segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Colocação pronominal

Ao falar de colocação pronominal, referimo-nos ao emprego adequado dos pronomes oblíquos átonos.

O emprego desses pronomes é sempre observado em relação ao verbo. Os pronomes oblíquos átonos podem estar nas seguintes posições:

Ênclise: o pronome é colocado após o verbo e ligado a ele por meio de hífen (diga-me, ouviram-no).

Próclise: o pronome é colocado antes do verbo (não me diga, quem o trouxe?).

Mesóclise: o pronome é colocado entre o radical e a desinência das formas verbais do futuro do presente e do futuro do pretérito (vê-lo-ei, contar-me-ás).

PRÓCLISE

É o emprego dos pronomes oblíquos átonos antes do verbo.

São fatores de próclise:

Palavras negativas

É obrigatório o emprego da próclise em orações que contenham palavras negativas (não, nada, jamais, nem, nunca, ninguém, nenhum, etc.).

Exemplos:

Nada nesse mundo o detinha.

Ninguém me disse nada.

Palavras interrogativas

É obrigatório o emprego da próclise em orações que contenham pronomes interrogativos ou advérbios interrogativos em posição inicial da sentença.

Exemplos:

Com pronome interrogativo:

Quem lhe disse isso?

Onde se escondeu o covarde?

Com advérbio interrogativo:

Por que me olham assim?

Como poderia lhe agradecer?

Conjunção subordinativa

É obrigatório o emprego da próclise em orações subordinadas, apresentando ou não conjunções subordinativas. Em geral, essas orações são intercaladas, ou seja, aparecem no interior de outra oração.

Exemplos:

A carta foi entregue conforme o solicitado.

Desejo que me comunique o resultado.

A escola onde nos conhecemos foi demolida.

Advérbios ou expressões adverbiais

É obrigatório o emprego da próclise em orações que contenham advérbios (aqui, lá, sempre, amanhã, assim, infelizmente, não, talvez, etc.) ou locuções adverbiais (de vez em quando, com certeza, à direita, etc.) antecedendo o verbo. Isso só se dá se não houver qualquer palavra entre o verbo e o advérbio.

Exemplos:

Sempre o mantiveram oculto.

De vez em quando os guardava no armário.

Pronomes indefinidos

Se o sujeito da oração for um pronome indefinido ou a palavra "ambos", é obrigatório o uso da próclise. Isso só se dá se o sujeito vier antes do verbo.

Exemplos:

Todos se parecem ao pai.

Ambos o tratavam com indiferença.

Pronomes demonstrativos

Isso me deixa muito irritado.

Aquilo me incentivou a mudar.

Preposição seguida de gerúndio

Em se tratando de literatura brasileira, deve-se conhecer Machado de Assis.

Orações exclamativas.

Quanto se ofendem por nada!

Orações optativas (que exprimem desejo).

Que Deus o abençoe.

ÊNCLISE

Início de orações A norma culta não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos.

O pronome reto (eu, tu, ele e etc.) ocupa sempre a posição de sujeito da oração. Já o pronome oblíquo (me, te, o, se e etc.) exerce a função de objeto da oração, complementando o verbo transitivo. Como é papel do sujeito iniciar uma sentença, o pronome oblíquo não deve ocupar essa posição inicial.

Exemplos:

Censuraram-no em público.

Dê-me o sal!

Verbo no imperativo afirmativo:

Amem-se uns aos outros.

Ouçam-me e não se arrependerão.

Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição "a":

Depois do ocorrido os dois passaram a odiar-se.

Começaram a cumprimentar-se mutuamente.

Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal. Não era minha intenção machucar-te.

O pronome poderá vir proclítico quando o infinitivo estiver precedido de preposição ou palavra atrativa.

Exemplos:

É preciso encontrar um meio de não o magoar.

É preciso encontrar um meio de não magoá-lo. (mais elegante)

Verbo no gerúndio:

Não olhou para atrás, fazendo-se de despreocupada.

Cumprimentou-me, dando-me um abraço.

No início de oração, quando houver vírgula ou pausa antes do verbo:

Se estudar bastante, dou-lhe um presente.

Se tiver dúvidas, peça-me ajuda.

Na frase “Não demorou a definir um tipo de arte que, embora tenha ganhado feições diferentes nos últimos anos, se manteve/ manteve-se fiel a uma visão transfiguradora do real”, tanto se pode usar a próclise porque o relativo que, embora distante, atrai o pronome, como se pode preferir a ênclise em razão da pausa marcada pela vírgula.

“Não tardou a apresentar a justificativa que, embora não convincente, o comoveu de forma contundente” ou “Não tardou a apresentar a justificativa que, embora não convincente, comoveu-o de forma contundente”.

Orações reduzidas de infinitivo

Em geral o pronome reto (eu, tu, ele e etc.) ocupa a posição de sujeito da oração. Essa regra, porém, não se aplica às orações reduzidas de infinitivo, onde o pronome oblíquo átono exerce a função de sujeito.

As orações reduzidas não possuem qualquer conectivo (pronome relativo ou conjunção) ligando-as à oração principal. Por esse motivo preserva-se a possibilidade do emprego do pronome reto apenas na oração principal. Consequentemente, o pronome oblíquo átono acumula para si duas funções na oração reduzida: função de sujeito e função de objeto.

Exemplos:

Eu mandei as crianças sair.

Eu mandei elas sair. (errado)

Eu as mandei sair. (certo)

Eu = sujeito da oração principal: "Eu mandei"

as = sujeito de "sair" na oração reduzida; objeto direto de "mandei" na oração principal.

Enfim deixaram Carina e José entrar.

Enfim deixaram eles entrar. (errado)

Enfim deixaram-nos entrar. (certo)

Sujeito indeterminado na oração principal "Enfim deixaram"

nos = sujeito de "entrar” na oração reduzida; objeto direto de "deixaram" na oração principal.

O pronome e o objeto direto

O objeto direto é formado por um nome, em geral um substantivo. Esse nome pode vir substituído por um pronome. Quando isso ocorre, o pronome empregado deve ser o pronome oblíquo (me, te, o, se e etc.).

O pronome reto (eu, tu, ele e etc) ocupa sempre a posição de sujeito da oração. Cabe, portanto, ao pronome oblíquo exercer a função de objeto da oração, complementando o verbo transitivo.

Exemplos:

Ela queria o prêmio para si.

Ela queria ele para si. (errado)

Ela o queria para si. (certo)

Chamaram Maria de santa.

Chamaram ela de santa. (errado)

Chamaram-na de santa. (certo)

O pronome e o verbo no infinitivo

Nunca pediram para eu fazer esse tipo de comida.

Observe que nesse exemplo temos duas orações, com dois verbos e, consequentemente, dois sujeitos. Por isso não se pode usar o pronome obliquo “mim” em lugar de “eu”, porque o pronome oblíquo tem função de objeto e não de sujeito.

Assim:

“Para eu” é usado quando "eu" é o sujeito do verbo (que vem logo depois, no infinitivo).

“Para mim” é usado quando o pronome "mim" estiver completando o sentido ou indicando o alvo de alguma ação.

Ele comprou um livro para mim.

Neste caso, só temos uma oração, e quem pratica a ação dela é o pronome “ele”. A expressão "para mim" está apenas indicando “para quem” a ação foi feita.

MESÓCLISE A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no futuro do presente ou no futuro do pretérito:

O evento realizar-se-á no início da primavera. Dar-lhe-ei um presente irrecusável.

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