Por outro lado, acho que é válido, ao menos, tentar entender o porquê da existência desses dois termos. Você já deve ter presenciado alguma discussão acirrada sobre se o termo “espanhol” é correto para referir-se ao idioma falado na Espanha e em muitos outros países (principalmente sul-americanos), ou se “castelhano” é o termo correto para designar nosso idioma, ou se “espanhol” é somente o “espanhol da Espanha”, ou o “castelhano” é somente o “espanhol de Castilha”. Certamente já deve ter ouvido alguns debates semelhantes.
Porque “castellano” pode ser sinónimo de “español” quando nos referirmos ao idioma?
O latim culto deixou de ser utilizado com o desmembramento do Império Romano e evolucionou para o latim vulgar. No século VI, o latim culto só era utilizado pelos eclesiásticos e pela gente letrada. Surgiram diferentes dialetos na península. Em Castilha é onde surge a épica castelhana, e dali surgirão as lendas épicas que nutrirão o romanceiro. Como no Reino de León não havia uma língua oficial, o castelhano acabou impondo-se sobre os outros dialetos. Quando Castilha se impôs como sede do reinado peninsular, o castelhano acabou por assentar-se como língua da Espanha, já que foi a língua que alcançou maior extensão.
A colonização espanhola na América foi iniciada em 1492 pelo Reino de Castilha ligado dinasticamente ao Reino de Aragão. A união dos chamados "Reis Católicos" Fernando II de Aragão e Isabel I de Castilha é considerada um marco da unificação espanhola como nação, consta que no prólogo do seu diário, Cristóvão Colombo dirigiu-se aos monarcas Fernando e Isabel como "Rey y Reina de las Españas". Muito antes, os romanos já se referiam a esse território como ‘Hispania’.
É fato que a conquista espanhola pilhou, escravizou e dizimou culturas avançadas como os Maias, os Incas e os Astecas e que teve consequências devastadoras para os países colonizados e isso justificaria o fato desses países preferirem o termo castelhano ao termo espanhol. Claro que considero injusto que outras milhares de línguas tenham sido sacrificadas em nome de uma língua que foi imposta, mas é pior quando o próprio país nega suas raízes como acontece no Brasil, onde não fomos capazes de preservar uma única língua indígena como língua oficial e onde há pouquíssimos centros de estudo dedicados às línguas indígenas.
Não queria me envolver na questão política, mas a política e a opinião são inerentes ao discurso. Deixando de lado minhas divagações transcrevo, a seguir, a orientação do Diccionario panhispánico de dudas, obra elaborada pela Real Academia Española e pela Asociación de Academias de la Lengua Española (associação criada no México em 1951 e integrada pelas 22 academias da língua espanhola existentes no mundo), que trata deste assunto de maneira bastante concisa:
“Para designar la lengua común de España y de muchas naciones de América, y que también se habla como propia en otras partes del mundo, son válidos los términos castellano y español. La polémica sobre cuál de estas denominaciones resulta más apropiada está hoy superada. [superada????]
El término español resulta más recomendable por carecer de ambigüedad, ya que se refiere de modo unívoco a la lengua que hablan hoy cerca de cuatrocientos millones de personas. Asimismo, es la denominación que se utiliza internacionalmente (Spanish, espagnol, Spanisch, spagnolo, etc.).
Aun siendo también sinónimo de español, resulta preferible reservar el término castellano para referirse al dialecto románico nacido en el Reino de Castilla durante la Edad Media, o al dialecto del español que se habla actualmente en esta región.
En España, se usa asimismo el nombre castellano cuando se alude a la lengua común del Estado en relación con las otras lenguas cooficiales en sus respectivos territorios autónomos, como el catalán, el gallego o el vasco.”
Fica a seu critério usar uma ou outra forma!
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