Paulo Rónai (1907-1992), ensaísta, tradutor, linguista e professor, nasceu em Budapeste, na Hungria. Filho de um livreiro judeu, estudou em Budapest e em Paris. Com 19 anos já havia traduzido poetas latinos para revistas. Em 1929, concluiu o doutorado e começou a publicar textos de crítica literária. Ainda na Hungria, interessou-se pela língua portuguesa, que aprendeu sozinho, e traduziu e publicou uma antologia de poesia brasileira moderna (1939). Diante da dificuldade de encontrar livros de nossos poetas, Rónai escreveu ao jornal Correio da Manhã, comunicando que já havia publicado traduções de poesias brasileiras e pedindo que lhe fossem enviados livros e poemas.No mesmo ano, contando então 27 anos e doutor em filologia e línguas neolatinas, por ter ascendência judaica, foi enviado a um campo de trabalhos forçados, onde permaneceu por seis meses.
Como tais campos ainda não eram campos de concentração, foi concedida uma licença de final de ano aos jovens judeus que ali se encontravam. Rónai aproveitou a oportunidade para conseguir um visto e fugir para o Brasil.
aturalizou-se brasileiro em 1945. Viveu no Rio de Janeiro, onde foi professor de francês e de latim em diversas instituições de ensino. Paralelamente, desenvolveu a carreira como tradutor literário, iniciada em seu país de origem, onde realizou também traduções técnicas. Pioneiro na luta pela profissionalização dos tradutores criou a ABRATES (Associação Brasileira de Tradutores).
No Brasil dedicou-se ao magistério, naturalizou-se em 1945 e ficou até seus últimos dias, em Nova Friburgo, RJ. Conheceu em profundidade nove idiomas, traduziu para o português mais de cem livros, entre eles os 17 volumes da Comédia Humana, de Honoré de Balzac, à que dedicou mais de 15 anos, e a edição brasileira da Divina comédia, de Dante. Outras traduções de destaque foram a Os meninos da rua Paulo (1952), do compatriota Férenc Mólnar, clássico juvenil mais tarde adaptado para o teatro, e para o francês, Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, Mensagem do Brasil: poetas brasileiros contemporâneos (1939); Mar de histórias: antologia do conto mundial (1945) coleção editada em 10 volumes em parceria com Aurélio Buarque de Holanda; De sua autoria, publicou, entre outras obras, Como aprendi o português e outras aventuras (1956), Escola de tradutores (1976), Não perca o seu latim (1980) e A tradução vivida (1981).
Paulo Rónai é lembrado no Brasil como um dos intelectuais mais prestigiados, tendo alcançado renome internacional. Foi agraciado com o Prêmio Nath Horst (1981), o mais importante em tradução, concedido pela Federação Internacional de Tradutores e pela Academia Sueca.
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