha a guerra e dá início a uma
contrarreforma, isto é, os avanços produzidos num primeiro momento, retrocedem,
dando lugar a una época de sombras e perseguição aos republicanos. Como
resultado dessa reviravolta, Dom Gregorio é preso e levado num caminhão,
provavelmente para o fuzilamento. Os moradores do vilarejo, com medo de serem
perseguidos e acusados de traidores, tentam mostrar sua “postura” política exortando
os republicanos presos. Eles gritam: Vermelhos! Assassinos! e o menino, Moncho,
confuso, ao ver sua mãe insultando o professor, corre atrás do caminhão
segurando uma pedra na mão e, com olhos cheios de lágrimas, insulta seu
professor com duas palavras que este lhe ensinara “Tilonorrinco! Espiritrompa!”
(“Tilonorrinco” é uma ave da Nova Guiné e “Espiritrompa” é a trompa da
borboleta.
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