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terça-feira, 13 de agosto de 2013

El chocolate del loro

Em seu livro, “Hablar con corrección”, Pancracio Celdrán afirma que a expressão “el chocolate del loro” é usada para designar a situação em que se pretende equilibrar a economia doméstica prescindindo unicamente de pequenos gastos, sem afetar as grandes despesas. Ou seja, para tentar resolver um grande problema, frequentemente econômico, atacam-se os aspectos mínimos, insignificantes e deixam-se os importantes.

Essa expressão teria-se originado em Madri durante o século XVIII, época em que uma recepção não era tal se não fosse servida uma xícara de chocolate. O produto era caro e, assim, habitualmente os que voltavam ricos da América, faziam alarde de suas riquezas. Alguns deles traziam papagaios e os exibiam orgulhosos na sala da residência. O papagaio, dentro de sua luxuosa jaula, tinha um recipiente com chocolate para bicar, apesar do custo da iguaria.

Quando esses cidadãos começavam a declinar economicamente privavam a ave do capricho, mas continuavam oferecendo chocolate aos convidados para não deixar evidente sua penúria.

Semelhante é a imagem do orgulhoso fidalgo que não tendo comido, saía à rua com um palito entre os dentes para as pessoas pensassem que havia-se saciado!

Como traduzir semelhante expressão ao português?

Carlos Ruiz Zafón, numa entrevista a respeito da crise na indústria cultural, afirmou que o combate à pirataria particular ou familiar é "el chocolate del loro”, ou seja, porque ele acha que isso é insignificante diante das grandes companhias que incentivam e criam novas mídias e suportes digitais para esgotar a indústria cultural.

Sem entrar no mérito da questão, como poderíamos traduzir essa frase ao português?

Se dissermos “O combate à pirataria particular ou familiar é o chocolate do papagaio diante da atitude das grandes companhias…” não fará sentido algum em português. Isso demonstra que a tradução literal não funciona quando se pretende traduzir expressões populares, ditados, frases feitas, idiomatismos, devido ao forte aspecto cultural que essas construções carregam.

Como não temos uma expressão equivalente em português, ocorre-me a seguinte solução:

O combate à pirataria particular ou familiar é como tampar o sol com a peneira diante da atitude das grandes companhias…

Assim, mantem-se uma expressão popular que designa uma atitude insignificante, porém perde-se a carga semântica referente à economia.

Outra solução seria:

O combate à pirataria particular ou familiar é uma atitude insignificante diante do papel das grandes companhias…



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