“La tragedia es lo más ridículo que tiene ‘el hombre’ pero estoy segura, de que los
animales, aunque ‘sufren’, no exiben su ‘pena’ en ‘teatros’ abiertos, ni ‘cerrados’ (los ‘hogares’). Y su dolor es más cierto que cualquier imagen que pueda cada hombre ‘representar’ o sentir como dolorosa.”
(Diário de Frida Kahlo)
A obra de Frida é extremamente autobiográfica, ao mesmo tempo em que resgata as raízes, o folclore e a identidade do povo mexicano. A frequência dos autorretratos em sua obra, como a própria artista explicou, deve-se aos longos períodos de convalescente, devido a um gravíssimo acidente que sofreu aos 18 anos de idade e que a deixou prostrada em sua cama sem contato com o mundo externo. Durante os momentos de solidão ela utilizava a própria imagem refletida no espelho pendurado no alto da cama como modelo para seus quadros. Assim, Frida nos convida a conhecer o seu mundo, geralmente triste, solitário e doloroso, em que percebemos a tentativa de dar sentido aos seus sentimentos.
Sua força transparece até mesmo na aparência: suas sobrancelhas grossas, o buço forte e as roupas mexicanas tradicionais compõe um visual muito singular.
A obra de Frida tem algo de onírico, o que levou alguns estudiosos e artistas como o poeta francês André Breton, a classificá-la como surrealista. A essa afirmação ela respondeu que pintava a sua própria realidade: “o único que sei, é que pinto porque preciso, e pinto o que me acontece, sem mais considerações".
“A arte de Frida é um laço de fita em volta de uma bomba”, definiu o poeta André Breton.
Enquanto os surrealistas se preocupavam em representar a esfera do inconsciente, Frida retratava suas experiências concretas, principalmente as mais dolorosa, por isso alguns de seus quadros são tão marcantes, porque eles mostram o sofrimento real da artista: as cirurgias, o aborto, a dor, os coletes ortopédicos, a coluna quebrada, a separação.
Frida manteve um relacionamento conturbado e duradouro com o pintor mexicano Diego Rivera, com quem se casou duas vezes. A admiração mútua, o interesse pela arte, e a ideologia política os aproximava. O casal vivia uma relação aberta, mas Frida ficou profundamente magoada quando flagrou Diego com a irmã mais nova dela, isso provocou um período de separação e depressão. Depois de um período de separação eles acabaram voltando.
Sobre sua intensa relação com Diego escreveu: “Me acogiste destrozada y me devolviste íntegra, entera”.
Apesar do sofrimento físico e emocional, Frida deixou como legado sua paixão pela vida.
Autorretrato con Collar de Espinas - 1940
Harry Ransom Humanities Research Center
Art Collection,
Universidade do Texas - Austin, Texas, EUA.
Neste retrato, Frida pinta a si mesma de frente para realçar sua presença. Usa a coroa de espinhos de Cristo como um colar. Os espinhos que penetram seu pescoço simbolizam a dor devido ao divórcio do Diego. Há um beija-flor morto pendurado no colar de espinhos cujas asas abertas imitam as sobrancelhas de Frida. Na tradição folclórica mexicana, os beija-flores mortos eram usados como símbolos de boa sorte no amor. Sobre seu ombro esquerdo há um gato preto, símbolo de azar e morte; o gato está esperando para pular sobre o beija-flor. Sobre seu ombro direito está o símbolo do diabo, seu macaco... presente do Diego. Em volta de seu cabelo, as borboletas representam a ressurreição. Novamente, Frida usa um muro de enormes plantas tropicais como fundo.
Árbol de la Esperanza, Mantente Firme – 1946
Coleção de Daniel Filipacchi
Paris, França.
Frida pintou este autorretrato após uma cirurgia frustrada em Nueva Iorque. Na mensagem "Árbol de la esperanza, mantente firme", escrita na bandeira, parece estar encorajando a si mesma. A frase foi emprestada de uma de suas músicas favoritas (Cielito Lindo).
Neste quadro vemos duas Fridas; a que está à esquerda é a que acaba de sair da cirurgia numa maca e a outra é a figura de uma Frida poderosa e cheia de confiança. O quadro está dividido em duas metades, numa é dia e na outra é noite. O corpo machucado e ensanguentado está atribuído ao sol, que na mitologia asteca alimenta-se do sangue de sacrifícios humanos.
Allá Cuelga Mi Vestido – 1933
Galeria de Hoover,
São Francisco, Califórnia, EUA.
Após mais de três anos nos EUA, Frida queria desesperadamente voltar para seu México nativo. Diego, entretanto, estava fascinado pelo país e não queria ir embora. Deste conflito surgiu esta pintura. A única colagem na obra da artista, representa um retrato irônico do capitalismo americano. Cheia de símbolos de uma sociedade industrial moderna americana, mostra a degeneração da sociedade e a destruição de valores humanos fundamentais. Em lugar de seu autorretrato, aparece o seu vestido de tehuana pendurado no meio do caos que se vê ao fundo.
El Venado Herido - 1946
Colección de Carolyn Farb
Houston, Texas, EE.UU.
Nesta pintura de um jovem veado fatalmente ferido por flechas, Frida expressa a decepção que se seguiu à operação de sua coluna em Nova Iorque, 1946, que ela havia esperado com otimismo acreditando que a curaria de suas dores.
Ao voltar para o México, entretanto, continuou sofrendo com as dores e com uma profunda depressão. Nesta pintura, assim como em muitos dos autorretratos de Frida, ela se apresenta incapaz de mudar o seu próprio destino.
Autorretrato con el Pelo Suelto - 1947
Coleção privada
Des Moines, Iowa, EUA.
Em 1946, Frida viajou novamente a Nova Iorque para uma fusão da espinha. Esta operação foi chamada "el principio del fin" para Frida. Mesmo tendo consultado numerosos, talvez demasiados doutores, sua condição cada vez piorou mais após esta operação. Frida aparece magra e frágil, mas relaxada e sorridente. No texto na parte de baixo aparece:
"Aquí me pinté yo, Frida Kahlo, con mi reflejo en el espejo. Tengo 37 años y es Julio de 1947. En Coyoacán, México, el sitio en donde nací".
Na realidade ela tinha 40 anos nesse momento. Neste autorretrato, Frida exagerou muito seu cabelo…provavelmente para agradar a Diego, que amava sua longa e flutuante cabeleira.
La Columna Rota – 1944
Coleção de Dolores Olmedo Patiño,
Cidade de México, México
Neste autorretrato, Frida está sozinha, chorando em uma vasta planície abaixo de um céu tormentoso. Provavelmente é sua maneira de dizer que ela tem que lidar com sua dor física e emocional por si mesma. Em 1944, quando Frida pintou este autorretrato, a sua saúde estava tão deteriorada que ela precisou usar um colete de aço para segurar sua coluna durante cinco meses. A coluna aparece quebrada em várias partes. Os pregos que atravessam seu rosto e seu corpo simbolizam a dor e a solidão. O prego maios atravessa seu coração, indicando a forte dor emocional causada pelo Diego.
As duas Fridas – 1939
Museo de Arte Moderna - México
Pouco após o seu divórcio de Diego Rivera, Frida completou este autorretrato de duas personalidades diferente. Em seu diário, Frida escreveu que a origem deste quadro está nas lembranças de um amigo imaginário da infância. Mais tarde admitiu que refletia as emoções que cercaram sua separação e crise matrimonial. À direita, a parte de sua pessoa que era respeitada e amada por Diego é a Frida mexicana vestida de tehuana. Em sua mão sustenta um amuleto com o retrato de Diego quando era criança. À esquerda, uma Frida bem mais europeia com um vestido vitoriano de renda branca, a Frida que o Diego abandonou.
Henry Ford Hospital
(La cama volando) - 1932
Coleção de Dolores Olmedo Patiño,
Cidade de México, México
Em julho de 1932 Frida sofre um aborto natural no hospital Henry Ford em Detroit. Neste quadro perturbador, pinta a si mesma deitada numa cama de hospital após o aborto. A figura no retrato está nua, os lençóis que são vistos atrás dela estão ensanguentados e uma lágrima escorre de seu olho esquerdo. A cama está cercada por seis imagens: um feto masculino, o pequeno "Dieguito" que ela tanto desejava; a orquídea que foi um presente do Diego, o caracol, que alude ao lento aborto; o torso feminino de gesso e finalmente, no canto inferior direito su própria pélvis.
El sueño (La Cama) – 1940
Museo de Arte Moderna - México
No México, comemora-se o “Dia dos mortos” no dia 2 de novembro.
Este quadro revela a preocupação de Frida com a morte, na vida real ela tinha um esqueleto de papel machê em cima do dossel de sua cama. Diego o chamava de “o amante de Frida”, mas ela dizia que ele era apenas um divertido lembrete de sua mortalidade.
Fonte: http://www.fridakahlofans.com
Muito bom!!!
ResponderExcluirObrigada, Ana B.!
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