Se você estiver visitando a Espanha e alguém o convidar para “salir de tapas”, fique calmo, que vocês não vão sair por aí estapeando ninguém…
“Salir de tapas” é um dos costumes mais populares que há por lá e consiste em sair com os amigos após o trabalho para ir aos barzinhos para “tomar una caña” (beber uma cerveja), também pode ser um vinho, licor ou outra bebida e degustar “tapas” (aperitivos/petiscos). As “tapas” mais populares são as de jamón” (presunto cru, salgado e curado naturalmente, obtido a partir das patas traseiras do porco), “queso”, “aceitunas”, “bravas” (batatas cortadas en formato irregular, fritas e acompanhadas de um molho de tomate picante), “callos” (dobradinha com molho) , “pulpo a la gallega” (polvo ferventado temperado com páprica e azeite), “calamares rebozados” (anéis de lula à milanesa), “boquerones en vinagre” (anchovas), “mejillones” (mexilhões), “cecina” (carne seca salgada) e a famosa “tortilla española” (espécie de omelete a base de batatas).
Sírva-me uma cerveja!
Há duas versões muito difundidas, mas bastante improváveis para a origem do termo "tapa": a primeira afirma que o rei Alfonso X determinou que os lugares públicos não servissem vinho sem que fosse acompanhado de algo para comer. Isso pra reforçar o estômago e evitar que os clientes se embriagassem, Assim uma fina rodela de “cecina” (carne seca) ou "jamón" (presunto cru) era depositada sobre a taça ou copo, tampando o recipiente, daí o nome “tapa”.
A segunda versão afirma que, durante uma viagem, o rei Alfonso XIII, em um paradeiro, pediu que lhe servissem uma “copa de Jerez” (taça de xerez, vinho licoroso). Esse dia ventava muito e para evitar que caísse areia no xerez, o garçom colocou uma rodela de “jamón” sobre a taça. O rei gostou da ideia e pediu outra taça com uma “tapa” igual. Ao presenciar a cena, as pessoas que o acompanhavam pediram o mesmo.
“Salir de tapas” é uma oportunidade para relaxar e desfrutar da companhia dos amigos. Existe até o verbo “tapear”, registrado no dicionário da RAE (Real Academia Espanhola), e sua definição é: “Tomar tapas en bares y tabernas”. No Brasil, esse momento de descontração é conhecido pelo termo em inglês “happy hour”. Nesse ritual normalmente cada um paga pelo que consome, a não ser que alguém diga “Yo invito” que significa que a pessoa está disposta a pagar a conta.
¡A tapear después del curro!
(vamos tomar algo depois do trabalho!)
Tradução de espanhol. Diana Margarita. Blog sobre tradução, tradução de espanhol, gramática, literatura, cultura e entretenimento.
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quarta-feira, 28 de agosto de 2013
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Traduzir...
Uma imagem expressiva do que é traduzir na visão de Millôr Fernandes:
“Traduzir não é “empalhar a borboleta”, ou seja: a borboleta que voa em inglês, alemão ou norueguês, deve voar em português com igual vivacidade.
Para ler o artigo intitulado Millôr tradutor publicado por Gabriel Perissé na revista Língua, clique no link: Millôr tradutor, por Gabriel Perissé.
“Traduzir não é “empalhar a borboleta”, ou seja: a borboleta que voa em inglês, alemão ou norueguês, deve voar em português com igual vivacidade.
Para ler o artigo intitulado Millôr tradutor publicado por Gabriel Perissé na revista Língua, clique no link: Millôr tradutor, por Gabriel Perissé.
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Tradução e cultura
A linguagem e as palavras são fruto de uma convenção social, isto é, teoricamente a palavra é a representação de uma ideia, entretanto, a maior parte das palavras é uma escolha arbitrária em que não encontramos uma relação entre a palavra e o sentido a que ela nos remete. Por exemplo: porque dizemos cadeira, em lugar de sentadeira, ou faca, em lugar de cortador ou cortadora, ou lápis, em lugar de escrevedor?
Outro fato da linguagem é que a representação mental que fazemos de uma palavra é diferente para cada falante ou usuário, isto é, a minha imagem mental da palavra árvore é diferente da sua, isso porque a nossa “bagagem” cognitiva, as nossas experiências pessoais são diferentes. E isso também ocorre nos diferentes idiomas, a imagem e o significado da palavra “água”, por exemplo, tem valores distintos para povos e culturas em que a água é abundante e outros em que a água é escassa, ou a palavra “vaca”, que para algumas culturas evoca a representação mental de um espeto suculento girando na brasa e para outras culturas evoca o sagrado, o espiritual.
Cada comunidade linguística vive em um mundo que se diferencia de algum modo de outras comunidades, essas distinções são expressas tanto por meio da cultura quanto por meio da língua, maior responsável por revelá-las e conservá-las. A língua revela a cultura, o modo de viver, o modo de pensar e as características de seus usuários.
Uma palavra carrega significados e sentimentos inerentes à cultura da comunidade linguística que a utiliza, portanto, no momento de traduzi-la para outro idioma, o tradutor deve considerar a utilização dessa palavra na língua de origem a partir de contextos adequados para tentar reproduzir esse significado para a língua de chegada.
A imaginação do tradutor é poderosa nesse processo de criar associações, claro que essas associações podem ser distorcidas e até mesmo engraçadas em alguns casos.
Por exemplo, a palavra “palito”, que em português corresponde ao objeto utilizado para cutucar os resíduos que ficam entre os dentes após as refeições, evoca a imagem daquele palito delicado e daquela moça sorridente de franja chamada Gina que aparece na caixinha.
A palavra “palillo” em espanhol, não evoca uma imagem diferente da anterior, porém, a outra opção em espanhol “escarbadientes”, remete a uma espécie de britadeira de alto impacto capaz de “escarbar” as presas de um mamute.
A palavra “calcinha”, em português brasileiro, é uma peça que remete à economia de pano, já na Espanha o termo “braga” dá a impressão de uma peça maior; já “bombacha” palavra usada na Argentina e Uruguay remete a uma peça bem maior… e em Portugal, a peça íntima feminina chama-se cueca, assim fica difícil imaginar algo feminino, já que no Brasil esse é o nome da peça íntima masculina.
A parte do telefone que aproximamos ao rosto para falar no Brasil chama-se monofone; na Espanha, auricular; e em Portugal, auscultador, esta palavra me leva a imaginar um daqueles antigos telefones de parede.
Até a linguagem metafórica é diferente de uma cultura para outra, em português quando uma pessoa é muito grudenta e insistente dizemos que é um “carrapato”; na España chamamos essa pessoa de “lapa” que nada mais é do que aquele peixe que fica grudado ao tubarão: a rêmora.
Até mesmo a linguagem gestual é diferente de uma cultura para outra. No Brasil, o gesto de encostar a ponta do polegar na ponta do indicador, formando um círculo é um gesto obsceno, enquanto que nos Estados Unidos, significa que está tudo certo, positivo. O gesto de balançar a cabeça lateralmente, de um lado para outro, em quase todos os países do ocidente significa “não”, enquanto em outros países como Índia e Bulgária, esse gesto significa “sim” e, ao contrário do Brasil, balançar a cabeça de cima para baixo significa “não”.
No Brasil, quando alguém é inoportuno o mandamos “catar coquinhos”; na Espanha o mandamos “a freir espárragos” ou “a freir churros”. No Brasil, quando algo vende muito, diz-se que “vende como bananas”; na Espanha, que “vende como churros”.
No Brasil, uma pessoa bonita é um “gato” ou uma “gata”, na Espanha se diz “que está como um tren” e no Paraguay, Uruguay e Argentina se diz que é um “churro” ou uma “churra”…
Em Portugal a palavra “borracho” designa uma pessoa fisicamente atraente, tem relação com pombo jovem que também se chama “borracho”, por outro lado, em espanhol um “borracho” é um bêbado.
É isso aí, na hora de traduzir é fundamental considerar o contexto da cultura de origem e o da cultura de chegada!
Outro fato da linguagem é que a representação mental que fazemos de uma palavra é diferente para cada falante ou usuário, isto é, a minha imagem mental da palavra árvore é diferente da sua, isso porque a nossa “bagagem” cognitiva, as nossas experiências pessoais são diferentes. E isso também ocorre nos diferentes idiomas, a imagem e o significado da palavra “água”, por exemplo, tem valores distintos para povos e culturas em que a água é abundante e outros em que a água é escassa, ou a palavra “vaca”, que para algumas culturas evoca a representação mental de um espeto suculento girando na brasa e para outras culturas evoca o sagrado, o espiritual.
Cada comunidade linguística vive em um mundo que se diferencia de algum modo de outras comunidades, essas distinções são expressas tanto por meio da cultura quanto por meio da língua, maior responsável por revelá-las e conservá-las. A língua revela a cultura, o modo de viver, o modo de pensar e as características de seus usuários.
Uma palavra carrega significados e sentimentos inerentes à cultura da comunidade linguística que a utiliza, portanto, no momento de traduzi-la para outro idioma, o tradutor deve considerar a utilização dessa palavra na língua de origem a partir de contextos adequados para tentar reproduzir esse significado para a língua de chegada.
A imaginação do tradutor é poderosa nesse processo de criar associações, claro que essas associações podem ser distorcidas e até mesmo engraçadas em alguns casos.
Por exemplo, a palavra “palito”, que em português corresponde ao objeto utilizado para cutucar os resíduos que ficam entre os dentes após as refeições, evoca a imagem daquele palito delicado e daquela moça sorridente de franja chamada Gina que aparece na caixinha.
A palavra “palillo” em espanhol, não evoca uma imagem diferente da anterior, porém, a outra opção em espanhol “escarbadientes”, remete a uma espécie de britadeira de alto impacto capaz de “escarbar” as presas de um mamute.
A palavra “calcinha”, em português brasileiro, é uma peça que remete à economia de pano, já na Espanha o termo “braga” dá a impressão de uma peça maior; já “bombacha” palavra usada na Argentina e Uruguay remete a uma peça bem maior… e em Portugal, a peça íntima feminina chama-se cueca, assim fica difícil imaginar algo feminino, já que no Brasil esse é o nome da peça íntima masculina.
A parte do telefone que aproximamos ao rosto para falar no Brasil chama-se monofone; na Espanha, auricular; e em Portugal, auscultador, esta palavra me leva a imaginar um daqueles antigos telefones de parede.
Até a linguagem metafórica é diferente de uma cultura para outra, em português quando uma pessoa é muito grudenta e insistente dizemos que é um “carrapato”; na España chamamos essa pessoa de “lapa” que nada mais é do que aquele peixe que fica grudado ao tubarão: a rêmora.
Até mesmo a linguagem gestual é diferente de uma cultura para outra. No Brasil, o gesto de encostar a ponta do polegar na ponta do indicador, formando um círculo é um gesto obsceno, enquanto que nos Estados Unidos, significa que está tudo certo, positivo. O gesto de balançar a cabeça lateralmente, de um lado para outro, em quase todos os países do ocidente significa “não”, enquanto em outros países como Índia e Bulgária, esse gesto significa “sim” e, ao contrário do Brasil, balançar a cabeça de cima para baixo significa “não”.
No Brasil, quando alguém é inoportuno o mandamos “catar coquinhos”; na Espanha o mandamos “a freir espárragos” ou “a freir churros”. No Brasil, quando algo vende muito, diz-se que “vende como bananas”; na Espanha, que “vende como churros”.
No Brasil, uma pessoa bonita é um “gato” ou uma “gata”, na Espanha se diz “que está como um tren” e no Paraguay, Uruguay e Argentina se diz que é um “churro” ou uma “churra”…
Em Portugal a palavra “borracho” designa uma pessoa fisicamente atraente, tem relação com pombo jovem que também se chama “borracho”, por outro lado, em espanhol um “borracho” é um bêbado.
É isso aí, na hora de traduzir é fundamental considerar o contexto da cultura de origem e o da cultura de chegada!
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Com a boca na botija.
"Com a boca na botija" é uma expressão popular usada quando se pega alguém em flagrante cometendo algum ato censurável ou algo que não é permitido.
A botija é um vaso de cerâmica, cilíndrico, de gargalo pequeno e boca estreita, usado para guardar líquidos. A expressão deve ter sua origem do tempo em que esses recipientes eram usados para guardar vinho e alguém era pego bebendo o vinho às escondidas.
Tradução para o espanhol: “Pillar” = Surpreender alguém em flagrante delito “te pillé” (te peguei).
A expressão “pillar a alguien infraganti” significa que alguém foi pego no exato momento em que cometia um ato considerado negativo.
A expressão infraganti/in fraganti é uma locução latina que significa “no fogo”. Provém de “flagrare” (arder).
Também pode-se traduzir ao espanhol a expressão “com a boca na botija” como “Con la mano en la masa” , expressão que também existe em português.
A botija é um vaso de cerâmica, cilíndrico, de gargalo pequeno e boca estreita, usado para guardar líquidos. A expressão deve ter sua origem do tempo em que esses recipientes eram usados para guardar vinho e alguém era pego bebendo o vinho às escondidas.
Tradução para o espanhol: “Pillar” = Surpreender alguém em flagrante delito “te pillé” (te peguei).
A expressão “pillar a alguien infraganti” significa que alguém foi pego no exato momento em que cometia um ato considerado negativo.
A expressão infraganti/in fraganti é uma locução latina que significa “no fogo”. Provém de “flagrare” (arder).
Também pode-se traduzir ao espanhol a expressão “com a boca na botija” como “Con la mano en la masa” , expressão que também existe em português.
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
El traductor cleptómano - DEZSÕ KOSZTOLÁNYI
Ficción
El traductor cleptómano
DEZSÕ KOSZTOLÁNYI
Hablábamos de poetas y de escritores, de antiguos amigos que habían iniciado sus andanzas junto con nosotros, pero que se quedaron atrás y se perdieron sin dejar rastro. De vez en cuando, surgía el nombre de alguno de ellos, y se quedaba flotando en el aire. ¿Quién se acuerda de él? Movíamos la cabeza, y en nuestros labios se dibujaba una leve sonrisa. En el espejo de nuestros ojos se reflejaba algún rostro olvidado, el recuerdo de una carrera rota, de una vida malograda. ¿Quién sabe algo de él? ¿Estará vivo? La pregunta se quedaba sin otra respuesta que un profundo silencio. En ese silencio, la corona reseca de laureles del escritor o poeta en cuestión resonaba con un ruido cortante, como la hojarasca seca en el cementerio. Nos callábamos.
Nos callamos también, durante largos minutos, cuando alguien mencionó el nombre de Gallus.
Pobre desgraciado dijo Kornél Esti. Yo lo he visto, hace años, bueno, hace por lo menos siete u ocho años, y en circunstancias muy tristes. Le sucedió algo relacionado con una novela de detectives, algo emocionante y doloroso, algo inaudito y nunca visto.
Le conocíais todos, por lo menos de vista. Era un joven con mucho talento, brillante, intuitivo, también muy concienzudo y culto. Hablaba varios idiomas. Dominaba el inglés a la perfección, se decía que el mismo príncipe de Gales había tomado clases con él. Había vivido cuatro años en Cambridge.
Sin embargo, tenía un vicio terrible. No, no bebía. Sino que se quedaba con todo lo que tocase. Robaba sin parar. Le daba lo mismo llevarse un reloj de pulsera, unas pantuflas o un enorme tubo de calefacción. No le importaba en absoluto el valor, el tamaño o el volumen de los objetos robados. Muchas veces ni siquiera le servían para nada. Solamente le gratificaba el simple hecho de hacer lo que quería, es decir, robar. Nosotros, sus amigos más íntimos, intentábamos convencerle de que no lo hiciese. Le pedíamos y le rogábamos, con todo nuestro cariño. Le hacíamos reproches y le amenazábamos. Él nos daba la razón en todo. Nos prometía que lucharía contra sus impulsos naturales. Pero por mucho que razonara, su instinto era más fuerte que él. Recaía una y otra vez.
La gente le reprimía y le humillaba constantemente en lugares públicos, le cogían con las manos en la masa, y entonces nosotros teníamos que hacer esfuerzos increíbles para atenuar las consecuencias de sus actos. En una ocasión, sin embargo, robó la cartera de un comerciante moravo en el expreso de Viena: el hombre lo cogió, y en la siguiente estación lo entregó a la policía. Lo trajeron encadenado a Budapest.
Tratamos de salvarle otra vez. Vosotros, que sois escritores y poetas, sabéis que todo depende de las palabras, tanto la calidad de un poema como el destino de un hombre. Argumentamos diciendo que era cleptómano y no ladrón. A nuestros conocidos los calificamos de cleptómanos. A los desconocidos los llamamos simplemente ladrones. El tribunal no lo conocía, así que lo consideró un a ladrón y lo condenó a dos años de cárcel.
Después de ser liberado, una mañana gris de diciembre, poco antes de Navidad, se presentó en mi casa, hambriento y andrajoso. Se puso de rodillas delante de mí. Me rogó que no le abandonara a su destino, que le ayudara, que le consiguiese trabajo. En aquel momento no podía publicar bajo su nombre. Por otra parte, no sabía hacer otra cosa que escribir. Fui, pues, a ver a un editor honrado y humanitario, le recomendé y al otro día le encargaron la traducción de una novela de detectives inglesa. Era esa especie de basura con la que nosotros no nos manchamos las manos. Nosotros no leemos esas cosas. Como mucho, las traducimos, pero entonces nos ponemos guantes para hacerlo. El título era todavía me acuerdo El misterioso castillo del conde Wenceslao...Bueno, eso no importa. Yo estaba contento de haber podido hacer algo, él estaba contento de tener algo para comer y empezó el trabajo muy ilusionado. Trabajaba con tanta aplicación que sin completar el plazo convenido entregó la traducción en tres semanas.
Me sorprendió sobremanera cuando, al cabo de un par de días, el editor me llamó por teléfono para decirme que la traducción de mi protegido era totalmente inservible y que él no estaba dispuesto a pagarle ni un duro. Yo era incapaz de comprender la situación. Cogí el coche y me fui a ver al editor.
Sin decir palabra, me entregó una copia de la traducción. Nuestro amigo había escrito la traducción a máquina, numerando debidamente las páginas, incluso las ató con una cinta con los colores de la bandera nacional. Todo eso era típico de él, puesto que era como ya creo haberlo mencionado concienzudo, puntual y fiable en todo lo relacionado con la literatura. Empecé a leer el texto de la traducción. Expresé mi entusiasmo con un grito de reconocimiento. Eran frases claras, giros astutos, hallazgos lingüísticos ingeniosos, uno tras otro, incluso quizá indignos de aquella literatura de pacotilla. Sorprendido, le pregunté al editor qué encontraba de malo en aquella traducción. En respuesta, él me entregó el original en inglés, sin decirme nada, y me pidió que comparara los dos textos. Me pasé media hora comparando, leyendo una parte en el libro y otra en la traducción. Al final, me levanté asombrado. Le dije al editor que tenía toda la razón.
¿Por qué? No tratéis de adivinar. Os equivocaríais. Él no había entregado la traducción de otra novela de detectives. Se trataba, efectivamente, de la traducción fluida, artística y a veces incluso poética de El misterioso castillo del conde Wenceslao. Os equivocais otra vez. No había ningún error en la traducción. Al fin y al cabo, él dominaba a la perfección tanto el inglés como el húngaro. Nunca habríais oído cosa semejante. El fallo era otro. Totalmente distinto.
Yo mismo lo comprendí lentamente, paso a paso. Prestad atención. La primera frase del original inglés decía así: Las treinta y seis ventanas del antiguo castillo desvencijado brillaban llenas de luz. Arriba, en el primer piso, en el salón de baile, cuatro lámparas de araña lucían en su inigualable esplendor... En la traducción al húngaro ponía: Las doce ventanas del antiguo castillo desvencijado brillaban llenas de luz. Arriba, en el primer piso, en el salón de baile, dos lámparas de araña lucían en su inigualable esplendor... Abrí los ojos lleno de estupor y proseguí con la lectura. En la tercera página, el novelista inglés escribía: El conde Wenceslao, con una sonrisa irónica, sacó su cartera repleta de dinero y tiró a la mesa la suma solicitada: mil quinientas libras... La traducción húngara, sin embargo, decía así: El conde Wenceslao, con una sonrisa irónica, sacó su cartera repleta de dinero y tiró a la mesa la suma solicitada: ciento cincuenta libras... Empecé a tener sospechas de mal agüero que se convirtieron en tristes certezas durante los siguientes minutos. Más abajo, al pie de la tercera página, leí en la edición inglesa: La condesa Eleonora estaba sentada en uno de los rincones del salón de baile, vestida de gala, luciendo sus antiguas joyas familiares: la diadema de diamantes, heredada de su tatarabuela, princesa electora de Alemania. En su blanco pecho de cisne resplandecía un collar de perlas opacas, y sus dedos estaban cargados de anillos de brillantes, zafiros y esmeraldas... La traducción húngara para mi mayor sorpresa interpretaba esta descripción multicolor de la siguiente manera: La condesa Eleonora estaba sentada en uno de los rincones del salón de baile, vestida de gala... No había nada más. Faltaban la diadema de diamantes, el collar de perlas, así como los anillos de brillantes, zafiros y esmeraldas.
¿Comprendéis lo que había hecho ese compañero nuestro, ese escritor digno de un destino mejor? Había robado las joyas familiares de la condesa Eleonora, y con la misma ligereza había despojado de sus pertenencias al simpático conde Wenceslao, cuyas mil quinientas libras quedaron reducidas a ciento cincuenta; había robado dos de las cuatro lámparas de araña del salón de baile, veinticuatro ventanas de las treinta y seis del antiguo castillo desvencijado. El mundo daba vueltas a mi alrededor. Mi estupor creció al máximo cuando comprobé, sin ninguna duda, que esa tendencia acompañaba la traducción de la obra completa. Por donde pasara la pluma del traductor, despojaba de muchas pertenencias a los personajes de la novela, recién conocidos para él, pisoteando sin piedad sus sagradas propiedades privadas, muebles e inmuebles. Recurría a dos procedimientos. En la mayoría de los casos, los objetos valiosos desaparecían sin más. Las alfombras, las cajas fuertes, los objetos de plata, destinados a enaltecer el valor literario de la novela inglesa, no figuraban para nada en la versión húngara. Otras veces desaparecía algo: la mitad o las dos terceras partes. Cuando alguien ordenaba que su mayordomo llevase cinco maletas al compartimento del tren, él mencionaba, de manera fraudulenta, dos, y callaba las otras tres. Para mí, lo más triste era que muchas veces cambiaba los metales nobles y las piedras preciosas por otros materiales de mala calidad y sin valor alguno, escribía hojalata en vez de plata, cobre en vez de oro, cristal checo o cristal a secas en vez de diamante: eso, para mí, era señal de mala fe y de falta de hombría.
Me despedí del editor con la cara larga de tristeza. Por pura curiosidad, le pedí un ejemplar de la novela inglesa y una copia de la traducción. Puesto que me fascinaba el verdadero misterio de aquella novela de detectives, proseguí en casa con mis pesquisas, confeccionando una detallada lista de los objetos robados. Trabajé sin parar entre la una de la tarde y las cuatro de la madrugada. Al final, descubrí que nuestro compañero escritor, desviado del buen camino, había robado y saqueado de la novela inglesa 1.579.251 libras esterlinas, 277 anillos de oro, 947 collares de perlas, 181 relojes de pulsera, 309 pares de pendientes, 435 maletas, sin hablar de tierras, bosques y prados en propiedad, castillos pertenecientes a condes y barones, a parte de otros objetos de menos valor, como pañuelos de bolsillo, palillos de dientes y campanas, cuya enumeración resultaría larga y quizá superflua.
Preguntar dónde guardaba esos bienes muebles e inmuebles que solamente existían en el papel y en el imperio de la imaginación, y saber cuál había sido su propósito con los robos, nos llevaría bien lejos, aunque no era mi propósito hacerlo. Sin embargo, quedé totalmente convencido de que él seguía preso en su enfermiza pasión o en su enfermedad, que no había ninguna esperanza de que se curase de ello, y que era indigno del apoyo de la sociedad honrada. Debido a mi indignación moral, decidí privarle de todo mi apoyo. Lo entregué a su destino. Y no volví a saber más de él.
fuente: www.circulolateral.com
El traductor cleptómano
DEZSÕ KOSZTOLÁNYI
Hablábamos de poetas y de escritores, de antiguos amigos que habían iniciado sus andanzas junto con nosotros, pero que se quedaron atrás y se perdieron sin dejar rastro. De vez en cuando, surgía el nombre de alguno de ellos, y se quedaba flotando en el aire. ¿Quién se acuerda de él? Movíamos la cabeza, y en nuestros labios se dibujaba una leve sonrisa. En el espejo de nuestros ojos se reflejaba algún rostro olvidado, el recuerdo de una carrera rota, de una vida malograda. ¿Quién sabe algo de él? ¿Estará vivo? La pregunta se quedaba sin otra respuesta que un profundo silencio. En ese silencio, la corona reseca de laureles del escritor o poeta en cuestión resonaba con un ruido cortante, como la hojarasca seca en el cementerio. Nos callábamos.
Nos callamos también, durante largos minutos, cuando alguien mencionó el nombre de Gallus.
Pobre desgraciado dijo Kornél Esti. Yo lo he visto, hace años, bueno, hace por lo menos siete u ocho años, y en circunstancias muy tristes. Le sucedió algo relacionado con una novela de detectives, algo emocionante y doloroso, algo inaudito y nunca visto.
Le conocíais todos, por lo menos de vista. Era un joven con mucho talento, brillante, intuitivo, también muy concienzudo y culto. Hablaba varios idiomas. Dominaba el inglés a la perfección, se decía que el mismo príncipe de Gales había tomado clases con él. Había vivido cuatro años en Cambridge.
Sin embargo, tenía un vicio terrible. No, no bebía. Sino que se quedaba con todo lo que tocase. Robaba sin parar. Le daba lo mismo llevarse un reloj de pulsera, unas pantuflas o un enorme tubo de calefacción. No le importaba en absoluto el valor, el tamaño o el volumen de los objetos robados. Muchas veces ni siquiera le servían para nada. Solamente le gratificaba el simple hecho de hacer lo que quería, es decir, robar. Nosotros, sus amigos más íntimos, intentábamos convencerle de que no lo hiciese. Le pedíamos y le rogábamos, con todo nuestro cariño. Le hacíamos reproches y le amenazábamos. Él nos daba la razón en todo. Nos prometía que lucharía contra sus impulsos naturales. Pero por mucho que razonara, su instinto era más fuerte que él. Recaía una y otra vez.
La gente le reprimía y le humillaba constantemente en lugares públicos, le cogían con las manos en la masa, y entonces nosotros teníamos que hacer esfuerzos increíbles para atenuar las consecuencias de sus actos. En una ocasión, sin embargo, robó la cartera de un comerciante moravo en el expreso de Viena: el hombre lo cogió, y en la siguiente estación lo entregó a la policía. Lo trajeron encadenado a Budapest.
Tratamos de salvarle otra vez. Vosotros, que sois escritores y poetas, sabéis que todo depende de las palabras, tanto la calidad de un poema como el destino de un hombre. Argumentamos diciendo que era cleptómano y no ladrón. A nuestros conocidos los calificamos de cleptómanos. A los desconocidos los llamamos simplemente ladrones. El tribunal no lo conocía, así que lo consideró un a ladrón y lo condenó a dos años de cárcel.
Después de ser liberado, una mañana gris de diciembre, poco antes de Navidad, se presentó en mi casa, hambriento y andrajoso. Se puso de rodillas delante de mí. Me rogó que no le abandonara a su destino, que le ayudara, que le consiguiese trabajo. En aquel momento no podía publicar bajo su nombre. Por otra parte, no sabía hacer otra cosa que escribir. Fui, pues, a ver a un editor honrado y humanitario, le recomendé y al otro día le encargaron la traducción de una novela de detectives inglesa. Era esa especie de basura con la que nosotros no nos manchamos las manos. Nosotros no leemos esas cosas. Como mucho, las traducimos, pero entonces nos ponemos guantes para hacerlo. El título era todavía me acuerdo El misterioso castillo del conde Wenceslao...Bueno, eso no importa. Yo estaba contento de haber podido hacer algo, él estaba contento de tener algo para comer y empezó el trabajo muy ilusionado. Trabajaba con tanta aplicación que sin completar el plazo convenido entregó la traducción en tres semanas.
Me sorprendió sobremanera cuando, al cabo de un par de días, el editor me llamó por teléfono para decirme que la traducción de mi protegido era totalmente inservible y que él no estaba dispuesto a pagarle ni un duro. Yo era incapaz de comprender la situación. Cogí el coche y me fui a ver al editor.
Sin decir palabra, me entregó una copia de la traducción. Nuestro amigo había escrito la traducción a máquina, numerando debidamente las páginas, incluso las ató con una cinta con los colores de la bandera nacional. Todo eso era típico de él, puesto que era como ya creo haberlo mencionado concienzudo, puntual y fiable en todo lo relacionado con la literatura. Empecé a leer el texto de la traducción. Expresé mi entusiasmo con un grito de reconocimiento. Eran frases claras, giros astutos, hallazgos lingüísticos ingeniosos, uno tras otro, incluso quizá indignos de aquella literatura de pacotilla. Sorprendido, le pregunté al editor qué encontraba de malo en aquella traducción. En respuesta, él me entregó el original en inglés, sin decirme nada, y me pidió que comparara los dos textos. Me pasé media hora comparando, leyendo una parte en el libro y otra en la traducción. Al final, me levanté asombrado. Le dije al editor que tenía toda la razón.
¿Por qué? No tratéis de adivinar. Os equivocaríais. Él no había entregado la traducción de otra novela de detectives. Se trataba, efectivamente, de la traducción fluida, artística y a veces incluso poética de El misterioso castillo del conde Wenceslao. Os equivocais otra vez. No había ningún error en la traducción. Al fin y al cabo, él dominaba a la perfección tanto el inglés como el húngaro. Nunca habríais oído cosa semejante. El fallo era otro. Totalmente distinto.
Yo mismo lo comprendí lentamente, paso a paso. Prestad atención. La primera frase del original inglés decía así: Las treinta y seis ventanas del antiguo castillo desvencijado brillaban llenas de luz. Arriba, en el primer piso, en el salón de baile, cuatro lámparas de araña lucían en su inigualable esplendor... En la traducción al húngaro ponía: Las doce ventanas del antiguo castillo desvencijado brillaban llenas de luz. Arriba, en el primer piso, en el salón de baile, dos lámparas de araña lucían en su inigualable esplendor... Abrí los ojos lleno de estupor y proseguí con la lectura. En la tercera página, el novelista inglés escribía: El conde Wenceslao, con una sonrisa irónica, sacó su cartera repleta de dinero y tiró a la mesa la suma solicitada: mil quinientas libras... La traducción húngara, sin embargo, decía así: El conde Wenceslao, con una sonrisa irónica, sacó su cartera repleta de dinero y tiró a la mesa la suma solicitada: ciento cincuenta libras... Empecé a tener sospechas de mal agüero que se convirtieron en tristes certezas durante los siguientes minutos. Más abajo, al pie de la tercera página, leí en la edición inglesa: La condesa Eleonora estaba sentada en uno de los rincones del salón de baile, vestida de gala, luciendo sus antiguas joyas familiares: la diadema de diamantes, heredada de su tatarabuela, princesa electora de Alemania. En su blanco pecho de cisne resplandecía un collar de perlas opacas, y sus dedos estaban cargados de anillos de brillantes, zafiros y esmeraldas... La traducción húngara para mi mayor sorpresa interpretaba esta descripción multicolor de la siguiente manera: La condesa Eleonora estaba sentada en uno de los rincones del salón de baile, vestida de gala... No había nada más. Faltaban la diadema de diamantes, el collar de perlas, así como los anillos de brillantes, zafiros y esmeraldas.
¿Comprendéis lo que había hecho ese compañero nuestro, ese escritor digno de un destino mejor? Había robado las joyas familiares de la condesa Eleonora, y con la misma ligereza había despojado de sus pertenencias al simpático conde Wenceslao, cuyas mil quinientas libras quedaron reducidas a ciento cincuenta; había robado dos de las cuatro lámparas de araña del salón de baile, veinticuatro ventanas de las treinta y seis del antiguo castillo desvencijado. El mundo daba vueltas a mi alrededor. Mi estupor creció al máximo cuando comprobé, sin ninguna duda, que esa tendencia acompañaba la traducción de la obra completa. Por donde pasara la pluma del traductor, despojaba de muchas pertenencias a los personajes de la novela, recién conocidos para él, pisoteando sin piedad sus sagradas propiedades privadas, muebles e inmuebles. Recurría a dos procedimientos. En la mayoría de los casos, los objetos valiosos desaparecían sin más. Las alfombras, las cajas fuertes, los objetos de plata, destinados a enaltecer el valor literario de la novela inglesa, no figuraban para nada en la versión húngara. Otras veces desaparecía algo: la mitad o las dos terceras partes. Cuando alguien ordenaba que su mayordomo llevase cinco maletas al compartimento del tren, él mencionaba, de manera fraudulenta, dos, y callaba las otras tres. Para mí, lo más triste era que muchas veces cambiaba los metales nobles y las piedras preciosas por otros materiales de mala calidad y sin valor alguno, escribía hojalata en vez de plata, cobre en vez de oro, cristal checo o cristal a secas en vez de diamante: eso, para mí, era señal de mala fe y de falta de hombría.
Me despedí del editor con la cara larga de tristeza. Por pura curiosidad, le pedí un ejemplar de la novela inglesa y una copia de la traducción. Puesto que me fascinaba el verdadero misterio de aquella novela de detectives, proseguí en casa con mis pesquisas, confeccionando una detallada lista de los objetos robados. Trabajé sin parar entre la una de la tarde y las cuatro de la madrugada. Al final, descubrí que nuestro compañero escritor, desviado del buen camino, había robado y saqueado de la novela inglesa 1.579.251 libras esterlinas, 277 anillos de oro, 947 collares de perlas, 181 relojes de pulsera, 309 pares de pendientes, 435 maletas, sin hablar de tierras, bosques y prados en propiedad, castillos pertenecientes a condes y barones, a parte de otros objetos de menos valor, como pañuelos de bolsillo, palillos de dientes y campanas, cuya enumeración resultaría larga y quizá superflua.
Preguntar dónde guardaba esos bienes muebles e inmuebles que solamente existían en el papel y en el imperio de la imaginación, y saber cuál había sido su propósito con los robos, nos llevaría bien lejos, aunque no era mi propósito hacerlo. Sin embargo, quedé totalmente convencido de que él seguía preso en su enfermiza pasión o en su enfermedad, que no había ninguna esperanza de que se curase de ello, y que era indigno del apoyo de la sociedad honrada. Debido a mi indignación moral, decidí privarle de todo mi apoyo. Lo entregué a su destino. Y no volví a saber más de él.
fuente: www.circulolateral.com
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Castelhano ou espanhol?
Há tempo evito debater neste blog a questão da polêmica do uso dos termos “espanhol” e “castelhano” e o motivo de eu me esquivar é porque creio que essa questão envolve uma disputa ideológica e política, e meu objetivo aqui é voltado para a tradução e a língua…
Por outro lado, acho que é válido, ao menos, tentar entender o porquê da existência desses dois termos. Você já deve ter presenciado alguma discussão acirrada sobre se o termo “espanhol” é correto para referir-se ao idioma falado na Espanha e em muitos outros países (principalmente sul-americanos), ou se “castelhano” é o termo correto para designar nosso idioma, ou se “espanhol” é somente o “espanhol da Espanha”, ou o “castelhano” é somente o “espanhol de Castilha”. Certamente já deve ter ouvido alguns debates semelhantes.
Porque “castellano” pode ser sinónimo de “español” quando nos referirmos ao idioma?
O latim culto deixou de ser utilizado com o desmembramento do Império Romano e evolucionou para o latim vulgar. No século VI, o latim culto só era utilizado pelos eclesiásticos e pela gente letrada. Surgiram diferentes dialetos na península. Em Castilha é onde surge a épica castelhana, e dali surgirão as lendas épicas que nutrirão o romanceiro. Como no Reino de León não havia uma língua oficial, o castelhano acabou impondo-se sobre os outros dialetos. Quando Castilha se impôs como sede do reinado peninsular, o castelhano acabou por assentar-se como língua da Espanha, já que foi a língua que alcançou maior extensão.
A colonização espanhola na América foi iniciada em 1492 pelo Reino de Castilha ligado dinasticamente ao Reino de Aragão. A união dos chamados "Reis Católicos" Fernando II de Aragão e Isabel I de Castilha é considerada um marco da unificação espanhola como nação, consta que no prólogo do seu diário, Cristóvão Colombo dirigiu-se aos monarcas Fernando e Isabel como "Rey y Reina de las Españas". Muito antes, os romanos já se referiam a esse território como ‘Hispania’.
É fato que a conquista espanhola pilhou, escravizou e dizimou culturas avançadas como os Maias, os Incas e os Astecas e que teve consequências devastadoras para os países colonizados e isso justificaria o fato desses países preferirem o termo castelhano ao termo espanhol. Claro que considero injusto que outras milhares de línguas tenham sido sacrificadas em nome de uma língua que foi imposta, mas é pior quando o próprio país nega suas raízes como acontece no Brasil, onde não fomos capazes de preservar uma única língua indígena como língua oficial e onde há pouquíssimos centros de estudo dedicados às línguas indígenas.
Não queria me envolver na questão política, mas a política e a opinião são inerentes ao discurso. Deixando de lado minhas divagações transcrevo, a seguir, a orientação do Diccionario panhispánico de dudas, obra elaborada pela Real Academia Española e pela Asociación de Academias de la Lengua Española (associação criada no México em 1951 e integrada pelas 22 academias da língua espanhola existentes no mundo), que trata deste assunto de maneira bastante concisa:
“Para designar la lengua común de España y de muchas naciones de América, y que también se habla como propia en otras partes del mundo, son válidos los términos castellano y español. La polémica sobre cuál de estas denominaciones resulta más apropiada está hoy superada. [superada????]
El término español resulta más recomendable por carecer de ambigüedad, ya que se refiere de modo unívoco a la lengua que hablan hoy cerca de cuatrocientos millones de personas. Asimismo, es la denominación que se utiliza internacionalmente (Spanish, espagnol, Spanisch, spagnolo, etc.).
Aun siendo también sinónimo de español, resulta preferible reservar el término castellano para referirse al dialecto románico nacido en el Reino de Castilla durante la Edad Media, o al dialecto del español que se habla actualmente en esta región.
En España, se usa asimismo el nombre castellano cuando se alude a la lengua común del Estado en relación con las otras lenguas cooficiales en sus respectivos territorios autónomos, como el catalán, el gallego o el vasco.”
Fica a seu critério usar uma ou outra forma!
Por outro lado, acho que é válido, ao menos, tentar entender o porquê da existência desses dois termos. Você já deve ter presenciado alguma discussão acirrada sobre se o termo “espanhol” é correto para referir-se ao idioma falado na Espanha e em muitos outros países (principalmente sul-americanos), ou se “castelhano” é o termo correto para designar nosso idioma, ou se “espanhol” é somente o “espanhol da Espanha”, ou o “castelhano” é somente o “espanhol de Castilha”. Certamente já deve ter ouvido alguns debates semelhantes.
Porque “castellano” pode ser sinónimo de “español” quando nos referirmos ao idioma?
O latim culto deixou de ser utilizado com o desmembramento do Império Romano e evolucionou para o latim vulgar. No século VI, o latim culto só era utilizado pelos eclesiásticos e pela gente letrada. Surgiram diferentes dialetos na península. Em Castilha é onde surge a épica castelhana, e dali surgirão as lendas épicas que nutrirão o romanceiro. Como no Reino de León não havia uma língua oficial, o castelhano acabou impondo-se sobre os outros dialetos. Quando Castilha se impôs como sede do reinado peninsular, o castelhano acabou por assentar-se como língua da Espanha, já que foi a língua que alcançou maior extensão.
A colonização espanhola na América foi iniciada em 1492 pelo Reino de Castilha ligado dinasticamente ao Reino de Aragão. A união dos chamados "Reis Católicos" Fernando II de Aragão e Isabel I de Castilha é considerada um marco da unificação espanhola como nação, consta que no prólogo do seu diário, Cristóvão Colombo dirigiu-se aos monarcas Fernando e Isabel como "Rey y Reina de las Españas". Muito antes, os romanos já se referiam a esse território como ‘Hispania’.
É fato que a conquista espanhola pilhou, escravizou e dizimou culturas avançadas como os Maias, os Incas e os Astecas e que teve consequências devastadoras para os países colonizados e isso justificaria o fato desses países preferirem o termo castelhano ao termo espanhol. Claro que considero injusto que outras milhares de línguas tenham sido sacrificadas em nome de uma língua que foi imposta, mas é pior quando o próprio país nega suas raízes como acontece no Brasil, onde não fomos capazes de preservar uma única língua indígena como língua oficial e onde há pouquíssimos centros de estudo dedicados às línguas indígenas.
Não queria me envolver na questão política, mas a política e a opinião são inerentes ao discurso. Deixando de lado minhas divagações transcrevo, a seguir, a orientação do Diccionario panhispánico de dudas, obra elaborada pela Real Academia Española e pela Asociación de Academias de la Lengua Española (associação criada no México em 1951 e integrada pelas 22 academias da língua espanhola existentes no mundo), que trata deste assunto de maneira bastante concisa:
“Para designar la lengua común de España y de muchas naciones de América, y que también se habla como propia en otras partes del mundo, son válidos los términos castellano y español. La polémica sobre cuál de estas denominaciones resulta más apropiada está hoy superada. [superada????]
El término español resulta más recomendable por carecer de ambigüedad, ya que se refiere de modo unívoco a la lengua que hablan hoy cerca de cuatrocientos millones de personas. Asimismo, es la denominación que se utiliza internacionalmente (Spanish, espagnol, Spanisch, spagnolo, etc.).
Aun siendo también sinónimo de español, resulta preferible reservar el término castellano para referirse al dialecto románico nacido en el Reino de Castilla durante la Edad Media, o al dialecto del español que se habla actualmente en esta región.
En España, se usa asimismo el nombre castellano cuando se alude a la lengua común del Estado en relación con las otras lenguas cooficiales en sus respectivos territorios autónomos, como el catalán, el gallego o el vasco.”
Fica a seu critério usar uma ou outra forma!
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segunda-feira, 19 de agosto de 2013
O sapatinho de cristal da Cinderela
A escritora de literatura infantil em euskera (vasco) Mariasun Landa, premiada pela Asociación Nacional de Literatura Infantil, revelou que o sapatinho de cristal da Cinderela foi, na verdade, resultado de um erro de tradução.
Segundo a escritora, a confusão é resultante da semelhança entre duas palavras em francês: vaire (pele, couro) y verre (vidro ou cristal). Originalmente os sapatos seriam de couro, mas o erro de tradução, como num passe de mágica, transformou-os em “sapatinhos de cristal”.
E não é que ficou lindo?! Teria feito o mesmo sucesso essa romântica história se os sapatinhos fossem de couro?
Segundo a escritora, a confusão é resultante da semelhança entre duas palavras em francês: vaire (pele, couro) y verre (vidro ou cristal). Originalmente os sapatos seriam de couro, mas o erro de tradução, como num passe de mágica, transformou-os em “sapatinhos de cristal”.
E não é que ficou lindo?! Teria feito o mesmo sucesso essa romântica história se os sapatinhos fossem de couro?
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Pois não
Antes que nada, para festejar las 100 publicaciones, aprovecho la ocasión para agradecer a los lectores que empeñan algo de su precioso tiempo leyendo este blog. ¡Gracias! y Obrigada! a todos. ¡Espero que sea placentero y provechoso!
Hoy vamos a ver una expresión muy usada por los brasileños que suele confundir a los españoles. El “Pois não”, que a pesar de parecer una expresión negativa por contener la palabra “não”, es una expresión afirmativa.
Eso me recuerda una anécdota contada por un profesor de español que tenía que entrevistar a un escritor, cuya obra pretendía traducir y, al llamar a la secretaria, él le preguntaba:
- Por favor, ¿podría hablar con el señor…?
- Pois não.
- Ah, ¿no está?
- Sim, ele está.
- ????? (entonces, ¿por qué dijo no?)
“Pois não” significa lo mismo que decir sí, claro. Es una forma educada de responder afirmativamente. Expresa la disponibilidad de hacer algo, de tomar una actitud. “Pois não”, es la contracción de la expresión “pois não havia de” (pues no habría de…).
Ejemplos de uso:
- Por favor, gostaria de falar com o diretor. - Pois não, um momento, vou chamá-lo.
- Gostaria de experimentar esse sapato? - Pois não, vou buscar para a senhora experimentar.
- Poderia preencher este formulário? – Pois não.
Es común que, al mirar un escaparate de una tienda o al sentarse en un sitio para tomar algo, el vendedor o el camarero se acerque y pregunte “Pois não?”. En ese caso, quiere decir “¿Qué desea?”.
Ojo, que en Portugal la expresión “Pois não” no tiene el mismo significado que en Brasil. En Portugal cuando se dice “pois não” se pretende confirmar una negación ya sugerida. Ejemplo:
- Mas então não viste o jogo da seleção?
- Pois não. (confirma que no lo vio)
Básicamente, se puede traducir “pois não” al español por: ‘como no’ (expresión que también usa el ‘no’ con el sentido de ‘sí’), ‘faltaría más’, ‘claro que sí’ o ‘por supuesto’.
Hoy vamos a ver una expresión muy usada por los brasileños que suele confundir a los españoles. El “Pois não”, que a pesar de parecer una expresión negativa por contener la palabra “não”, es una expresión afirmativa.
Eso me recuerda una anécdota contada por un profesor de español que tenía que entrevistar a un escritor, cuya obra pretendía traducir y, al llamar a la secretaria, él le preguntaba:
- Por favor, ¿podría hablar con el señor…?
- Pois não.
- Ah, ¿no está?
- Sim, ele está.
- ????? (entonces, ¿por qué dijo no?)
“Pois não” significa lo mismo que decir sí, claro. Es una forma educada de responder afirmativamente. Expresa la disponibilidad de hacer algo, de tomar una actitud. “Pois não”, es la contracción de la expresión “pois não havia de” (pues no habría de…).
Ejemplos de uso:
- Por favor, gostaria de falar com o diretor. - Pois não, um momento, vou chamá-lo.
- Gostaria de experimentar esse sapato? - Pois não, vou buscar para a senhora experimentar.
- Poderia preencher este formulário? – Pois não.
Es común que, al mirar un escaparate de una tienda o al sentarse en un sitio para tomar algo, el vendedor o el camarero se acerque y pregunte “Pois não?”. En ese caso, quiere decir “¿Qué desea?”.
Ojo, que en Portugal la expresión “Pois não” no tiene el mismo significado que en Brasil. En Portugal cuando se dice “pois não” se pretende confirmar una negación ya sugerida. Ejemplo:
- Mas então não viste o jogo da seleção?
- Pois não. (confirma que no lo vio)
Básicamente, se puede traducir “pois não” al español por: ‘como no’ (expresión que también usa el ‘no’ con el sentido de ‘sí’), ‘faltaría más’, ‘claro que sí’ o ‘por supuesto’.
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
O horário das refeições na Espanha
No Brasil, acordamos cedo, às 6h ou 7h, isso é normal para nós, mas na Espanha as pessoas acordam às 8h ou 8h30m, pois o comércio e escritórios costumam funcionar a partir das 9h30m.
Nosso horário de almoço é ao meio-dia, pode ser um pouco mais tarde, mas não costuma passar das 14h.
Na Espanha, o horário de almoço começa a partir das 14h até as 15h30m. O jantar é servido entre as 20h30m até as 23h.
No inverno, escurece muito cedo, por volta das 17h.
Durante o verão, 21 de Junho a 20 de Setembro, têm-se cerca de 14 horas diárias de luz, anoitece por volta das 21h30m, por isso as noites são muito animadas e movimentadas e é normal as pessoas passearem na rua, inclusive com crianças.
Para os turistas brasileiros é um pouco difícil adaptar-se aos horários das refeições, mas depois de alguns dias, vai ficando mais fácil.
Para saber mais sobre os estranhos horários espanhóis, acesse o link abaixo:
http://verne.elpais.com/verne/2016/03/18/articulo/1458309794_132930.html?id_externo_rsoc=FB_CM
Nosso horário de almoço é ao meio-dia, pode ser um pouco mais tarde, mas não costuma passar das 14h.
Na Espanha, o horário de almoço começa a partir das 14h até as 15h30m. O jantar é servido entre as 20h30m até as 23h.
No inverno, escurece muito cedo, por volta das 17h.
Durante o verão, 21 de Junho a 20 de Setembro, têm-se cerca de 14 horas diárias de luz, anoitece por volta das 21h30m, por isso as noites são muito animadas e movimentadas e é normal as pessoas passearem na rua, inclusive com crianças.
Para os turistas brasileiros é um pouco difícil adaptar-se aos horários das refeições, mas depois de alguns dias, vai ficando mais fácil.
Para saber mais sobre os estranhos horários espanhóis, acesse o link abaixo:
http://verne.elpais.com/verne/2016/03/18/articulo/1458309794_132930.html?id_externo_rsoc=FB_CM
Estrangeirismos na língua portuguesa
O estrangeirismo é um fenômeno linguístico que consiste no uso de uma palavra, expressão ou construção frasal estrangeira. Algumas gramáticas o consideram um método de composição de palavras, outras, uma figura de linguagem, e as mais conservadoras tratam o estrangeirismo como um vício de linguagem ou um barbarismo, expressão que vem dos latinos, que consideravam que todo estrangeiro era um bárbaro.
O fato é que o estrangeirismo é muito presente no português do Brasil. Algumas pessoas consideram que as palavras estrangeiras contaminam nosso idioma e outras, que o enriquecem. Há ainda muitas pessoas que estão tão acostumadas com a presença dos estrangeirismos que desconhecem que muitas palavras tem origem em outros idiomas.
- Moço, por favor, pode preparar um xis ovo e um batido de leite de banana?
- um o quê?!
- um xis ovo.
- ah… um xis egg!
- e um batido de leite de banana.
- ah… não seria um milk-shake?
- OK, um xis egg e um milk-shake, please!
Veja abaixo uma tira cômica da Mafalda sobre os extrangeirismos no espanhol.
Palavras aportuguesadas: é quando a grafia e a pronúncia da palavra estrangeira são adaptadas para o português. Exemplo: abajur (do francês "abat-jour").
Alguns exemplos de palavras aportuguesadas:
Aperrear (do espanhol aperrear, de perro): aborrecer.
Ateliê (do francês atelier): oficina de artesãos.
Bangalô (do inglês bungalow): casa residencial com arquitetura indiana.
Basquetebol (do inglês basket ball)
Bife (do inglês beef): fatia de carne.
Bijuteria (do francês bijouterie): adorno barato.
Blecaute (do inglês blackout): interrupção no fornecimento de energia.
Bufê (do francês buffet): mesa para servir refeições.
Buquê (do francês bouquet): ramalhete de flores.
Cardigã (do inglês cardigan): casaco tricotado que se abotoa, sem gola.
Chique (do francês chic): elegante.
Chofer (do francês chauffeur): motorista.
Coquetel (do inglês cocktail): mistura de bebida alcoólica com frutas.
Escore (do inglês score): resultado de uma partida esportiva, placar.
Guichê (do francês guichet): pequena janela por onde se atende o público.
Náilon (do inglês nylon): fibra têxtil sintética.
Nocaute (do inglês knockout): Em boxe, derrota pela inconsciência durante 10 segundos, no mínimo.
Suéter (do inglês sweater): agasalho de lã.
Sutiã (do francês soutien-gorge): roupa íntima para sustentar os seios.
Toalete (do francês toilette): banheiro.
Voleibol (do inglês volleyball)
Algumas palavras aportuguesadas que não pegaram no Brasil:
Xampu: será que o xampu com ‘x’ deixa os cabelos com frizz?
Sítio: em Portugal é comum, mas no Brasil prefere-se site mesmo, em inglês.
Correio eletrônico: no Brasil é mais comum a expressão e-mail, em inglês.
Em linha: em Portugal é comum, no Brasil prefere-se on-line, em inglês.
Rato: em Portugal é comum, no Brasil prefere-se o termo em inglês, mouse.
Alguns estrangeirismos são completamente desnecessários e podem soar estranhos ou pedantes ao ouvinte:
Startar: começar, iniciar.
Franchise: franquia.
Recall: revisão.
Coffebreak: onde está o nosso velho e bom cafezinho?
Self-service: autosserviço.
Case de sucesso: por que não simplesmente um caso de sucesso?
Feedback: por que não retorno, resposta, realimentação, retroalimentação?
Outlet: por que não o tradicional bota-fora?
O fato é que o estrangeirismo é muito presente no português do Brasil. Algumas pessoas consideram que as palavras estrangeiras contaminam nosso idioma e outras, que o enriquecem. Há ainda muitas pessoas que estão tão acostumadas com a presença dos estrangeirismos que desconhecem que muitas palavras tem origem em outros idiomas.
- Moço, por favor, pode preparar um xis ovo e um batido de leite de banana?
- um o quê?!
- um xis ovo.
- ah… um xis egg!
- e um batido de leite de banana.
- ah… não seria um milk-shake?
- OK, um xis egg e um milk-shake, please!
Veja abaixo uma tira cômica da Mafalda sobre os extrangeirismos no espanhol.
Palavras aportuguesadas: é quando a grafia e a pronúncia da palavra estrangeira são adaptadas para o português. Exemplo: abajur (do francês "abat-jour").
Alguns exemplos de palavras aportuguesadas:
Aperrear (do espanhol aperrear, de perro): aborrecer.
Ateliê (do francês atelier): oficina de artesãos.
Bangalô (do inglês bungalow): casa residencial com arquitetura indiana.
Basquetebol (do inglês basket ball)
Bife (do inglês beef): fatia de carne.
Bijuteria (do francês bijouterie): adorno barato.
Blecaute (do inglês blackout): interrupção no fornecimento de energia.
Bufê (do francês buffet): mesa para servir refeições.
Buquê (do francês bouquet): ramalhete de flores.
Cardigã (do inglês cardigan): casaco tricotado que se abotoa, sem gola.
Chique (do francês chic): elegante.
Chofer (do francês chauffeur): motorista.
Coquetel (do inglês cocktail): mistura de bebida alcoólica com frutas.
Escore (do inglês score): resultado de uma partida esportiva, placar.
Guichê (do francês guichet): pequena janela por onde se atende o público.
Náilon (do inglês nylon): fibra têxtil sintética.
Nocaute (do inglês knockout): Em boxe, derrota pela inconsciência durante 10 segundos, no mínimo.
Suéter (do inglês sweater): agasalho de lã.
Sutiã (do francês soutien-gorge): roupa íntima para sustentar os seios.
Toalete (do francês toilette): banheiro.
Voleibol (do inglês volleyball)
Algumas palavras aportuguesadas que não pegaram no Brasil:
Xampu: será que o xampu com ‘x’ deixa os cabelos com frizz?
Sítio: em Portugal é comum, mas no Brasil prefere-se site mesmo, em inglês.
Correio eletrônico: no Brasil é mais comum a expressão e-mail, em inglês.
Em linha: em Portugal é comum, no Brasil prefere-se on-line, em inglês.
Rato: em Portugal é comum, no Brasil prefere-se o termo em inglês, mouse.
Alguns estrangeirismos são completamente desnecessários e podem soar estranhos ou pedantes ao ouvinte:
Startar: começar, iniciar.
Franchise: franquia.
Recall: revisão.
Coffebreak: onde está o nosso velho e bom cafezinho?
Self-service: autosserviço.
Case de sucesso: por que não simplesmente um caso de sucesso?
Feedback: por que não retorno, resposta, realimentação, retroalimentação?
Outlet: por que não o tradicional bota-fora?
terça-feira, 13 de agosto de 2013
El chocolate del loro
Em seu livro, “Hablar con corrección”, Pancracio Celdrán afirma que a expressão “el chocolate del loro” é usada para designar a situação em que se pretende equilibrar a economia doméstica prescindindo unicamente de pequenos gastos, sem afetar as grandes despesas. Ou seja, para tentar resolver um grande problema, frequentemente econômico, atacam-se os aspectos mínimos, insignificantes e deixam-se os importantes.
Essa expressão teria-se originado em Madri durante o século XVIII, época em que uma recepção não era tal se não fosse servida uma xícara de chocolate. O produto era caro e, assim, habitualmente os que voltavam ricos da América, faziam alarde de suas riquezas. Alguns deles traziam papagaios e os exibiam orgulhosos na sala da residência. O papagaio, dentro de sua luxuosa jaula, tinha um recipiente com chocolate para bicar, apesar do custo da iguaria.
Quando esses cidadãos começavam a declinar economicamente privavam a ave do capricho, mas continuavam oferecendo chocolate aos convidados para não deixar evidente sua penúria.
Semelhante é a imagem do orgulhoso fidalgo que não tendo comido, saía à rua com um palito entre os dentes para as pessoas pensassem que havia-se saciado!
Como traduzir semelhante expressão ao português?
Carlos Ruiz Zafón, numa entrevista a respeito da crise na indústria cultural, afirmou que o combate à pirataria particular ou familiar é "el chocolate del loro”, ou seja, porque ele acha que isso é insignificante diante das grandes companhias que incentivam e criam novas mídias e suportes digitais para esgotar a indústria cultural.
Sem entrar no mérito da questão, como poderíamos traduzir essa frase ao português?
Se dissermos “O combate à pirataria particular ou familiar é o chocolate do papagaio diante da atitude das grandes companhias…” não fará sentido algum em português. Isso demonstra que a tradução literal não funciona quando se pretende traduzir expressões populares, ditados, frases feitas, idiomatismos, devido ao forte aspecto cultural que essas construções carregam.
Como não temos uma expressão equivalente em português, ocorre-me a seguinte solução:
O combate à pirataria particular ou familiar é como tampar o sol com a peneira diante da atitude das grandes companhias…
Assim, mantem-se uma expressão popular que designa uma atitude insignificante, porém perde-se a carga semântica referente à economia.
Outra solução seria:
O combate à pirataria particular ou familiar é uma atitude insignificante diante do papel das grandes companhias…
Você tem alguma sugestão?
Essa expressão teria-se originado em Madri durante o século XVIII, época em que uma recepção não era tal se não fosse servida uma xícara de chocolate. O produto era caro e, assim, habitualmente os que voltavam ricos da América, faziam alarde de suas riquezas. Alguns deles traziam papagaios e os exibiam orgulhosos na sala da residência. O papagaio, dentro de sua luxuosa jaula, tinha um recipiente com chocolate para bicar, apesar do custo da iguaria.
Quando esses cidadãos começavam a declinar economicamente privavam a ave do capricho, mas continuavam oferecendo chocolate aos convidados para não deixar evidente sua penúria.
Semelhante é a imagem do orgulhoso fidalgo que não tendo comido, saía à rua com um palito entre os dentes para as pessoas pensassem que havia-se saciado!
Como traduzir semelhante expressão ao português?
Carlos Ruiz Zafón, numa entrevista a respeito da crise na indústria cultural, afirmou que o combate à pirataria particular ou familiar é "el chocolate del loro”, ou seja, porque ele acha que isso é insignificante diante das grandes companhias que incentivam e criam novas mídias e suportes digitais para esgotar a indústria cultural.
Sem entrar no mérito da questão, como poderíamos traduzir essa frase ao português?
Se dissermos “O combate à pirataria particular ou familiar é o chocolate do papagaio diante da atitude das grandes companhias…” não fará sentido algum em português. Isso demonstra que a tradução literal não funciona quando se pretende traduzir expressões populares, ditados, frases feitas, idiomatismos, devido ao forte aspecto cultural que essas construções carregam.
Como não temos uma expressão equivalente em português, ocorre-me a seguinte solução:
O combate à pirataria particular ou familiar é como tampar o sol com a peneira diante da atitude das grandes companhias…
Assim, mantem-se uma expressão popular que designa uma atitude insignificante, porém perde-se a carga semântica referente à economia.
Outra solução seria:
O combate à pirataria particular ou familiar é uma atitude insignificante diante do papel das grandes companhias…
Você tem alguma sugestão?