De um lado do ringue o Complemento Nominal, pesando 87 quilos, do outro lado, o Adjunto Adnominal, vulgo “chassi de frango”, pesando 50 quilos. Começa a luta, Complemento acerta um gancho de direita, um cruzado de esquerda, um puxão de orelha… Adjunto reage de forma desleal e acerta um chute no saco do Complemento Nominal, que fica roxo de dor…
Que horror… chega de violência, detesto esse negócio de luta (diferente de “artes marciais”) não tem nada a ver, desculpem a franqueza, mas em minha opinião é coisa de troglodita…
O paralelo com a luta foi apenas para ilustrar a encrenca que se forma em nossas cabeças com tanta nomenclatura e classificação que mais confundem que esclarecem. Vou tentar desfazer um pouco essa confusão:
Para começar, a diferenciação entre Complemento Nominal e Adjunto Adnominal só é válida para compreendermos a função das palavras dentro de uma frase, mas todos usam o CN e o AA em seu dia a dia, mesmo sem saber qual é a diferença entre eles.
Para analisar sintaticamente qualquer termo de uma oração, primeiramente devemos verificar o tipo de palavra, ou seja, a sua classe gramatical: se é um substantivo, um verbo, um pronome, um adjetivo, etc. Essa análise já facilita bastante.
Antes de mais nada, vejamos às definições:
Adjunto adnominal é um termo acessório da oração, não é necessário para dar sentido, ele apenas oferece uma informação a mais sobre o nome (substantivo).
Exemplo: As grandes reservas de argila estavam submersas.
Vamos lá, primeiramente, quais são os substantivos?
“reservas” e “argila”, concorda? Para ter certeza, você pode verificar que ambos admitem artigo “as reservas” e “a argila”.
Qual é o substantivo principal? - As reservas - as outras palavras junto ao núcleo “reservas” só estão acrescentando mais informação. “as” indica que reservas é uma palavra feminina e singular, “grandes” acrescenta uma qualidade, e “de argila” acrescenta uma informação, poderiam ser reservas de petróleo, de dólares ou até de pepinos…
Então, todas essas palavras que acrescentam informação ao substantivo e estão junto a ele são “adjuntos adnominais”. ATENÇÃO: elas têm de estar “junto” ao substantivo, se eu dissesse “A reserva de argila é grande”, a palavra “grande”, apesar de acrescentar uma informação ao substantivo não é um adjunto pois há um verbo de ligação “ser” entre elas, nesse caso, grande é um predicativo do sujeito, mas isso é assunto para outra publicação.
Continuando… já o Complemento Nominal é um termo integrante da oração, pois completa o sentido do nome.
Exemplo: O respeito aos pais é louvável.
Nessa frase os substantivos são “respeito” e “pais”, este último está completando o sentido do primeiro.
Vejamos as principais diferenças entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal:
Vamos partir para a prática (calma, longe do ringue!).
Dica: verifique se o substantivo secundário recebe ou pratica a ação expressa pelo substantivo principal a que se liga (voltando à analogia com a luta, verifique se ele está batendo ou se está apanhando...)
A visita do médico foi celebrada por todos.
Substantivos: visita e médico – visita é o substantivo principal e médico está acrescentado uma informação, poderia ser a visita do dentista, do professor, ou do papa.
O médico recebe ou pratica a ação? – pratica, pois é ele que visita, é o agente da ação expressa pelo substantivo visita.
Além disso, médico é substantivo, adjetivo ou advérbio? - é um substantivo concreto.
Indica posse? – não.
Conclusão: é um adjunto adnominal.
A visita ao médico foi um desastre.
Substantivos: visita e médico – médico está completando o sentido do substantivo visita.
O médico recebe ou pratica a ação? = recebe, pois é ele que é visitado, é o paciente da ação expressa pelo substantivo a que se liga. (o médico nesse caso é o paciente, - contraditório? - não, não tem nada de contraditório aí).
É iniciado por preposição? - é. (a + o = ao)
Indica posse? – não.
Conclusão: é um complemento nominal.
Visitei o médico esta semana.
Substantivos: médico
Função sintática: objeto direto.
Observe que agora a palavra médico não está completando o sentido de um substantivo “visita”, mas de um verbo “visitar - visitei”, que não exige preposição, portanto é um objeto direto.
Este exemplo serve para compreendermos a função da palavra dentro da oração que é o mais importante como disse no início do texto. Quando falamos de função, nos referimos à Análise Sintática, quando falamos de classe gramatical, nos referimos à Análise Morfológica. Isto é, a palavra médico, na frase anterior pertence à classe gramatical “substantivo” e exerce a função de “objeto direto” porque completa o sentido de um verbo “visitar”.
Por hoje é só, amiguinhos!
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